Além de impedir a propagação do coronavírus na cidade, o isolamento social adotado por Curitiba teve outro efeito colateral positivo. Com as pessoas em casa, a poluição do ar na capital paranaense caiu drasticamente. Esse cenário, porém, durou pouco. O afrouxamento das medidas restritivas diante da pandemia, e a consequente volta dos carros às ruas, devolveram o monóxido de carbono (CO) e dióxido de nitrogênio (NO2) para a realidade do ar curitibano. O período de estiagem no estado também contribuiu para o aumento das taxas desses gases - as as maiores desde março. A tendência é que os dados da poluição sigam subindo.
De acordo com dados do Instituto Água e Terra do Paraná (IAT), órgão do governo do Paraná responsável pela medição, os números que no dia de 17 de março - período em que o isolamento social já estava sendo fortemente recomendado - eram de 0,5 CO partículas por milhão (ppm) e 6,0 NO2 partículas por bilhão (ppb). Em dois meses, esses indicadores mudaram de maneira revevante: no dia 17 de maio, chegaram a 1,5 CO ppm - o triplo - e 94,2 NO2 ppb – 15,7 vezes mais.
O aumento dos poluentes no ar está diretamente ligado ao fato de a população voltar à rotina normal. “Podemos dizer que à medida que os veículos voltaram a circular nas ruas, a concentração destes poluentes está voltando a subir em comparação aos valores vistos durante a primeira semana da quarentena”, detalhou João Carlos Oliveira, técnico do setor de qualidade do ar do IAT.
As medições são feitas diariamente por equipamentos automáticos, que captam amostras de ar. São quatro na cidade. Os dados são enviados para um software que converte os sinais recebidos em valores correspondentes a cada concentração de poluente analisado.
Os menores índices de poluição registrados nos últimos 60 dias foram de 0,1 ppm de monóxido de carbono no dia 3 de maio. A medição de dióxido de nitrogênio que apresentou índices menores foi de 0,5 ppb, no dia 7 de abril.
Embora estejam piorando diariamente, os números de Curitiba não são considerados preocupantes pelo IAT. Em termos de CO, a taxa considerada normal, ou boa, é até 9 ppm; entre 9 e 11 ppm, é regular; passa a ser inadequada quando vai de 11 a 13 ppm; entre 13 e 15 já é uma quantidade ruim do poluente; e acima disso a taxa é considerada péssima.
Por sua vez, o NO2 é aceitável, ou bom, é de 0 a 200 ppb; passa a ser considerado irregular quando varia entre 200 e 260 ppb; é inadequado na taxa entre 260 e 340 ppb; e acima disso passa a ser ruim, se alcançar no máximo 1130 ppb; superior a isso já temos números péssimos.
Além da tendência ser de aumento da poluição do ar nas próximas semanas, pela volta das atividades rotineiras do município, outro fator que preocupa o técnico do IAT é a estiagem que afeta o Paraná. O Departamento de Economia Rural (Deral) divulgou na última segunda-feira (18) um estudo que aponta que o estado enfrenta o período mais crítico dos últimos 50 anos em relação à falta de chuva. “Quando chove, a umidade do ar não deixa que acumule tanto a concentração de poluentes na atmosfera. A chuva 'lava' a atmosfera e isso, infelizmente, não está acontecendo”, finalizou.
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