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A previsão da prefeitura é de que as obras demorem um ano para  serem concluídas | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A previsão da prefeitura é de que as obras demorem um ano para serem concluídas| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

As obras de revitalização da Avenida Getúlio Vargas, no bairro Rebouças, trouxeram preocupação ao comércio local. Segundo empresários que atuam na via, as mudanças – que começaram na última quarta-feira (13) – não foram debatidas com a população anteriormente e nem divulgadas com antecedência. para que eles se preparassem para a obra que deve se estender ao longo dos próximos 12 meses. E nem a prefeitura de Curitiba e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) assumem a responsabilidade pela obra.

As alterações na avenida são uma contrapartida da IURD como forma de compensação pelo aumento do tráfego de veículos e pedestres gerado pela construção da nova sede, que fica neste trecho da via. Por causa disso, a Secretaria de Obras Públicas de Curitiba (SMOP) explica que apenas a igreja tem as informações sobre as alterações na região e que a prefeitura apenas faz o acompanhamento por meio da Superintendência Municipal de Trânsito (Setran), orientando o trânsito no local. Já a IURD aponta que “as determinações sobre estacionamento e tráfego de veículos são de competência exclusiva dos órgãos de trânsito locais”. E ainda que “a Igreja Universal do Reino de Deus executa obras mitigadoras e compensatórias de acordo com projeto definido pela Prefeitura de Curitiba”.

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Nesse cabo de guerra de narrativas, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) explica que as medidas foram orientadas a partir do Relatório Ambiental Prévio (RAP) feito pela igreja. “Elas envolvem intervenções em calçadas e na estrutura (galerias de águas pluviais, retirada do canteiro central e substituição do asfalto por concreto rígido, além de ampliação da largura das calçadas e implantação de paisagismo e áreas de convivência) da Avenida Getúlio Vargas e Ruas João Negrão e Piquiri, além da instalação de semáforos na João Negrão e nos cruzamentos da Rua Piquiri com a Avenida Getúlio Vargas, a Engenheiros Rebouças e a Brasílio Itiberê”, explica o instituto em nota.

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Sem comunicação

O fato é que, enquanto ninguém se apresenta como o verdadeiro responsável pelas obras, os comerciantes da região seguem apreensivos pelo que os aguarda ao longo do próximo ano. A principal preocupação envolve as vagas de estacionamento, já que o canteiro central será retirado, segundo a prefeitura. Hoje, a maioria dos nossos clientes estaciona nesse espaço porque não tem vagas na Avenida Marechal Floriano. Como vai ser se as pessoas não tiverem mais onde deixar os carros?”, questionou Elisabete Dal Santo, 42, dona de uma lanchonete na esquina entre as duas avenidas.

De acordo com os empresários, faltou diálogo em relação às obras e às interferências que elas trariamAniele Nascimento/Gazeta do Povo

Para ela, uma obra dessa magnitude deveria ter sido apresentada aos comerciantes da avenida com antecedência. “Eu só fiquei sabendo do que estava acontecendo quando vi os tratores estacionando aqui na frente e os funcionários isolando a área”, reclamou.

O mesmo aconteceu com a costureira Ana Margarida Bosse, de 70 anos. Proprietária de um ateliê no trecho entre a Avenida Marechal Floriano e a Rua Rockefeller, ela só ficou sabendo da obra quando chegou para trabalhar na última terça. “Foi uma surpresa. Acredito que faltou falarem com a gente a respeito”, diz. “Se já faltam vagas hoje, é difícil saber como vai ficar depois”.

Já para o empresário Roberto Correia, 51, a preocupação é diferente. Como ele trabalha com estofamentos de veículos, os carros estacionam dentro da própria loja para a realização dos serviços e precisam que a entrada do estabelecimento permaneça desbloqueada durante toda a obra. “Esperamos que não tranquem a frente de nossa empresa porque, se fizerem isso, não teremos como atender os clientes”, pontuou.

De acordo com os empresários, faltou diálogo em relação às obras e às interferências que elas trariam. No entanto, isso não indica que os comerciantes sejam contrários às mudanças. “Nossa região ficará mais bonita, moderna e isso vai valorizar muito o bairro”, garantiu o empreendedor Gustavo Ribas, 50, proprietário da Courotec, localizada da Marechal.

“Não temos dúvidas de que os benefícios são inúmeros. O que pedimos é que tudo seja realizado com equilíbrio e conversando conosco para não prejudicar o comércio”, afirma Silvano Vagner de Oliveira, 42, responsável pelo Sebo e Livraria Real.

Um ano de obras

Segundo informações da prefeitura, as obras causarão o bloqueio parcial de cinco quadras da avenida e têm previsão de um ano para conclusão. Entre as mudanças estão a execução de galerias de águas pluviais, substituição do asfalto por concreto rígido e a ampliação da largura das calçadas com implantação de paisagismo e áreas de convivência.

A reforma tem custo previsto de R$ 10 milhões e será realizada em duas etapas com duração aproximada de seis meses cada. Na primeira delas, a faixa da esquerda da via - que passa em frente ao quartel da Polícia Militar - permanecerá interditada, afetando o trânsito de veículos, pedestres e alterando o trajeto das linhas de ônibus Santa Cândida-Pinheirinho, Sítio Cercado, Fazendinha-Guadalupe, Uberaba e Canal Belém e Linha Turismo. Já a segunda etapa será no lado direito da avenida, onde está a maior parte dos comerciantes que trabalham na via.

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