A Polícia Militar (PM) identificou e afastou do trabalho os dois policiais que aparecem atirando contra casas na Vila Corbélia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde o soldado Erick Norio foi assassinado na madrugada de sexta-feira (7). No mesmo dia da morte do policial, um incêndio de grande proporção destruiu as casas na vila, onde vivia uma grande comunidade de imigrantes haitianos.
Os policiais aparecem em um vídeo sem fardas, usando um carro descaracterizado mas vestindo coletes balísticos oficiais da corporação. Além dos cerca de 10 disparos a esmo, eles xingam e gritam ordens para os moradores irem para suas casas.
A gravação está em poder do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que apura a ação. A PM também abriu investigação interna através da corregedoria. Entretanto, ainda não há informações sobre a situação dos dois PMs. “A Polícia Militar do Paraná não compactua com desvios de conduta de seus integrantes e caso sejam comprovadas irregularidades, os canais de saneamento e correição serão aplicados ao rigor da lei”, afirma o comando da corporação em nota.
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No mesmo dia da gravação, a PM fazia uma operação para identificar o assassino do soldado Norio, morto a tiros de metralhadora na madrugada do mesmo dia. Moradores acusam a polícia de truculência na ação e dizem que casas foram arrombadas a pontapés, sem mandado judicial. Na noite de sexta-feira, o incêndio tomou conta da Vila Corbélia e destruiu cerca de 300 casas.
Norio foi assassinado com tiros de uma submetralhadora de uso é exclusivo das Forças Armadas ao ir à Vila Corbélia atender uma chamada de perturbação de sossego. O suspeito de matar o PM foi preso terça-feira (12) por policiais do 23.° Batalhão, o mesmo em que Norio era lotado.
O suspeito já havia se apresentado à Polícia Civil no mesmo dia do assassinato do soldado, mas o delegado de plantão não o manteve preso porque não havia mandado de prisão. Segundo o delegado-titular da DHPP, Luiz Alberto Cartaxo, não houve emboscada na morte do policial.
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Investigações
A PM nega a participação de policiais no incêndio. A corporação alega que o fogo seria de responsabilidade do crime organizado, em represália a operações que combatem o tráfico de drogas na comunidade.
Desde os incidentes de sexta-feira, a Polícia Civil têm encontrado dificuldade em ir à Vila Corbélia investigar não só o assasinato do policial militar, mas também o incêndio e outros quatro homicídios e a tentativa de homicídio contra um motorista de aplicativo. Sábado (8), por exemplo, as forças de segurança tiveram de fazer um comboio com agentes das polícias Civil, Militar e peritos do Instituto de Criminalística para poder colher provas na comunidade.
Enquanto o local não estiver pacificado, não temos como mandar equipes policiais ao local investigar para não colocar mais policiais em risco. Até que tudo fique calmo e as pessoas decidam falar, nos ajudar, creio que vai tomar um tempo”, declarou o delegado Osmar Feijó, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no sábado.
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