A luta contra a pichação em Curitiba, protagonizada pelo prefeito Rafael Greca (PMN) desde a campanha eleitoral para a prefeitura, ganhou mais um capítulo na última semana. Teve início um projeto de recuperação urbana, cuja missão é limpar os edifícios do Centro Histórico. Chamado de Rosto da Cidade, o programa irá revitalizar imóveis por meio de ações como a aplicação de tinta antipichação.
Apesar de ter levantado polêmicas em meses anteriores, ações como esta são vitais para a preservação da capital, na avaliação do prefeito. “Garranchos destruindo o rosto sagrado da cidade não constituem manifestação de cultura”, declarou o prefeito, em visita à Câmara dos Vereadores em 21 de novembro.
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O projeto terá seis etapas,sendo que a primeira inclui a aplicação da tinta antipichação em 14 edifícios públicos. A segunda fase compreende um trecho do Largo da Ordem e da Rua São Francisco. A terceira envolve as praças Tiradentes, Borges de Macedo e Generoso Marques. Já a quarta etapa será no eixo entre as Ruas Barão do Rio Branco e Riachuelo, a quinta na Rua Trajano Reis, e a sexta na a Rua Voluntários da Pátria.
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Para o prefeito, o programa é um investimento “em geração de empregos e renda através do turismo”. E, de fato, a Associação Comercial do Paraná (ACP) também reivindicava ações para diminuir e impedir as pichações.
Outras ações
Apesar do destaque à remoção das pinturas de vandalismo, o programa Rosto da Cidade também inclui outras ações e melhorias. Entre elas, a recuperação de cerca de 40 bustos de praças que começaram a ser reinstalados essa semana com sistema antifurto - Curitiba tem sido alvo de uma onda de furtos de peças de cobre desde 2017. Os monumentos serão restaurados, mapeados em 3D para possíveis reproduções e, ainda, contarão com um sistema de segurança e alarme.
O restauro do Palácio Belvedere, incendiado em dezembro do ano passado, e do Bondinho da Rua XV, cuja estrutura estava podre, também integram a lista de ações.
Em parceria com o Projeto Arquivo, da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), os edifícios históricos da capital devem até chegar a receber uma identificação digital. A ideia é que, por meio da disponibilização de um QR Code, visitantes tenham acesso a informações sobre a cidade, usando smartphones.
Embate antigo
Não é de hoje a ojeriza do prefeito Rafael Greca (PMN), às pichações em Curitiba: desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2017, o político revelou a intenção de criar um programa como o Rosto da Cidade. A questão chegou a criar polêmica quando o prefeito declarou, em entrevista à Gazeta do Povo, que estaria estudando limitar até mesmo as pinturas grafite - manifestação cultural e artística que, diferente da pichação, não tem intuito de delimitar território de gangues, por exemplo.
O assunto ganhou corpo novamente em setembro do ano passado, quando a Câmara de Vereadores aprovou um projeto que lei que define pena de R$ 5 mil para quem pichar imóveis particulares e R$ 10 mil para quem usar o spray contra espaços públicos ou históricos. Antes disso, a multa era de R$ 1.693,84. A postura foi criticada por vereadores como Goura (PDT) e Professora Josete (PT), que afirmaram que a pichação é fruto de uma sociedade excludente e, portanto, as medidas para acabar com a prática deveriam pender para a eliminação da desigualdade social. Estudiosos também foram contrários à criminalização.
Já em abril deste ano, Greca chegou a homenagear um guarda municipal por ter atirado em um pichador. O rapaz vandalizava a capela do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, quando o GM o abordou. Segundo a corporação, o pichador teria se recusado a descer de um muro, ofendido o agente e atirado uma lata de spray contra ele antes do disparo. Na sequencia, o rapaz teria feito menção de que sacaria uma arma, o que provocou a reação do guarda.
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