O animal foi visto pela primeira vez no residencial há dois meses e, desde então, é um visitante frequentemente das sacadas dos apartamentos | Foto: Alexandro Ventura Trentin/Colaboração

O pai do bebê atacado por um macaco bugio em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, pretende processar os órgãos ambientais por negligência. Quarta-feira (14), o animal invadiu o apartamento onde mora a família do empresário Fernando Henrique Balardim, cuja filha, Júlia, foi mordida pelo primata.  A menina de um ano e dez meses teve ferimentos profundos na cabeça e a mãe também foi ferida no braço. O crânio da criança chegou a ficar exposto e ela precisou passar por cirurgia no Hospital do Trabalhador para reconstituir o couro cabeludo. A menina está em estado estável e deve seguir internada até domingo (25).

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“Não foi um acidente doméstico. Foi resultado da negligência dos órgãos públicos que não levaram em consideração os avisos feitos pelos moradores do condomínio. Isso é muito sério”, enfatiza Balardim. 

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Segundo o pai e o síndico do prédio, Ed Dimas da Cunha, pedidos de remoção do macaco foram encaminhados ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Nenhum destes órgãos entretanto quis se responsabilizar pelo manejo.

O pai conta que estava trabalhando no momento do acidente e que a filha estava no apartamento com a mãe e a irmã de sete anos. “Minha esposa estava ajudando a mais velha com tarefas de escola e foi ao quarto buscar um material. Nesses poucos segundos, o bugio entrou pela janela e mordeu a cabeça da Julia”, relata. 

Ainda de acordo com o pai, a irmã começou a gritar “macaco, macaco” e a mãe saiu correndo para atender as crianças. “Minha esposa tirou o animal de cima da nossa filha, que já estava com um ferimento profundo na cabeça e outro na testa”, disse o pai. “Minhas filhas e minha esposa estão muito abaladas. A Julia viu a imagem do macaco na televisão e ficou apavorada”, comentou o pai.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) de Araucária, o animal deve ser remanejado do bosque vizinho ao prédio segunda-feira (19). A operação começa às 9h, com apoio da Polícia Ambiental, que foi solicitada pelo município. A decisão de retirar o bugio só foi tomada nesta sexta-feira (16) após o secretário municipal de Meio Ambiente de Araucária, Victor Cantador, ir ao local e avistar o bugio. Ele acionou a Polícia Ambiental para fazer o manejo adequada, mas foi informado de que a captura só poderia ser feita na próxima semana porque o IAP não disponibiliza nenhum local para que o primata seja transferido no feriado de 15 de Novembro. 

“Como ele precisa ser levado ao IAP para receber atendimento e ficar em quarentena para verificar se tem alguma doença, isso só poderá ser feito segunda-feira”, lamenta o secretário municipal. 

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No entanto, um biólogo da prefeitura vai monitorar o animal durante todo o fim de semana. A orientação é de que os moradores do condomínio mantenham as janelas fechadas, não se aproximem do bugio e nem o alimentem. “Fomos informados de que algumas pessoas davam comida ao animal, o que fazia com que ele voltasse. Isso não pode acontecer”, alertou Cantador. 

Em nota, o IAP enfatiza que não faz captura de animais silvestres. “O IAP é responsável pelo recebimento, tratamento e destinação adequada dele [animal apreendido]”, afirma o órgão. Por isso, segundo o IAP, o próprio condomínio é quem deve contratar um biólogo, retirar o animal e encaminhá-lo ao órgão, mesmo se tratando de um animal silvestre. 

O IAP se limita apenas a orientar quem passar por situação semelhante a evitar que pessoas e animais domésticos, como cachorros, evitem o contato com o animal silvestre e que o alimente. Por causa do feriado, ninguém do Ibama foi encontrado para comentar o caso.

Visitante frequente

O animal foi visto pela primeira vez no condomínio há aproximadamente dois meses. Desde então, é visita frequente nas sacadas dos apartamentos e até na parte interna de alguns imóveis. “Ele chegou a ser filmado por um morador entrando em um dos apartamentos próximos ao bosque. Procuramos vários órgãos públicos solicitando que capturassem o macaco antes que algo pior acontecesse, mas nada foi feito”, lamenta Ed Dimas da Cunha, síndico do residencial. “Todos falavam que a responsabilidade não era deles e o IAP nos orientou a contratar uma empresa para fazer a captura do animal e entregar na sede deles depois”, completa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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