O número de passagens entregues pela Fundação de Ação Social (FAS), da prefeitura de Curitiba, a pessoas em situação de risco que buscam retornar para suas cidades de origem praticamente dobrou em apenas dois anos. Em 2017, a média de bilhetes dados a quem procurava o serviço da Casa de Acolhida e Regresso (CAR) era de 200 por mês. Já no último mês de janeiro, foram 379 passagens.
De acordo com a coordenadora da CAR, Débora de Carvalho, o serviço existe para evitar que as pessoas fiquem desabrigadas e possam, de alguma forma, retomar suas vidas em suas cidades de origem. E o aumento significativo na demanda é um reflexo justamente do maior número de pessoas que vêm à capital em busca de oportunidades. “Muita gente vem para Curitiba para procurar emprego ou tratamento de saúde. Tem essa imagem de cidade modelo que atrai as pessoas, mas elas chegam aqui e não encontram trabalho e não têm condições de permanência. É aí que eles vêm até nós”, explica.
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Esse crescimento nas solicitações, porém, também gera uma preocupação no aspecto financeiro. Em 2018, a prefeitura gastou R$ 402 mil com a compra de passagens — um aumento de 44% em relação ao valor gasto no anterior. E, se a média permanecer ao longo de 2019, a previsão é que a CAR gaste algo próximo dos R$ 540 mil até o fim do ano. “Por isso, a FAS está reavaliando os recursos financeiros. A tendência é que essa progressão aumente, já que tem muita gente querendo esse retorno. Então a Fundação está estudando o que deve ser feito”, antecipa Débora.
Ajuda a quem precisa
Segundo a coordenadora do CAR, qualquer pessoa pode pedir esse auxílio para voltar para sua cidade de origem. Contudo, para conseguir o benefício, é preciso cumprir alguns requisitos. Primeiramente, o indivíduo deve estar em uma condição de vulnerabilidade e de risco social, além de comprovar que possui algum vínculo no local para onde quer ir. “Todo dia aparece alguém que só quer viajar, gente que não tem vínculos e que não retornando. Nesses casos, a gente não dá a passagem”, diz. Além disso, a pessoa precisa apresentar um documento com foto ou um Boletim de Ocorrência.
A partir disso, a CAR busca confirmar esses vínculos na cidade pretendida a partir de ligações para órgãos municipais e de assistência social. E, quando o poder público não é capaz de garantir essa averiguação, a Casa apela para contatos mais pessoas. “Teve uma vez que encontramos o zelador de uma escola era vizinho de um homem que veio nos pedindo ajuda. Com isso, conseguimos a passagem para ele”, relembra Débora.
Segundo a prefeitura, a grande maioria dos pedidos são feitos por homens (85%) e por pessoas em idade laboral, ou seja, entre os 18 e 59 anos (89%). E os regressos mais comuns são para cidades dos estados de Santa Catarina e São Paulo.
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