Os estudantes da Unespar/FAP dos câmpus Cabral, em Curitiba, e Pinhais, na Região Metropolitana, não têm uma resposta do governo do estado de quando poderão retornar às aulas. A situação mais grave é dos alunos do curso de Cinema, que sequer iniciaram o ano letivo e não têm perspectivas de que isso possa ocorrer nas próximas semanas. Na última segunda-feira (18), alunos e professores protestaram na frente do Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, exigindo condições para voltarem às aulas.
Os dois câmpus que recebem os alunos dos cursos da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) apresentaram problemas estruturais e estão interditados por falta de condições de segurança. Na sede do Cabral, parte do teto desabou na quarta-feira (13) e por muito pouco não atingiu os alunos que assistiam aula no local. Uma aluna do curso de Cinema ainda conseguiu sacar o celular e filmar um tanto do teto caindo. No áudio, dá para ver o susto dos alunos e o comentário de que, bem no lugar onde os pedaços de forro e concreto caíram, havia uma aluna.
No edifício em Pinhais, o teto corre o risco de desabar e algumas salas e corredores chegaram a ficar alagados. O laboratório de informática tem goteiras. No Cabral, o forro de uma das 12 salas cedeu devido às chuvas na quarta-feira (13).
A estudante Nadine Mazzo Cumpre Rabelo, 17 anos, se mudou de Cuiabá, no Mato Grosso, para Curitiba para cursar Licenciatura em Artes Visuais. Teve só três dias de aula. “Vim com a expectativa de começar o curso superior e acontece isso. É complicado”, lamenta. Enquanto isso, tenta adiantar a leitura de alguns livros na espera pela retomada das atividades.
Só que nem as próprias instituições sabem quando isso pode acontecer. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) do Paraná, à qual a Unespar/FAP está vinculada, informou que “ainda não é possível prever o retorno das aulas” e que está trabalhando com a universidade e o governo do estado para buscar “espaços públicos que ofereçam condições adequadas para que os alunos e os professores retornem o mais breve possível às atividades acadêmicas”.
Essa incerteza, inclusive, já pressiona o calendário acadêmico. O coordenador do Bacharelado em Cinema e Audiovisual, Tiago Mendes Alvarez, acredita que não haverá o recesso em julho. E não está otimista se as aulas começarão ainda no primeiro semestre, até porque não é fácil encontrar um local, especialmente temporário, que atenda às necessidades específicas do curso, como a existência de estúdios e laboratórios de vídeo e áudio.
“Não temos nenhum espaço, ninguém nos passou que tenha encontrado algum local adequado. O que temos no momento é somente a possibilidade de conseguirmos algum prédio para ministrar as aulas”, comenta Alvarez.
Alternativas
Em reunião na tarde desta terça-feira (19) entre representantes da Seti, do governo do estado e da Unespar/FAP, foram apresentadas três possibilidades para resolver a situação dos cerca de 200 alunos do curso: aluguel de um espaço temporário, troca do edifício em Pinhais por outro do governo e cessão de algum prédio que esteja em vias de sair da posse pública.
Todas as alternativas não são para já e podem ficar somente para 2020. Em paralelo, a coordenação do curso tenta tornar a sede da TV Paulo Freire no espaço temporário para dar conta da situação, pois já teria uma estrutura próxima da ideal para as especificidades das disciplinas. A expectativa é que a Seti dê uma resposta sobre essa opção até o fim desta semana. O certo é que o campus Pinhais está fora de qualquer cogitação.
Enquanto isso não ocorre, a coordenação do curso vê os alunos debandarem aos poucos. “A consequência disso tudo é desastrosa. A cada dia que passa os alunos vão desistindo e trancando a matrícula. Mais de 30% dos alunos são de fora e precisam pagar aluguel e hospedagem. Isso é gravíssimo. No fim, os mais prejudicados são os estudantes”, completa.
O coordenador do Centro Acadêmico Zé do Caixão (Cazé), que representa os alunos do curso de Cinema, Gabriel Borges, diz que não é mais possível continuar com aulas em sedes improvisadas. A principal reivindicação dos alunos é encontrar um edifício definitivo para o curso.
“Há uma explosão do cinema em Curitiba, com prêmios em festivais, e nós sem condições de ter aula. É muito importante que tenhamos uma boa estrutura para acompanhar essa movimentação que está acontecendo na cidade”, analisa Borges.
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