A Piscina dos Padres, como é conhecida a área de lazer aquático Recanto Santo Antônio, que pertence à Ordem dos Capuchinhos e fica em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, está fechada desde o fim da temporada do verão de 2018. E não há previsão para reabrir. A informação é dos próprios freis, que decidiram repensar a administração do espaço, quando o contrato de locação com a família que cuidava da piscina há mais de 30 anos venceu. Especula-se que a área possa ser repassada para um grupo gestor de parques ou ser fechada em definitivo para revenda de água mineral.
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O responsável pela administração da Piscina dos Padres era Francisco Alves Pereira Neto, 72 anos, o “Chicão”, que esteve 35 anos ali dentro. Era um contrato de locação, entre a família de Chicão e o convento dos capuchinhos (Casa de Retiro Santo Antônio), donos do espaço. Contrato que se encerrou no fim da temporada do verão de 2018 e não foi renovado. O documento estava em nome de um dos filhos de Chicão, por causa da idade.
Segundo a família de Chicão, a relação entre a família e os freis capuchinhos ficou abalada por causa de um incidente ocorrido no tobogã. Um homem desceu de uma forma que não era indicada, mesmo após alertas, quebrou alguns dentes. O homem processou a administração do local.
Outro problema é que, segundo a família, eles tinham apenas o alvará da Polícia Civil. Por causa do processo, houve uma tentativa de tirar o alvará na prefeitura de Almirante Tamandaré, que exigiu algumas reformas no local, para melhorar o atendimento ao público. Para eles, o imbróglio jurídico e o desinteresse dos freis em investir na infraestrutura da Piscina dos Padres para obter um alvará definitivo teriam sido os motivos do fechamento da local.
O que dizem os freis
Os freis negam e afirmam desconhecer qualquer outro motivo que não seja o simples término de contrato e a opção por não renová-lo. “Ela está fechada porque estamos passando por um processo de mudança. Terminou o contrato e os antigos administradores não tinham condições de continuar. Decidimos fechar”, explicou Alessandro Farinasso, frei guardião do convento dos capuchinhos.
Sobre uma possível reabertura para visitação e atividades de lazer, Farinasso não faz previsão. “Não é que não vai reabrir, estamos analisando propostas de grupos que gostariam de administrar. É um lugar importante, um local franciscano, queremos aberto ao público, mas com objetivo claro. Nós não pensamos somente no financeiro, mas também na questão da preservação do espaço”, afirmou o frei.
Por outro lado, a família de Chicão cogita a hipótese de que o local está fechado para uma futura negociação de exploração comercial da água mineral da área. “Para isso, tem que fechar por mais de um ano, por causa da lei contra a contaminação”, diz o antigo administrador. Frei Alessandro também nega a informação. “Por enquanto, não tem nada de venda de água”.
Frei Alessandro Farinasso vive no convento há quase três anos. Ele diz ter envolvimento apenas com o histórico mais recente da Piscina dos Padres, desde o falecimento de Frei Itamar José Angonese, em setembro de 2017. “Ele que estava bem a par. Ele que acompanhava mais”, explica.
Sobre o alvará, a informação que o frei tem é de que o espaço detinha o documento. “Funcionou por muitos anos. Como era terceirizado, era a família que tocava, eles deveriam ter a documentação. Porque, senão, não teria como funcionar”.
A prefeitura de Almirante Tamandaré informou que a empresa que administrava a piscina sempre funcionou no município, mas nunca havia feito o alvará. Até o fechamento da matéria, a prefeitura aguardava mais informações da vigilância sanitária local, para confirmar se houve solicitação oficial da documentação dos anos de 2019 ou 2018.
Piscina dos Padres
O local fica a 15 quilômetros de Curitiba, seguindo pela Rodovia dos Minérios (PR-092). O espaço é repleto de natureza, cercado por vegetação e, antes de fechar para o público, tinha como atração uma piscina de água mineral corrente, por onde passavam cerca de 170 mil litros de água por hora. A fama de piscina gelada era positiva, uma vez que os visitantes iam até lá para se refrescar do calor e brincar no trampolim e tobogã, além de passar o dia nos quiosques e churrasqueiras entre outras atrações, incluindo uma tirolesa. Eram visitantes de cidades vizinhas, da capital e de outros estados.
Segundo estimativa dos antigos administradores, em 2018, última temporada de funcionamento, a arrecadação anual girou em torno de R$ 70 mil bruto. Valor que sugere que pouco mais de 4,6 mil pessoas pagaram entrada durante o ano (considerando o valor de R$ 15 para o ingresso). Por contrato, segundo os administradores, nas últimas temporadas a Ordem dos Capuchinhos ficava com 70% do valor bruto.
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