Delegada Camila Cecconello solicitou a transferência de Carlos Eduardo dos Santos para que ele participe da reconstituição da morte de Rachel Genofre em Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Após a confirmação da prova genética e a admissão do suspeito de matar a menina Rachel Genofre — encontrada morta em uma mala na rodoviária de Curitiba em novembro de 2008 com sinais de abuso sexual —, agora a Polícia Civil quer saber se Carlos Eduardo dos Santos, 54 anos, teve colaboração de outras pessoas no crime. Para isso, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tenta o quanto antes a transferência de Santos para Curitiba para que ele participe da reconstituição do crime. Ele cumpre pena de 22 anos por crimes sexuais, estelionato, furto e roubo em um presídio em Sorocaba, interior de São Paulo.

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Santos foi identificado pela terça-feira (17) quando material o genético dele bateu com a prova de DNA colhida no local do crime há quase 11 anos. Terça-feira (24), em depoimento a uma equipe da Polícia Civil do Paraná que foi a Sorocaba, Santos admitiu ser o assassino ao se fingir de produtor cultural infantil para atrair Rachel com a promessa de que a levaria a um programa de televisão.

A delegada Camila Cecconello, chefe da DHPP, explica que entre as lacunas que a reconstituição pode eliminar está a possibilidade da participação de mais pessoas no crime. “Ele nos falou sobre o envolvimento de outras pessoas e vamos averiguar essa informação. Vamos interrogar essas pessoas”, conta a delegada.

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Outra lacuna no depoimento é o tempo que Santos teria permanecido com Rachel. À polícia, ele disse que esteve com a menina apenas um dia. No entanto, o corpo foi encontrado na rodoviária dois dias depois de ela desaparecer.  “Ele disse que estuprou e matou Rachel no mesmo dia. No entanto, esse é um indício de que há uma falha no depoimento, já que ela desapareceu por dois dias, não um”, explica a delegada.

Carlos Eduardo dos Santos, 54 anos, preso desde 2016 em Sorocaba (SP): DNA dele corresponde ao material genético colhido em 2008 na investigação da morte da menina Rachel Genofre.

A possibilidade de que mais pessoas possam ter participação na morte surpreendeu o advogado da família de Rachel, Daniel da Costa Gaspar. "Ficamos surpresos de que outras pessoas podem estar envolvidas no crime", aponta.

Trâmites

Já na sexta-feira (20), um dia após a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) divulgar que o material genético colhido na cena do crime era o mesmo de Santos, a Polícia Civil solicitou à Justiça de São Paulo a vinda de Santos a Curitiba. A previsão é de que a transferência seja feita em um mês, segundo a polícia.  "É importante que ele seja transferido para reconstruirmos a cena do crime e saibamos como ele agiu, o itinerário dele. Por isso, a presença dele na cidade facilita o andamento das investigações”, enfatiza a delegada.

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Entretanto, aponta Camila, mesmo que Santos venha para Curitiba, ele pode não colaborar na reconstituição. "Mesmo que tenha admitido o crime, não é certeza que ele ajude a reconstituir. Até porque não há como sabermos o que ele está pensando no momento. Como estelionatário, é difícil decifrarmos isso", diz Camila.