| Foto: Arquivo pessoal

Se a rotina de pais de recém-nascidos já é conhecida por ser agitada, multiplicando por cinco, ela vira, no mínimo, uma loucura. Dez dias após o nascimento dos quíntuplos do casal Anieli Kurtel e Luís Fernando Araújo, vindos de Chopinzinho, no Sudoeste do Paraná, os pais ainda se acostumam com a nova fase da vida, agora na região de Curitiba. Os bebês, prematuros, ainda estão internados na UTI neonatal do Hospital do Rocio, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba e não têm previsão de alta.

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“Vitória vai ser quando os cinco saírem vivos do hospital”, diz a mãe esperançosa pela melhora dos cinco filhos. Ainda sem ter tido contato físico com eles, já que estão entubados desde que nasceram, o casal está vivendo uma prévia do que será a vida fora do hospital.

Um exemplo disso é a quantidade de fraldas que os quíntuplos usam: são oito para cada filho por dia, ou seja, 280 fraldas por semana. Os itens, até o momento, vieram de doação. Se não fosse assim, isso significaria quase R$ 200 por semana - apenas com gastos em fraldas descartáveis.

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Mas, além do arsenal de fraldas, a preocupação do casal está em manter o foco nas obrigações do dia a dia. Como Jhordan, Tiago, Luís Henrique, Laura e Antonella estão internados na UTI, os pais marcam presença todos os dias no hospital. “Todos os dias estou lá para retirar o leite materno e ficar com eles”, conta a mãe.

Das 8h às 11h, Anieli vai visitar seus bebês. O pai acompanha a mãe apenas no período da tarde, das 13h às 14h. Sem nem poder tocar nos filhos, o casal conversa com cada um dos quíntuplos e garante que eles sentem a presença dos pais. “É diferente. Quando reparam que são os pais, eles ficam olhando e observando”, diz o pai.

Para identificar cada um, o casal diz que não há dificuldade, ainda. Todos estão com etiquetas que facilita o reconhecimento. Além disso, os pais contam que as crianças não são idênticas. “Eles têm traços muito parecidos, mas não são idênticos a ponto de não reconhecer”, enfatiza o pai.

Preocupação constante

Mesmo com tantos momentos bons, a falta de contato aflige os pais. Mas, segundo eles, estão vivendo um dia de cada vez, na esperança de que todos se recuperem e recebem alta logo. “O coração fica destruído, é uma mistura de emoções. Às vezes, tenho vontade de colocar os cinco de volta na minha barriga e sair de lá”, brinca a mãe.

Como não pode ter contato físico com as crianças, por questões de segurança e saúde, é a equipe de enfermagem que dá o leite, troca as fraldas e dá banho com um pano umedecido. Quando vai ao hospital, os pais podem apenas olhar seus filhos. “Não tem muito o que a gente possa fazer, mas vamos todos os dias, sem falta, para repassar nosso amor”, enfatiza o pai.

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Por conter grande quantidade de bactérias, os pais não podem entrar com aparelhos celulares na UTI. Isso fez com que nem os próprios pais pudessem tirar fotografias dos filhos. “Nós não pudemos tirar fotos deles. Mas isso não faz tanta diferença, já que queremos que eles melhorem logo”, diz a mãe.

Apesar das dificuldades, a positividade do casal não é abalada. “Nós já passamos pelo pior”, confia a mãe.

Saúde

A felicidade dos pais começou quando os cinco filhos nasceram. Após essa conquista, o casal comemora cada dia completado pelos bebês. “Dizem que os dez primeiros dias são os mais críticos para prematuros, então, hoje [12 de setembro] é dia de comemorar”, destaca a mãe.

Dois dos cinco bebês já não estão mais respirando por aparelhos. Apesar da boa notícia, eles ainda se preocupam com Antonella, a primeira a ter nascido e que segurou todos os irmãos dentro do útero da mãe, impedindo que eles nascessem antes. “O pulmão dela não se desenvolveu muito bem. Mas temos fé que ela irá se recuperar assim como os outros”, diz Anieli.

Todos nasceram com menos de dois quilos. Em ordem de nascimento, Antonella nasceu com 1045g, Tiago com 1110g, Jhordan com 1170g, Luís Henrique com 1270g e Laura com 950g. Os pais ainda não lembram ao certo o quanto eles engordaram, mas sabem que eles não perderam muito peso, o que ocorre com frequência quando bebês nascem.

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Mesmo tendo dado à luz a cinco crianças, Anieli não completou o tempo indicado para que o corpo da mulher se recupere após a gestação. “Eu não fiz nem resguardo. Não dá. Eles precisam de mim”.

E o que já é esperado para novos pais: o casal não está dormindo direito por causa da preocupação com as crianças. “Apesar de esperançosos, temos os pés no chão [sobre o estado de saúde]. Então tem noite que não conseguimos dormir”, relata Anieli.

Família

Anieli e Luís já tinham um filho antes dos quíntuplos, Davi Lucas, de apenas 6 anos. O menino pediu um irmão aos pais, mas jamais imaginaria que ganharia cinco.

Em Chopinzinho, quando Anieli soube que seria internada em Campo Largo, a 370km de sua cidade, ela não pode nem se despedir do filho, devido à gravidade de seu caso. “Ele sentiu muito por isso. Por mais que seja compreensivo, cinco irmãos de uma vez só é muita coisa para uma criança da idade dele”, conta a mãe.

Vieram só Anieli e Luís para a RMC e Davi ficou com a avó materna no interior do estado. Com saudades, o filho mais velho viajou para a capital paranaense com a avó paterna para ficar com os pais. Hoje, eles estão instalados em uma casa alugada - paga pela prefeitura de Chopinzinho - em Campo Largo e contam com a ajuda de mãe de Luís, Darci Maria.

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Antes disso, eles ficaram em uma pousada, também pega pela prefeitura da cidade do casal. “Na pousada não conseguíamos cozinhar e lavar a roupa, então tínhamos que gastar com isso. Agora, conseguimos lavar e cozinhar na casa alugada”, relata Anieli.

O casal, que ainda não tem data para sair de Campo Largo, ainda precisa de doações, principalmente fraldas. Eles estão divulgando uma vaquinha virtual e também recebe doações, que podem ser entregues na sede do jornal Tribuna do Paraná. O endereço é Avenida Victor Ferreira do Amaral, 306, no bairro Tarumã, em Curitiba. Informações: 3321-8578 / 8579. O casal reforça que a vaquinha é referente ao número 567080, pois já foram vítimas de tentativa de golpe recentemente.