• Carregando...
Aifu
Na imagem, operação da Aifu em dezembro de 2020| Foto: Arquivo PMPR

A Polícia Militar informou que deve avaliar as imagens de uma agressão policial ocorrida na madrugada deste sábado (23), durante operação da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), na Cidade Industrial de Curitiba. O episódio aconteceu após abordagem da PM a uma hamburgueria na rua Raul Pompéia, em fiscalização e combate de aglomerações, e foi filmado por pessoas que estavam no local.

Nas imagens é possível, inicialmente, ver um homem sendo retirado de dentro de outro imóvel pelo policiais e a aproximação da proprietária da hamburgueria que fora fechada. Ela afirma aos PMs que eles "passaram dos limites" e os chama insistentemente de "ridículos". Com o celular em punho e filmando, a mulher, identificada como Estephany Rodrigues, cobra de alguns dos policiais o uso da máscara de proteção e questiona continuamente a abordagem contra o rapaz que estaria "fumando narguile dentro de casa", conforme ela afirma enquanto registra a ação.

Ao se aproximar dos policiais, o celular dela é jogado no chão por um dos agentes. O aparelho é, então, apanhado por outra pessoa, que passa a filmar a confusão envolvendo a equipe e a comerciante. Ela desacata os PMs e em seguida é derrubada por um deles. Sinalizando a agressão, a mulher afirma: "ele tá quebrando minha mão”.

Imobilizada no chão, com o joelho do policial pressionado sobre o queixo e um dos braços torcido para trás, a mulher ainda é golpeada no rosto com um objeto que não pôde ser identificado dada a baixa qualidade das imagens. Após atingir a comerciante, o PM que faz a contenção diz, claramente: "bata na minha cara agora".

Em entrevista ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC, o capitão da Polícia Militar e coordenador da Aifu, Ronaldo Carlos Goulart, que aparece nas gravações, afirmou que a força utilizada durante a abordagem foi necessária. “A questão é a maneira que ela estava se comportando. Uma pessoa totalmente desequilibrada, transtornada, reagindo, ela precisa que a força seja feita para conter, e a força é feita a medida do necessário”.

Ainda segundo o capitão, a adoção ou não desse tipo de medida depende da pessoa que reage à ação policial. “A partir do momento que reage à prisão, que desacata, desrespeita, se debate, que fica em uma posição totalmente transtornada, vai precisar do uso da força. E, no caso, verifica-se que foi a força necessária para conter a ação”, completou.

Em nota, o advogado da comerciante, Igor José Ogar, afirma que a ação policial foi "covarde e totalmente desproporcional". A defesa diz ainda que buscará reprimenda aos "maus policiais, minoria que envergonha essa classe de heróis".

OAB fala em "exagerado e inaceitável uso da força" e pede afastamento de PMs

Em nota divulgada na tarde de sábado (23), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná, Cássio Lisandro Telles, disse que as imagens da abordagem da Polícia Militar à comerciante "revelam exagerado e inaceitável uso da força contra a cidadã, a pretexto de desacato."

A nota destaca ainda que a OAB-PR "repele veementemente o notório exagero da força policial" e informa que, através de representações, irá solicitar às autoridades correicionais da Polícia Militar e ao Ministério Público Estadual o "imediato afastamento das funções dos policiais envolvidos", além de pedir abertura de inquérito e a adoção das sanções penais e administrativas cabíveis contra os responsáveis.

"Os exageros verificados no episódio devem ser rigorosamente apurados e punidos nos termos da lei, porquanto não se admite que em nome da realização de tarefas de fiscalização do cumprimento da lei pela sociedade esta venha a ser vítima de violência policial", finaliza a nota da OAB-PR.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]