A companhia da Polícia Militar de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, perdeu na última terça-feira (1°.) o mascote Cabeça, um cachorro vira-lata de cerca de 12 anos que, segundo a própria equipe, aprendeu a ser policial militar. Longe de ser um cão qualquer, o animal tinha faro para criminosos e, de tão perspicaz, era o alerta mais preciso do batalhão.
“Era mesmo o nosso alerta. Qualquer coisa estranha que aparecia por aqui, ele latia. E tanto gostava de ser policial que até a cor do pelo dele era bem próxima do nosso fardamento. Era o nosso policial 24 horas”, descreveu o soldado Gerson Roberto Garcia, de 45 anos.
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Cabeça morreu por “problemas da idade” e deixou mais do que saudades. Companheiro da equipe desde 2006, ele apareceu em frente à antiga sede da PM de Araucária, na Rodovia do Xisto, junto com a também vira-lata Ágata, que acabou fugindo durante uma visita ao Centro de Zoonoses do município. Embora nunca tivesse passado por qualquer treinamento, Cabeça foi alçado ao título de cão de guarda da companhia, mudou-se com a equipe para a nova sede, no Centro do município e, desde então, não cansou de surpreender com suas histórias de coragem e agilidade.
Numa das mais memoráveis, relembra Garcia, o cão foi o primeiro a chegar ao prédio da prefeitura de Araucária, invadido por assaltantes que explodiram um caixa eletrônico dentro do imóvel. Ainda que policiais tenham se dirigido ao local logo após acionamento, chegaram e já encontraram o cachorro por lá, latindo incansavelmente.
Em seu papel de protetor, também costumava acompanhar uma equipe de policiais da Lapa que, após o plantão, seguia para o ponto de ônibus. E quando policiais montavam guarda em frente ao fórum, o cão também não os deixava sozinhos. “O mais impressionante disso tudo é que ele nunca foi treinado como um cachorro oficial. Ele se especializou aqui mesmo”, ressalta o soldado Garcia, que disse nunca ter encontrado um cão com um faro tão bom. “Ainda na antiga companhia nós chegamos certa vez com dois ladrões e ele começou a avançar. Parecia mesmo um policial. Tinha um faro maravilhoso”, conta.
Apesar de alimentado com ração trazida por um protetor voluntário da região, Cabeça se esbaldava mesmo era uma com uma fatia de pizza. “Se a gente colocasse um pedaço de carne e um pedaço de pizza na frente dele, ele, se dúvida, corria para a pizza”, relembra o soldado.
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Com um cantinho garantido na garagem da companhia, nem sempre o cão policial ficava por ali. De tempos em tempos, sumia por alguns dias, mas, depois, voltava faceiro para o lugar que sabia que era seu. Agora não volta mais, mas deixou inúmeras lembranças na vida de todos. “Não tem um que olhe hoje para a foto dele que se emocione. Isso para não dizer chorar. Vai ser sempre o nosso grande guarda”, finaliza o soldado.
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