Apesar de revoltante, quando isolado, um furto de uma caçamba de lixo de R$ 250 pode não parecer tão significativo para o orçamento de um restaurante de alta circulação em Curitiba. No entanto, quando o crime se junta a uma série de outros furtos, o prejuízo começa a ficar muito grande. Essa é a situação enfrentada por dezenas de estabelecimentos do Centro da capital que, desde meados de 2018, sofrem com a ação de criminosos que não se preocupem nem mesmo em se esconder das câmeras de seguranças. É uma onda de furtos que, segundo os comerciantes, tem colocado em xeque o funcionamento dos bares e restaurantes.
RECEBA notícias de Curitiba e região em seu WhatsApp
O caso mais recente é justamente o da caçamba de lixo, registrado na madrugada da última segunda-feira (8), em uma unidade do Habib’s na Avenida Silva Jardim. O proprietário do estabelecimento, Gustavo Grassi, explica que ao menos uma vez ao mês acontece algo do tipo, criando um rombo no orçamento do local. “Toda hora acontece alguma coisa, cada dia uma surpresa diferente, e não temos mais o que fazer para resolver a situação”, declara.
Grassi relembra que teve um prejuízo de cerca de R$ 10 mil quando ladrões invadiram o restaurante durante a madrugada para roubar fios de cobre dos equipamentos de refrigeração. “Eu tive que trocar tudo com muita urgência, porque essas geladeiras são fundamentais para o funcionamento da loja”, conta. E o pior de tudo é que, uma semana após a substituição dos cabos, o restaurante foi novamente alvo de criminosos que levaram os fios recém-comprados — o que dobrou o prejuízo.
De lá para cá, a loja reforçou o investimento em segurança , instalando mais câmeras, alarmes monitorados de última geração, sensores de movimento, barras de travamento de porta e outros dispositivos do gênero. Apesar de ter mantido os criminosos longe da entrada da loja, porém, esses equipamentos não impediram os ladrões de levarem a caçamba de lixo do local. “Ela estava suja, fedendo, e até isso eles pegaram”, diz Grassi incrédulo.
Outros casos
Uma situação revoltante também tem acontecido com o empresário Jihad Kansou, sócio-proprietário do bar Aurora, na Rua Vicente Machado. Já foram quatro aparelhos de televisão furtados durante a madrugada em ocasiões diferentes. Em parte das ações, além das TVs são levadas garrafas de bebidas caras e até dinheiro do caixa do bar. Tudo isso pouco depois das 5h da madrugada, bem quando há a troca de turnos entre os vigias contratados para cuidar das ruas do entorno.
De acordo com Kansou, o mais intrigante é que o autor dos crimes aparenta ser sempre o mesmo. “Eu já fiz boletim de ocorrência em 2018 sobre os outros furtos, mas a polícia não identificou o suspeito e também não conseguiu detê-lo”, conta. Para sair com os itens furtados pelas ruas do Centro, o suspeito estaria usando um carrinho de coleta de recicláveis, diz Kansou. Toda a ação foi vista pelas câmeras de segurança, que mostram o ladrão arrombando a porta de vidro e levando os itens do bar. A empresa contratada para fazer a segurança do local, por sua vez, não conseguiu chegar a tempo de pegar o suspeito depois que o alarme havia soado.
Um outro caso foi registrado em fevereiro no bar A Ostra Bêbada, localizado na Rua Ermelino de Leão, no Centro. Por lá, o ladrão conseguiu arrombar a porta metálica durante a madrugada e furtar uma televisão, um tablet e R$ 200. Ao que tudo indica, o criminoso agiu sozinho, já que não houve registro de veículos rondando o local nas câmeras de segurança do bar. Para o proprietário Rafael Fusco, o problema está especificamente em como o Centro se torna ermo durante a madrugada: “Enquanto tem movimento, está tranquilo. Mas, durante a madrugada, o Centro fica totalmente vazio — e é nesses momentos que precisa de uma ronda policial”.
Esses três estabelecimentos estão longe de serem as únicas vítimas. De acordo com Fabio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrabar), somente no último mês, pelo menos seis estabelecimentos registraram furtos semelhantes. “Computadores, televisores, equipamentos de cozinha, máquinas de café, câmeras de monitoramento, bebidas, cigarros… Nada que seja facilmente levado tem sido poupado nesses furtos”, explica Aguayo. Além dos gastos com as perdas, o presidente explica que a situação está fazendo com que os gastos com segurança aumentem exponencialmente.
Em nota, a Polícia Militar explica que o Centro tem presença constante das forças de segurança. Além disso, recentemente teria havido um reforço de patrulhamento com a aplicação de módulos móveis em locais estratégicos por parte do 1º Comando Regional da PM (1º CRPM), por meio do 12º Batalhão da PM.
É importante lembrar, também, da importância de registrar Boletim de Ocorrência. Isso porque, apesar de muitas vezes ser difícil identificar o autor do furto, o registro possibilita às forças de segurança que aumentem o efetivo em determinadas regiões da cidade, por exemplo.
Confira a nota da PM na íntegra
A presença da Polícia Militar no bairro citado pela reportagem é constante e houve um reforço de patrulhamento com a aplicação de módulos móveis em locais estratégicos por parte do 1º Comando Regional da PM (1º CRPM), por meio do 12º Batalhão da PM. Também houve um incremento com equipes da Radiopatrulha (RPA). A PM não se furta em atender as ocorrências demandas pela população e busca suprir as necessidades de segurança pública da comunidade.
VÍDEO: Câmeras flagram homem furtando televisão no bar Aurora, no Batel
Deixe sua opinião