Os candidatos do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que se autodeclaram negros, pardos, indígenas ou com deficiência participarão da banca de validação antes da primeira fase do processo seletivo deste ano. A mudança tem o objetivo de evitar fraudes e ainda possibilita aos desclassificados a migração para outra categoria de cotas ou para concorrência geral.
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A avaliação voltou a ser feita pela universidade no ano passado – depois de três anos em que não foi realizada – e acontecia entre a segunda fase e o início das matrículas. No vestibular 2016/2017, 1248 candidatos foram convocados para a avaliação, dos quais 158 não foram aprovados nos critérios raciais e outros 313 nem sequer apareceram para fazer a validação - totalizando 37,7%.
De acordo com o reitor da UFPR Ricardo Marcelo Fonseca, a mudança garante que os candidatos às cotas sejam realmente pessoas que se enquadram no perfil estabelecido. Além disso, ele afirma que a banca funcionou muito bem no último processo seletivo e foi bem recebida por toda a comunidade, principalmente pelo movimento negro, maior interessado em evitar fraudes no sistema.
Segundo Fonseca, antes do retorno dessa banca avaliadora, “a universidade confiava totalmente na autodeclaração do candidato”. “Ela era soberana. Nunca apuramos oficialmente alguma fraude, mas existem rumores e denúncias. Então, temos agora um mecanismo de prevenção para isso”, explicou.
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No entanto, a realização da banca após a divulgação do resultado da segunda fase do vestibular não deu aos estudantes oportunidade de participar em outro sistema de cotas ou até mesmo na concorrência geral, o que trouxe insatisfação entre os participantes. Dos desclassificados, mais de 70% entraram com recurso contra o resultado e metade deles conseguiu ingressar na universidade após análise das solicitações.
Das 5524 vagas oferecidas em 119 cursos da UFPR, 50% são destinadas para candidatos que cursaram o ensino médio integralmente em escolas públicas – totalizando 2762 vagas. Dessa quantidade, metade é destinada para pessoas com renda familiar bruta per capita de até 1,5 salário mínimo por mês, enquanto as outras 1381 vagas são para negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, independente da renda familiar.
Por isso, a universidade decidiu antecipar a banca de validação este ano para o período de 9 a 20 de outubro, ou seja, antes da primeira fase do processo - marcada para dia 29. De acordo com Fonseca, a banca fará a avaliação pelo fenótipo - como já ocorreu em 2016 - com base em critérios como cor da pele, textura do cabelo e aspectos faciais, combinados ou não.
Vale ressaltar que a banca de validação da autodeclaração foi estabelecida em 2004, quando a UFPR aderiu ao sistema de cotas, e permaneceu em pleno funcionamento até 2012. No entanto, polêmicas envolvendo a análise da aparência física dos candidatos fizeram com que a comissão examinadora permanecesse desativada até 2015. Segundo a universidade, ainda existem movimentos contrários ao sistema, mas esse foi o método mais seguro encontrado para evitar fraudes.
Indígenas e pessoas com deficiência
Além da banca para negros e pardos, também será estabelecida pela primeira vez uma banca de validação exclusiva para candidatos inscritos para vagas destinadas a indígenas e pessoas com deficiência. Para os índios, a avaliação será feita com base na documentação apresentada, enquanto para os candidatos com deficiência, a avaliação será baseada nos laudos médicos. As três bancas acontecerão simultaneamente.
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