Os 12 policiais militares julgados em Curitiba foram absolvidos pela maior parte do Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri, na noite desta segunda-feira (9). Eles eram acusados de executar cinco suspeitos de roubar um carro, em 2009. Os PMs foram absolvidos dos crimes de homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Após o resultado, houve um foguetório do lado de fora do tribunal organizado por apoiadores dos policiais.
Assista ao vídeo da comemoração abaixo.
O julgamento começou na última quarta-feira (4) . A quantidade de testemunhas de acusação e defesa – foram 36 pessoas ouvidas ao todo – e o depoimento dos 12 acusados acabou estendendo o julgamento até esta segunda.
Nos primeiros três dias de sessão, as testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas. O depoimento dos réus começou apenas no sábado (7), quando cinco foram ouvidos. No domingo, os outros sete deram seu depoimento.
Somente nesta segunda-feira é que começou a fase de debates entre a acusação e a defesa. A primeira a falar foi a promotoria, seguida pela defesa, em discursos orais de 2h30. O Ministério Público pediu réplica, e teve mais duas horas para se manifestar. A tréplica da defesa durou pouco menos que as duas horas permitidas. Após os debates, os jurados pediram esclarecimentos sobre algumas provas, em processo conduzido pelo juiz do caso, que levou cerca de 15 minutos.
Por volta das 21h15, o júri foi dirigido à sala reservada para discutir sobre o veredicto. Após a decisão dos jurados, a sentença foi proferida pela juíza responsável pelo caso por volta das 22h35.
Avaliação
Após o fim do julgamento, o advogado Claudio Dalledone, que defendeu os policiais, afirmou que ficou comprovado que os seus clientes não cometeram nenhum delito e que “a polícia daqui não tem a história da polícia que mata. A polícia daqui é a que protege, que dá escudo à sociedade”, ressaltou.
A reportagem não conseguiu contato com o Ministério Público para comentar o resultado do julgamento.
O caso
As mortes pelas quais os PMs foram julgados aconteceram em 11 de setembro de 2009. Na versão dos policiais, equipes das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) teriam perseguido um veículo Gol suspeito de ser roubado e ocupado por cinco rapazes pelo bairro Alto da Glória. O carro acabou batendo no divisor da pista e os ocupantes teriam desembarcado atirando.
Na troca de tiros, dois dos rapazes teriam sido baleados e os outros correram para um terreno próximo. Neste local, teria havido novo confronto e todos os jovens acabaram baleados. Davi Leite de Freitas, Josemar Bernardo, Thobias Rosa Lima, Salatiel Aarão Rosa Lima e Éderson Miranda foram encaminhados pelos próprios policiais ao Hospital Cajuru e teriam morrido no caminho.
Entretanto, investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) à época aponta que os cinco jovens foram dominados pelos policiais no momento da abordagem e posteriormente levados até o bairro Atuba, onde teriam sido executados.
As viaturas foram flagradas por um radar da Urbs passando juntas em direção ao Atuba. Essas viaturas contavam com um sistema de monitoramento GPS e o trajeto percorrido por elas ficou registrado, confirmando a saída do Alto da Glória até o Atuba, onde permaneceram por cerca de seis minutos, para somente então se deslocarem ao Hospital Cajuru.
O caso é emblemático porque a partir dele a Polícia Militar ficou proibida de remover feridos em confrontos armados para o hospital - função que, por determinação do próprio governador à época, o hoje senador Roberto Requião (PMDB), ficou exclusivamente para as ambulâncias do Siate.
Vídeo
Após a absolvição dos policiais, houve comemoração e queima de fogos. Assista ao vídeo feito pelo repórter-fotográfico Lineu Filho, da Gazeta do Povo.
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