Paulo Hilário entrevista Roberto Carlos. Foto: Arquivo da família| Foto:

Ao recordar os acordes e melodias criados ou executados no Paraná com base em instrumentos como a guitarra, baixo e bateria, é impossível não citar o nome do baixista, compositor e advogado Paulo Hilário Bonametti, morto no último dia 9, aos 75 anos. Isso porque Paulo e sua banda, Os Metralhas, foram responsáveis, junto a outras bandas, praticamente por fazer nascer o circuito do rock em Curitiba.

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Natural de Londrina, passou por estudos no município de Castro antes de se mudar para Curitiba, onde firmou residência. Em 1958 formou sua primeira banda, The Little Devils, que depois passou para The Marvels, em 1962, e The Shelters, em 1964. Até, em 1967, ganhar a alcunha definitiva de Os Metralhas. No início dessa história, os músicos tocavam apenas música instrumental e hinos do rock clássico. Mas a verdadeira vocação do conjunto era o som que vinha da Inglaterra, mas especificamente de Liverpool, com os Beatles.

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A beatlemania emergia no Brasil e Os Metralhas tiveram grande responsabilidade em disseminar em Curitiba músicas e discos que não eram tão acessíveis para todos os jovens sedentos pelos novos lançamentos da banda de John, Paul, Ringo e George. Proporcionaram cenas memoráveis à cidade, como em 1968, quando voltavam de uma viagem aos Estados Unidos e, munidos de seus respectivos instrumentos, Os Metralhas rumaram do aeroporto para o Centro de Curitiba em um carro fúnebre e tocaram para a plateia da Rua XV de Novembro os já clássicos dos Beatles.

Paulo também estava inserido no mundo da comunicação, sendo presença em programas de rádio, televisão e revistas. Em uma delas, tinha uma espécie de coluna musical que auxiliava a alavancar novos músicos. De acordo com o amigo, guitarrista e integrante de uma das formações dos Metralhas, Renato Scaramella Junior, foi Paulo – quando trabalhava na Rádio Clube Paranaense – quem trouxe para Curitiba um ainda pouco conhecido cantor chamado Roberto Carlos.

Os Metralhas passaram por diferentes formações e alguns períodos de pausas – que por vezes culminaram em momentos históricos, como em 1989, quando celebraram a volta com um show no Teatro Guaíra que lotou plateia e corredores e fez com que os Corpo de Bombeiros ameaçasse cancelar o show devido à enorme concentração de pessoas –, mas sempre mantiveram a paixão pela música e pelos Beatles, incorporando o “Beatles Again” ao nome do conjunto.

Ao contrário da personalidade transgressora e aguda, como muitos pensam ser característica dos músicos dedicados ao rock, Paulo Hilário era “paz total”. “Muito sossegado, ele não tinha problema com nada. A única coisa que ele não gostava era o estresse, porque era muito tranquilo”, comenta Scaramella. Quando não estava nos palcos, escrevendo músicas ou atuando na área de marketing da empresa Todeschini, onde trabalhava, Paulo gostava de pescar e de fazer trilhas de jipe, seus hobbies.

Entre as mais de 200 músicas compostas por Paulo, algumas das mais conhecidas são “Curitiba é linda demais”, uma espécie de hino não oficial da cidade, e “O Pássaro”, gravada por Dirceu Graeser. Como escreveu na canção, Paulo Hilário “voa leve, ave livre a voar”.

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