Por ser em área de pedreiras: moradores de Rio Branco do Sul confundiram terremoto com explosão de rocha.| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Desaparecimento do mar, dança da chuva, terremoto, inverno com jeito de verão e primavera com jeito de inverno, terremoto e chuva ácida. Todos esses fenômenos poderiam muito bem compor um cenário apocalíptico - não por acaso, houve especulações sobre o fim do mundo. Mas, na realidade, essas são apenas algumas das situações verídicas que aconteceram em setembro de 2017 no Paraná, especialmente na região de Curitiba e no Litoral.

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A lista de acontecimentos estranhos do mês, porém, não para por aí. Pensando nisso, a Gazeta do Povo montou uma lista dos fenômenos e situações mais marcantes do período. Relembre:

Fenômeno raro faz mar recuar

Logo no primeiro fim de semana do mês, no dia 2, os moradores do Litoral do Paraná tiveram um susto: o mar “havia sumido”. O fenômeno, que causou encalhamento de embarcações, só não gerou mais preocupação porque já tinha acontecido em meados de agosto. Depois da hipótese de tsunami ser descartada, a explicação para o ocorrido veio do professor de Engenharia Ambiental da UFPR e doutor em Engenharia Oceânica Eduardo Gobbi. Segundo ele, o recuo seria resultado da confluência de vários fatores, entre eles a maré baixa, em função da fase de lua cheia, além da zona de alta pressão que estacionou sobre o Oceano Atlântico há cerca de um mês.

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Inverno se torna o mais quente em 7 anos

Este inverno foi o mais quente dos últimos 7 anos em todo o Paraná. E grande parte dos dias com as temperaturas mais altas da estação foram no mês de setembro. O dia 14, por exemplo, chegou a 33,4º C. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura média deste inverno no estado foi de 15,3° C, enquanto a média histórica da estação é de 14,2º C.

Além de quente, seco: alerta de baixa umidade deixa PR em estado de alerta

No dia 15 de setembro, o Inmet fez um anúncio sobre uma situação que muita gente já estava sentindo: a falta de chuva deixou a umidade do ar tão baixa que o órgão decretou estado de alerta no Paraná. Depois de 25 dias sem chuva, a taxa relativa de umidade do ar estava chegando à casa dos 10%, e os riscos de incêndio e à saúde se tornaram grandes.

Terremoto agita região de Curitiba

Os moradores de Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), tiveram suas casas sacudidas no dia 18 de setembro quando um terremoto atingiu a região. Explosão de caixa eletrônico, detonação de minas e até lançamento de míssil foram explicações cogitadas pela população para explicar o tremor. No fim das contas, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) confirmou que tratava-se de um terremoto de 3,5 graus na escala Richter - que vai de 0 a 9.

30 dias sem chuva

Que o tempo estava seco, Curitiba toda já tinha percebido. Mas foi no dia 20 de setembro que a cidade completou 30 dias sem chuva, e as precipitações começaram a ser aguardadas com ansiedade. Mesmo assim, ainda não havia previsão de quando a chuva chegaria na capital, o que só ocorreu nas últimas horas do mês.

Sem chuva, curitibanos gastam mais água

Apesar da falta da chuva por 30 dias, o curitibano não deixou de consumir água pensando em economizar. Muito pelo contrário: a Sanepar informou, no dia 21 de setembro, que o uso da água tinha aumentado na região. A população só pôde ficar tranquila porque os níveis dos reservatórios que abastecem a capital estavam dentro da normalidade.

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Em tentativa desesperada, curitibanos organizam dança da chuva

Como a previsão do tempo continuou sem indicativo algum de chuva em Curitiba, dois moradores da capital decidiram partir para uma solução, no mínimo, criativa para o problema. Fazer uma dança da chuva foi a ideia de Cassio Ferreira e Ricardo Ickert, que organizaram um evento no Facebook para o dia 23 de setembro. A ideia, é claro, não passava de uma brincadeira, mas acabou atraindo cerca de 14 mil interessados ou confirmados na rede social.

Quando o inverno acabou, o frio chegou

O inverno atipicamente quente acabou no dia 22 de setembro, depois de uma semana de calor e sol intensos. O início da primavera, porém, também teve termômetros marcando números estranhos para a época. No segundo dia da estação, o céu já ficou nublado e a temperatura caiu para média de 17ºC. Tudo culpa da chegada de ventos úmidos vindos do oceano, segundo o Simepar.

Mar recua mais uma vez… Ou não

Quando o mar pareceu recuar pela terceira vez em menos de dois meses, muitas pessoas acharam que o fenômeno de ação dos ventos oceânicos tinha acontecido novamente. Uma conversa com o doutor em oceanografia Eduardo Gobbi, no entanto, esclareceu que a baixa da água estava relacionada apenas à fase da lua vigente. “A questão do recuo oceânico parece ter ganhado os holofotes desde o caso de agosto, mas a verdade é que, quinzenalmente, o mar sempre tem alterações por causa das fases lunares”, esclarece. A hipótese do oceanógrafo é de que as pessoas têm prestado mais atenção nesses eventos, que na verdade acontecem regularmente.

Chuva está caminho, mas poderá ser ácida

A tão esperada chuva em Curitiba parecia prestes a chegar na última terça-feira (26). Mas, para muitos, no lugar de motivo de comemoração, isso acabou se tornando motivo de preocupação depois de uma nota da Defesa Civil do Paraná alertar para o risco de chuva ácida. O fenômeno seria causado justamente pelo longo período de estiagem.

Chuva nem tão ácida assim

Depois do alerta de chuva ácida emitido pela Defesa Civil, surgiram boatos de que a precipitação poderia corroer carros e destruir plantas. Os rumores, porém, foram derrubados pelo engenheiro ambiental Alessandro Bertolino, professor do curso de Engenharia Ambiental da PUCPR. Esse tipo de chuva seria causado pela concentração de gases poluentes na atmosfera, o que faz com que o nível de acidez aumente. De acordo com o professor, o máximo que poderia acontecer seria alergia em peles mais sensíveis.

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Falta de chuva causa morte de peixes nos parques

Pelo menos 200 carpas e tilápias morreram nas últimas semanas nos lagos da cidade, como na Praça do Japão e no Parque Tingui. A causa? A falta de chuva, que fez com que o oxigênio da água dessas reservas não fosse renovada. Outro motivo foi a grande amplitude térmica enfrentada na capital, para a qual a estrutura física dos peixes não está adaptada.

Alerta laranja: granizo + tempestade forte + chuva ácida

Três dias antes de setembro acabar, a combinação granizo, tempestade e chuva ácida se tornou muito provável na região de Curitiba. Tanto que, no próprio dia 28, o Inmet emitiu um alerta laranja de perigo de tempestade. Isso significa a possibilidade de ventos de até 100 km/h, corte de energia elétrica, estragos em plantações e queda de árvores. Nessa lista de possibilidades, o Inmet também incluiu a chuva de granizo, que chegou a atingir Ponta Grossa.

Colaborou: Cecília Tümler