A exigência do uso está prevista em um decreto municipal de julho de 2017| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Motoristas de aplicativos de transporte que atuam em Curitiba estão com medo de utilizar o adesivo de identificação da empresa para a qual operam. Segundo eles, essa identificação atrai assaltantes, colocando em risco a segurança do condutor. A exigência do uso está prevista em um decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca (PMN) em julho de 2017 e passou a ser obrigatória na capital paranaense no mês de dezembro.

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Um motorista que não quis se identifica contou que, desde que a identificação passou a ser cobrada, ele já sofreu dez assaltos durante o trabalho. Desse total, sete foram realizados por pessoas que estavam fora do veículo e não haviam solicitado a chamada. “Elas viam o adesivo de identificação, se aproximavam e me abordavam mostrando a faca ou a arma. Aí eu tinha entregar o dinheiro das viagens ou meu celular”, lamentou o condutor. Segundo ele, a maioria das abordagens aconteceu durante a noite em diferentes bairros da capital. “Agora só coloco o adesivo na Rodoferroviária, onde os fiscais ficam nos observando e exigindo isso”, afirmou.

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Segundo a prefeitura, o objetivo do adesivo é ajudar o usuário na identificação do veículo porque todos os serviços de transporte da cidade devem ser identificados, assim como acontece com táxis, vans escolares e ônibus do transporte coletivo. Por isso, a exigência é que o motorista coloque o dístico no vidro sempre que estiver trabalhando para algum aplicativo de transporte de passageiros.

No entanto, quem se expõe todos os dias não vê necessidade da identificação. Para o condutor Wuyllianns Stuani, de 33 anos, os usuários não precisam do adesivo porque eles já têm acesso ao modelo do veículo, placa e nome do motorista. “O adesivo não faz diferença para o passageiro, mas, sim, coloca em risco o motorista”, pontuou.

Fiscalização

De acordo com a Urbs, empresa responsável pela fiscalização do serviço prestado pelos aplicativos de transporte na capital, uma blitz tem atuado na Rodoferroviária com o objetivo de coibir o transporte irregular de passageiros e ainda vistoriar as condições dos veículos e habilitação dos motoristas.

A ação é realizada em parceria com a Superintendência Municipal de Trânsito (Setran) desde o mês de abril deste ano e já abordou mais de mil condutores que atuam para aplicativos. No entanto, a minoria dos veículos não apresentava o dístico de identificação no para-brisa dianteiro. Nos únicos casos registrados, a Urbs anotou a identificação do carro e do motorista para relatar às empresas que operam os apps, já que elas podem ser responsabilizadas – e não o motorista – em caso de descumprimento do decreto.

Segundo a prefeitura, o objetivo do adesivo é ajudar o usuário na identificação do veículo 
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Para Stuani, os números divulgados pela Urbs comprovam que os motoristas colocam o adesivo no vidro apenas quando há fiscalização, mas tiram logo depois para garantir sua segurança. “Eu faço isso, assim como a maioria dos motoristas que estão nos grupos que temos no WhatsApp”, revelou.

Em nota, a Uber informou que os motoristas cadastrados precisam cumprir essa exigência da prefeitura de Curitiba para atuar na cidade. Para isso, a empresa adotou um modelo de adesivo que permite a remoção do vidro do carro quando o motorista não estiver usando o app para trabalhar. A companhia ainda orienta os condutores a registrar boletim de ocorrência em casos de assalto ou qualquer tipo de violência e entrar em contato pelo 0800 disponibilizado pela empresa para registrar casos de emergência e solicitar apoio.

O posicionamento é semelhante ao da Cabify, que também faz a orientação para que os motoristas parceiros utilizem a identificação enquanto prestam serviço à plataforma, além de pedir que relatem qualquer situação atípica e suspeita para o suporte da empresa, além da própria polícia. “Outra estratégia utilizada com foco na segurança do motorista parceiro é a restrição de áreas consideradas de risco”, explica a empresa, em nota.

A companhia 99 também incentiva o uso do dístico no vidro do carro e informa que tem trabalhado para garantir mais segurança aos motoristas. “Mostramos o local de embarque do passageiro e seu destino final quando o motorista aceita a corrida e o aplicativo pede que todos os passageiros coloquem CPF ou cartão de crédito antes da primeira corrida”. Além disso, a empresa possui uma equipe composta por ex-militares, engenheiros de dados e psicólogos para garantir a proteção dos usuários.