A quarta-feira (30) marca o 10.° dia da greve dos caminhoneiros. Por mais que o presidente Michel Temer tenha atendido, na noite do último domingo (27), às solicitações dos grevistas, a situação ainda não está normalizada. Em Curitiba, os consumidores já encontram combustível e gás de cozinha, apesar de vários postos ainda registrarem filas. Por outro lado, conseguir produtos como frutas, verduras e legumes, no entanto, nem com espera. Os supermercados seguem com poucos produtos e prateleiras vazias.
Combustível
De acordo com o Sindicombustíveis, até as 17h30 desta terça-feira (29), ao menos 176 postos da capital receberam carregamento de combustíveis, o que reflete uma melhora gradual no abastecimento. Mesmo assim, não era possível saber quantos desses estabelecimentos ainda terão combustível para comercializar nesta quarta.
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Alimentos
O abastecimento de frutas, hortaliças e carnes não deve ser normalizado na quarta-feira (30). Os supermercados seguem com as prateleiras cada vez mais vazias. Isso porque até a noite de terça ainda havia 107 pontos de bloqueio em estradas do Paraná, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do estado, dificultando a chegada dos itens às distribuidoras.
Mesmo com a greve de caminhoneiros, donos de panificadoras de Curitiba dizem ter estoque de matéria-prima para a produção de pão, ou seja, não falta farinha de trigo. Nas cinco panificadoras visitadas pela reportagem, as compras com fornecedores foram feitas na semana anterior à greve. E o Sindicato da Panificação e Confeitaria do Paraná (Sipcep) confirmou que não falta pão em Curitiba. Assim como os donos de panificadoras já haviam dito à Gazeta do Povo, Vilson Felipe Borgmann, presidente Sipcep, explicou que não falta farinha de trigo na capital e nem há previsão para faltar. “Esses produtos são perecíveis e, por isso, não há condição de manter grandes estoques. Mas pão não vai faltar, mesmo com o trigo um pouco mais caro”, apontou.
Quanto aos sacolões, a prefeitura de Curitiba informou que apenas três Sacolões da Família vão funcionar: Jardim Paranaense, Carmo e Boqueirão. As unidades, no entanto, podem fechar mais cedo caso acabem os estoques.
As feiras livres do São Francisco, Bigorrilho, Boa Vista e Boqueirão estão mantidas, mas o cenário deve ser de poucas barracas funcionando, assim como foi com a feira do Rebouças na terça-feira – dos 22 pontos de venda habituais, apenas cinco tinham produtos para vender. Já os pontos da Nossa Feira só retomam as atividades na segunda (4), dada a dificuldade das cooperativas em adquirir frutas e verduras que não são produzidas pelos agricultores associados.
A Ceasa da capital paranaense ficou completamente vazia na terça-feira. Por mais que a central de abastecimento estivesse aberta, não havia mercadorias para negociar, e o que se viu foram boxes sem nenhuma movimentação. Como resultado, as gôndolas dos mercados ficaram completamente desfalcadas de hortifrutigranjeiros. Na noite de terça-feira, a prefeitura anunciou que vai entrar na Justiça com ação de tutela de urgência para desbloquear as estradas e garantir o reabastecimento da central.
Até os animais do Zoológico de Curitiba sentiram o reflexo da escassez de alimentos do gênero. Pelas redes sociais, o prefeito Rafael Greca (PMN) afirmou que os mantimentos do local devem começar a faltar ainda nesta semana caso não seja normalizado o abastecimento.
Ônibus e coleta de lixo
Tanto o transporte público quanto a coleta de lixo vão funcionar normalmente na capital paranaense na quarta-feira. De acordo com a prefeitura, oito caminhões-tanque abasteceram os estoques das empresas que prestam esses serviços na cidade. Os caminhões foram escoltados pela Guarda Municipal de Curitiba.
Em relação às viagens, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina (Fepasc), que chegou a pedir à população que não viajasse durante o fim de semana, voltou atrás e disse que os turistas podem viajar durante o feriado de Corpus Christi sem preocupação. Thadeu Castello Branco, diretor da federação, afirma que o pior da crise do abastecimento já passou.
Mesmo assim, a Urbs prevê que menos ônibus saiam de Curitiba na quarta-feira. Segundo o órgão, cerca de 450 ônibus partem da Rodoviária em condições normais. Um balanço divulgado na tarde de terça, porém, aponta que 310 veículos deixem o terminal na véspera do feriado – uma queda de quase 31%.
Protestos e bloqueios
Até a noite de terça-feira, havia 107 bloqueios em rodovias federais paranaenses. O Paraná era o estado com o maior número de bloqueios até então. Durante a tarde, no entanto, viaturas do Exército começaram a sair do quartel do 20° Batalhão de Infantaria Blindado, no bairro Bacacheri, para ajudar a PRF na escolta de cargas essenciais e no patrulhamento de pontos mais movimentados nas BRs 116, 277 e 101 no Paraná, e nas BRs 116, 101 e 282 em Santa Catarina.
Protestos nas estradas têm sido registrados desde o início da greve. Na terça-feira (29), um protesto, com queima de pneus bloqueou a BR-277 na região de São José dos Pinhais. O trânsito chegou a ser totalmente fechado no sentido Litoral, por cerca de meia hora, na altura do quilômetro 78. Na segunda-feira (28) o mesmo local já havia sido bloqueado.
Educação
Escolas estaduais de 127 municípios paranaenses vão manter as aulas suspensas na quarta-feira, por conta da paralisação dos caminhoneiros. Em Curitiba, contudo, todas as 167 instituições administradas pelo estado terão aula normalmente. Confira aqui a situação detalhada dos núcleos de educação. As aulas na rede municipal da capital também ocorrem normalmente.
Petroleiros
Está prometida para iniciar nesta quarta-feira (30) a greve dos petroleiros. Os empregados da Petrobras anunciaram uma paralisação de 72 horas. A categoria reivindica, além da demissão do presidente da estatal, Pedro Parente, uma baixa no preço do gás de cozinha e dos combustíveis, a não privatização da Petrobras, a manutenção dos empregos, a retomada da produção das refinarias e o fim das importações de derivados de petróleo.
Na noite de terça, A Advocacia-Geral da União (AGU) informou, via Twitter, que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarou ilegal a greve dos petroleiros. Foi estipulada multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento. A categoria ainda não se manifestou sobre a decisão.