Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificaram a causa provável do encalhe de pelo menos 350 pinguins, dois golfinhos e outros milhares de animais marinhos na costa do Paraná ao longo do último mês. De acordo com análise feita pelo Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) do Centro de Estudos do Mar da UFPR, os animais foram afetados sobretudo por uma sequência de fenômenos climáticos
Pancadas de chuva, rajadas de vento e agitação do mar estão entre os fatores que trouxeram mais de 2 mil carcaças para as praias paranaenses e catarinenses. Segundo a bióloga Camila Domit, responsável pelo LEC, um aumento já era esperado, mas não nessas proporções. “Acontece que o avanço contínuo de vários sistemas de baixa pressão, que provocam essas chuvas, acabaram intensificando ventos e correntes marinhas”, explica.
Todo o contexto seria responsável por intensificar a corrente das Malvinas, que passa pela rota dos pinguins no Oceano Atlântico. Isso justificaria a grande quantidade das aves entre os animais encalhados. No entanto, Camila ressalta que o mau tempo não necessariamente teria causado a morte dos animais — apenas os arrastou até o Litoral. “Sabemos por dados científicos que, normalmente, apenas 10 a 30% dos animais que morrem na zona costeira/oceânica chegam a encalhar na costa. O que pode ter acontecido é que essa porcentagem de animais trazidos aumentou e o número de mortes não”, avalia a especialista.
O laboratório ressalta que as conclusões não estão fechadas, já que foi feita apenas de uma análise visual das cartas sinóticas, que são documentos de registro da pressão do nível do mar. De acordo com o LEC, ainda devem sair laudos e resultados de outras análises, e novas investigações podem ser iniciadas nas próximas semanas.
Ecossistema prejudicado
A constatação dos pesquisadores não descarta que outras situações, como o aquecimento global, possam ter causado os fenômenos climáticos, já que é fato conhecido a degradação do ecossistema marítimo de toda a Terra. “Vários dos animais podem ter morrido mais facilmente por estarem fragilizados por estresse ambiental”, atesta Camila. Isso significa que a exorbitante quantidade de animais mortos teve influência da poluição nos oceanos com lixo e produtos químicos e pesca excessiva, por exemplo.
Para ajudar a diminuir essas estatísticas, o LEC orienta que a população faça sua parte com uma série de ações:
- Reduzir o consumo de plástico
- Se informar sobre a destinação do lixo
- Ligar os imóveis à rede de esgoto ou fazer a melhor destinação de efluentes
- Dar preferência para consumo de alimentos originados de plantios que não fazem uso de agrotóxico e têm a agricultura familiar como base
- Reduzir consumo de recursos pesqueiros
- Buscar comprar de pescadores que aderem a medidas de pesca com menor impacto em fauna