Bancas reabastecidas no Mercado Municipal de Curitiba indicam uma normalização após o fim da greve dos caminhoneiros| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Falta de gás e combustíveis, aulas suspensas, mercados com poucos produtos e muitas filas: esses foram alguns dos principais impactos da greve dos caminhoneiros em Curitiba, e, mesmo com a manifestação terminada, ainda há preocupação sobre a normalização dos serviços. Com a greve se encerrando aos poucos logo antes do feriado de Corpus Christi, que caiu na última quinta-feira (31), muitos estabelecimentos chegaram a ter alteração no horário de funcionamento por causa da data cristã, prorrogando a percepção da população sobre as consequências da paralisação para esta segunda-feira (4).

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Os postos de combustíveis, por exemplo, apesar de não terem mais as fila quilométricas que assustaram os motoristas na semana passada, ainda têm preços altos para gasolina e etanol. O mesmo acontece nos mercados, que estão sendo reabastecidos aos poucos, mas continuam com estoques prejudicados de alguns produtos como leite, ovos e carne de frango.

Veja como estão esses e outros segmentos de Curitiba nesta semana pós-greve:

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Mercados

Os efeitos da greve no abastecimento dos mercados de Curitiba quase não são mais sentidos. Na manhã deste domingo (3) alguns comércios da capital tinham todos os legumes, frutas e verduras que costumam vender. Além de que, a quantidade mais enxuta de produtos nos carrinhos dos clientes também mostra que as compras em grande volume, para estocar alimentos, também já teve fim.

Ainda assim, alguns itens são mais difíceis de serem encontrados. No Condor Boa Vista, por exemplo, neste feriado de Corpus Christi, ainda faltavam produtos como leite, ovos e frango - que tampouco têm previsão para retornar às prateleiras.

Os preços, enquanto isso, começaram a cair novamente, após altas significativas e por vezes abusivas. Isso não significa, porém, que os preços estão de volta ao patamar normal. Em alguns pontos de Curitiba, por exemplo, o quilo do tomate chegou a ser vendido, na sexta-feira (1º), por R$ 10,98 e o da cebola chegou a R$ 9,87. Já o chuchu, que era vendido por R$ 0,79 antes da greve, subiu para R$ 3,90. Na manhã deste domingo, o preço do tomate varia em torno de R$ 6,00 – preço similar ao que está sendo vendido o quilo de cebola. Já o chuchu continua sendo vendido a cerca de R$ 3,90 o kg.

Combustível

Já é possível encontrar gasolina e etanol na maioria dos postos de Curitiba. A notícia, porém, não deve causar alívio em todos, já que ela chega acompanhada de uma alta no preço desses combustíveis.Quando os caminhoneiros do Brasil entraram em greve, no dia 21 de maio, o preço médio pago por um litro de gasolina comum era de R$ 4,06, de acordo com o levantamento semanal de preços feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Neste sábado (2), o preço médio pago pela gasolina na cidade é de cerca de R$ 4,50, de acordo com o aplicativo Menor Preço, do governo do Paraná. Já o etanol, segundo a mesma fonte, subiu 11%: de R$ 2,78 o litro, antes da greve, para R$ 3,10 o litro, neste sábado (2).

O governo, no entanto, está estudando possibilidades para controlar esses valores - o que inclui movimentações do presidente Michel Temer (MDB), após pressões pelo Congresso e por integrantes do próprio governo.

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O preço do óleo diesel, enquanto isso, é menor do que o valor cobrado antes do início da greve dos caminhoneiros. Neste fim de semana, seis postos consultados pela Gazeta do Povo vendiam o combustível a preços mais baixos – com uma redução entre R$ 0,17 e R$ 0,58, no litro –, em relação aos valores apontados pela Agência Nacional do Petróleo, antes da paralisação.

Estradas

Na noite de quinta-feira (31), as rodovias federais já não tinham mais nenhum ponto de bloqueio por causa da greve dos caminhoneiros - que chegou a durar 11 dias. No ápice da paralisação, no fim da semana retrasada, o número de pontos com circulação impedida no país chegou a 600.

Nesta semana que começa, as concessionárias que administram as rodovias que cruzam Curitiba afirmam que o fluxo de veículos está normalizado. Tampouco apareceram novos pontos de bloqueio.

Nova greve?

Um dos rumores que mais causaram rebuliço na população desde o fim da greve foi... O retorno da greve. Sustentada por diversas correntes de WhatsApp e postagens em redes sociais, a ideia de recomeçar o movimento foi tratada pelo Planalto como “fake news”. As mensagens prometem um retorno da paralisação entre este domingo (3), e esta segunda-feira (4), mas até então nenhum ato relevante tomou forma no país.

Uma das lideranças que tentava organizar uma nova concentração de grevistas é o caminhoneiro autônomo Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, que é filiado ao partido Podemos. Além de menos impostos e combustíveis mais baratos, integrantes do grupo liderado por Chorão também falam em “intervenção militar” no país. O caminhoneiro chegou a gravar um vídeo, convocando para um protesto em Brasília com cerca de 50 mil caminhoneiros. Mas no ponto de concentração – o estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha – havia apenas 15 caminhões neste domingo.

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Correios

Apesar de terem continuado recebendo postagens de clientes durante a greve, os Correios não conseguiram fazer a maior parte das entregas programadas nesse período. Segundo a empresa, em todo o país foram cerca de 85 milhões de objetos postais deixaram de chegar a seus destinos desde o dia 21 de maio. Em dias normais, a empresa entrega aproximadamente 25 milhões de objetos.

Por causa do volume gigantescos de itens atrasados, serviços com dia e hora marcados (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e Logística Reversa Domiciliária) permanecem temporariamente suspensos. Os demais serviços de encomendas como o Sedex convencional e o PAC foram mantidos e tiveram apenas o prazo de entrega ampliado.

Apesar da empresa estar fazendo mutirões desde o último sábado (2), a previsão é de que as entregas ainda levarão 15 dias para serem normalizadas.

Aulas

Diversas universidades - como a UFPR , a UniCuritiba e a UniBrasil - e escolas da capital chegaram a suspender aulas diante do caos estabelecido durante a greve. Para a próxima semana, porém, as atividades letivas de todas as instituições que suspenderam aulas por causa da paralisação, já estão normalizadas.