Depois de uma série de problemas administrativos e uma crise, a empresa Todeschini fechou as portas em 2013 e o edifício onde funcionavam tanto a marca quanto a fábrica, às margens da Linha Verde, no bairro Pinheirinho, em Curitiba, virou motivo de dor de cabeça para moradores da região. Desde o fechamento das portas, o espaço permanece abandonado e virou esconderijo para criminosos.
Sem nem sinal de vigilância, é muito fácil entrar no enorme lote de 61 mil metros quadrados que ocupa quase toda a quadra entre as ruas Cid Marcondes de Albuquerque e Reinaldo Stocco, às marginais da Linha Verde. Terreno adentro, entulhos e lixo se misturam aos antigos vestígios do comércio que um dia funcionou ali. Nas estruturas de concreto que ainda restam, as paredes depredadas revelam o abandono e, nos poucos espaços cobertos, sujeira e urina denunciam a presença de pessoas que utilizam o local como banheiro e abrigo.
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Elaine Makoski mora num complexo de apartamentos vizinho ao terreno. A autônoma afirma que, há muito tempo, evita sair a pé pelas quadras próximas. O motivo? Criminosos que se escondem no antigo complexo fabril e aproveitam para praticar delitos contra os pedestres que passam pelo local. “Tenho muito medo de circular por ali. Principalmente no fim da tarde, quando começa a escurecer. Esse é o horário que eles escolhem pra assaltar”, afirma.
Descontrole
No grupo de Whatsapp do condomínio próximo à fábrica abandonada, imagens compartilhadas pelos próprios moradores mostram situações perigosas como pilhas de lixo incendiadas e arruaças no meio da madrugada. “Sempre tem gente entrando e saindo dali, não existe nenhum controle”, afirma Algeíza de Souza. A dona de casa afirma que, mesmo com policiamento, o local representa enorme risco aos moradores e pedestres. “É uma pena porque muita gente usava a marginal da pista pra praticar caminhada e corrida mas agora pensa duas vezes antes de sair de casa”, lamenta.
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Sergio Luiz Ribeiro, síndico do condomínio, afirma que há muito tempo o problema tem sido pauta nas reuniões com moradores e entre os síndicos dos demais complexos residenciais da região. “O que mais nos preocupa é a questão da segurança. Aquilo virou ponto de droga, motel a céu aberto e rota de fuga de bandidos”, lamenta. O síndico explica que, no ano passado, um ofício foi encaminhado em nome dos moradores à Câmara Municipal, solicitando a limpeza do local. Inúmeras denúncias também foram feitas à Prefeitura por meio do telefone 156, mas até agora nada foi feito.
Shopping
A Tribuna do Paraná entrou em contato com a Premoaço, construtora responsável pelo terreno, para questionar a atual situação do lote e o que deve ser feito do local. Por telefone, um dos responsáveis informou apenas que a ideia é construir um shopping atacadista naquela quadra mas que, para isso, a empresa busca investidores.
Por meio de nota encaminhada à empresa, o proprietário do imóvel – que pediu pra não ser identificado – confirmou que os planos envolvem a construção de um shopping, porém, “diante das incertezas políticas e econômicas os investidores estão receosos”. Em relação à vigilância, o proprietário informou que uma empresa de segurança privada faz rondas periódicas nos arredores do lote para evitar invasões.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria de Urbanismo da Prefeitura que, em nota, informou que o proprietário do imóvel foi notificado no ano passado para realizar a limpeza do local que, em uma fiscalização posterior foi fiscalizado e aprovado por estar dentro das exigências, isolado e devidamente limpo. Na mesma nota a administração municipal afirmou que nova vistoria será feita no terreno e, caso sejam encontradas irregularidades, o proprietário será novamente notificado para viabilizar as adequações necessárias.
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