Um protesto envolvendo servidores e alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) isolou a Reitoria da instituição, no Centro de Curitiba, no início da tarde desta terça-feira (10). As ruas no entorno do prédio chegaram a ser bloqueadas por cerca de uma hora, entre 12h e 13h, incluindo um trecho da Rua XV de Novembro e Amintas de Barros. Segundo a UFPR, desde a manifestação, cerca de 15 a 20 estudantes estão ocupando um departamento do edifício. Os pró-reitores da universidade participam de uma reunião de urgência a respeito do caso.
A manifestação foi organizada pelo grupo estudantil Frente de Apoio à Luta das Trabalhadoras e Trabalhadores Terceirizados (FALTT), que assumiu a autoria da ocupação do Departamento de Licitações e Contratos (DLIC), órgão da UFPR incumbido do pagamento dos contratos das empresas terceirizadas e das licitações em geral. Segundo o grupo, o protesto foi motivado após funcionários terceirizados do Restaurante Universitário (RU) terem sido demitidos. Eles alegam que os trabalhadores foram alvo de perseguição política e práticas antissindicais.
“A ocupação será mantida até que a universidade cumpra com suas competências de fiscalização das abusividades trabalhistas e exija a reintegração dos trabalhadores demitidos por motivos políticos”, diz o texto. “A ocupação do Departamento de Serviços Gerais não tem previsão de desocupação até que os trabalhadores sejam reintegrados”.
Durante a invasão ao prédio da DLIC, cerca servidores ficaram presos e impossibilitados de sair da instituição. Por causa disso, a Polícia Militar foi acionada. De acordo com o tenente Rodrigo Cruz, a informação inicial era que entre 100 e 150 pessoas estavam em cárcere, mas que foram liberados após a PM conversar com os alunos que faziam a ocupação. No entanto, a universidade explicou que 50 servidores trabalhavam no Departamento de Licitações e Contratações e também no Departamento de Logística no momento da invasão por 20 estudantes mascarados. Todos os reféns foram liberados gradativamente e somente os estudantes seguem dentro do local.
Segundo a UFPR, a universidade realizou todos os trâmites de terceirização dos funcionários do RU dentro da legalidade e com acompanhamento do Ministério Público do Trabalho. Por isso, espera que os estudantes desocupem o local pacificamente e afirma que está disposta a dialogar com eles. No entanto, a UFPR desaprova a maneira utilizada pelos manifestantes, já que os servidores foram empurrados no momento da invasão e uma colaboradora chegou a registrar um boletim de ocorrência por agressão.
Trânsito
Por questões de segurança, todas as ruas no entorno da Reitoria ficaram bloqueadas por quase uma hora. Alguns lojistas da região informaram que a PM chegou a pedir que eles fechassem seus estabelecimentos, já que poderia haver confronto com os manifestantes. Às 14h, porém, o trânsito nas ruas XV de Novembro e Amintas de Barros foi restabelecido, mantendo a interdição apenas nas ruas Dr. Faivre e General Carneiro.
Impasse com terceirizados
De acordo com Mário Message, professor da graduação da UFPR, a FALTT atua há cerca de dois anos, sempre se posicionando sobre as condições de trabalho dos terceirizados da instituição, que enfrentam situações de reduções de salário e demissões com certa frequência. Desta vez o protesto diz respeito ao contrato vigente para o Restaurante Universitário (RU). “Até 2017 a universidade tinha um contrato para um determinado número de funcionários trabalhando no RU. Esse contrato acabou e o novo contrato foi feito exigindo apenas o serviço oferecido, ou seja, a entrega de alimentos para os estudantes independente do número de funcionários”, explica Message.
De acordo com o professor, isso significa que uma empresa terceirizada foi contratada, e a instituição passou a ter como obrigação apenas verificar se as refeições são entregues com qualidade. A empresa é responsável por gerenciar seus funcionários e as atividades que estes desempenham - o que, pela redução do orçamento, implicou em demissões e acúmulo de funções de cozinha e limpeza, por exemplo.
Em nota, a UFPR afirma que o novo contrato foi estabelecido há dois meses para operar todos os restaurantes universitários da instituição em Curitiba. À universidade, conforme a publicação, “cabe fiscalizar os contratos mantidos entre a empresa contratada e seus empregados, o que tem sido feito com absoluto rigor”.
Além disso, a universidade afirma estar em diálogo com a comunidade universitária sobre os restaurantes e a situação dos funcionários terceirizados.
Procurados durante o ato desta tarde pela reportagem, estudantes integrantes da FALTT disseram que não irão conceder entrevistas, apenas divulgar as informações por fontes próprias, que serão incluídas nesta reportagem
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