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Com o protesto, usuários podem ter dificuldade ao solicitar o serviço de corridas pelos aplicativos | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Com o protesto, usuários podem ter dificuldade ao solicitar o serviço de corridas pelos aplicativos| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Depois de uma manifestação modesta com cerca de 20 motoristas de aplicativos em frente ao Palácio Iguaçu na manhã desta segunda-feira (14), os condutores de aplicativos como Uber, Cabify e 99 prometem uma grande paralisação nesta terça (15). O movimento deve complicar o trânsito nos arredores da Câmara de Vereadores, no Centro de Curitiba, a partir das 10h, e também impactar o tráfego no Centro Cívico, já que manifestantes seguirão para a Assembleia Legislativa, às 16h. Usuários de aplicativos também podem ter dificuldade para solicitar o serviço e devem procurar transportes alternativos.

A Superintendência Municipal de Trânsito (Setran) afirma ainda não ter sido procurada pelo movimento para acompanhar o protesto, mas informações sobre bloqueio de ruas, por exemplo, podem estar disponíveis na terça-feira.

O protesto acontece após uma série de homicídios contra motoristas de apps na capital paranaense. O último deles foi registrado neste domingo (13), quando o corpo do motorista Valmir Nichel, que estava desaparecido desde sábado (12), foi encontrado no Rio Iguaçu, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Antes dele, o corpo de Ricardo Gonçalves Habitzreuter foi encontrado às margens da Represa do Passaúna, em Araucária, em abril.

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Segundo Arnaldo Milki, representante dos condutores, não é possível trabalhar com tanta insegurança e as ações têm o objetivo de cobrar mudanças. “Queremos que as autoridades municipais e estaduais coloquem mais rigor nas leis envolvendo a segurança dos motoristas”, disse. Para isso, cerca de 10 mil motoristas de aplicativos de Curitiba e Região Metropolitana já receberam a convocação para o protesto desta terça e a expectativa é de que centenas deles marquem presença na ação.

Entre os motoristas que já confirmaram presença está Liziane Mayer, 34 anos. Ela começou a trabalhar com aplicativos em setembro do ano passado e, desde então, já foi vítima de assalto e sequestro. “O caso aconteceu agora em março, quando um homem pediu a corrida, eu fui atender e dois entraram no meu carro”, disse. O trajeto iniciou na Rua Emiliano Perneta com destino à Avenida Silva Jardim, mas não terminou como o previsto. “No fim da corrida, eles anunciaram assalto e, com uma arma, fizeram com que eu “corresse” com eles até o Sítio Cercado. Foi quase 1h30 de terror porque ficaram me ameaçando e falando que iam machucar minha família”, relatou a motorista, que viu os bandidos roubarem todo o dinheiro que ela utilizaria para pagar a parcela do carro e as contas do mês. “Infelizmente, eu faria os pagamentos bem naquele dia, e eles levaram tudo”, lamentou.

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Em oito meses como motorista de aplicativo, Liziane Liziana Mayer já foi assaltada e sequestradaAniele Nascimento/Gazeta do Povo

Soluções

Entre as soluções apontadas pelos motoristas está a exigência de mais dados do usuário, como reconhecimento facial e biometria. “Isso evita que uma pessoa má intencionada utilize o aplicativo de outra forma, para cometer um crime, e ainda dá ao motorista as informações a respeito de quem ele vai colocar dentro de seu carro”, explicou o motorista Joel Oliveira Santos, 36 anos.

Além disso, os condutores pedem a instalação de um botão de pânico em cada veículo que notifique automaticamente a empresa responsável, as forças policiais e os órgãos de inteligência do governo. Em entrevista coletiva nesta segunda, o secretário de Segurança Pública Júlio Reis afirmou que esses pedidos serão analisados junto às empresas. “É importante que os aplicativos criem sistemas para acionar mais rapidamente os casos suspeitos. É importante que a tecnologia trabalhe a nosso favor”, cobrou Reis.

Posicionamento das empresas

Ao serem procuradas pela reportagem, as três principais empresas de mobilidade que atuam em Curitiba - 99, Cabify e Uber - não foram específicas a respeito de novidades para cuidar da segurança de motoristas parceiros.

Apenas a 99 afirmou estar estudando a possibilidade de uso de tecnologias como botão de pânico, reconhecimento facial e biometria. A Cabify e a Uber, enquanto isso, não se manifestaram diretamente sobre essas funcionalidades, apenas reiteraram as ferramentas de proteção que já existem em seus aplicativos e afirmam estar em constante desenvolvimento.

Somente a Cabify confirmou ter participado da audiência com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, mas não entrou em detalhes sobre os assuntos tratados. A empresa mencionou a tecnologia de acompanhamento GPS de todas as etapas da viagem, cada uma com um registro diferente.

Já a Uber afirma estar usando tecnologias como a de machine learning, que usa algoritmos e bloqueia as viagens consideradas potencialmente mais arriscadas, a menos que o usuário forneça detalhes adicionais de identificação. A empresa ressalta a necessidade de cadastro de CPF e data de nascimento antes de o usuário ter acesso e a possibilidade de motorista e usuário compartilharem sua localização em tempo real com outras pessoas.

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