A corrupção da classe política brasileira não sai dos noticiários. A cada dia traz um novo escândalo e a perplexidade da população só aumenta. Pensando nisso, a professora Expedita Estevão, da Escola Municipal Augusto Staben, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, resolveu fazer uma reflexão um pouco mais profunda com os alunos do 5.º ano. A docente e sua turma chegaram à conclusão de que a corrupção está presente em pequenos atos do dia a dia e, para que haja mudança, a sociedade como um todo precisa evoluir.
Ao primeiro olhar, pode parecer um assunto complicado de se tratar com crianças. Mas, segundo a professora, “essa geração pode fazer a diferença no futuro, por isso é preciso que comecem a refletir sobre seus atos desde pequenos”. Expedita foi além e trabalhou essas reflexões por meio de atividades inovadoras – e seu trabalho foi um dos vencedores da categoria prática pedagógica, no Concurso Cultural Ler e Pensar de 2016.
Operação Sonho de Valsa
A iniciativa de trabalhar a corrupção em sala de aula surgiu após a leitura de matéria publicada na Gazeta do Povo sobre uma faxineira que foi demitida após pegar um bombom que estava sobre a mesa de um delegado em Roraima. O caso ficou conhecido como Operação Sonho de Valsa e dividiu opiniões no Brasil inteiro.
Expedita Estevão incentivou a reflexão dos alunos em relação ao “pequeno ato de corrupção” da trabalhadora, mas alertou também para o encaminhamento dado pelo delegado, interpretado por muitas pessoas como abuso de autoridade, pois poderia ter sido resolvido de forma mais simples e menos vexatória.
Depois das discussões em sala de aula, alunos e professora foram a campo. Eles realizaram um experimento na escola com uma caixa de lápis novos que poderiam ser trocados por lápis usados, para ver quem pegaria um lápis sem deixar ali a sua contrapartida. A atividade deixou as crianças perplexas com as atitudes observadas.
Também foram até o fórum da cidade e receberam um advogado na escola para falar sobre o trabalho dos juristas. Tarefas concluídas e conhecimento construído coletivamente, a professora propôs um júri simulado em sala de aula. As palavras do aluno Elias Camargo revelam o sucesso da experiência: “Cheguei a me emocionar vendo meu futuro como advogado”, conta.
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