Se por um lado os patinetes elétricos conquistaram a simpatia de quem busca um modal de deslocamento mais rápido pela região central de Curitiba, por outro, denúncias de mau uso do veículo continuam a se acumular. Na Central 156, reclamações constantes levantam contradições que, na prática, só poderiam ser resolvidas por meio da regulamentação - cuja discussão está emperrada desde maio e ainda não data para sair do papel.
As denúncias feitas pela central de reclamações da prefeitura de Curitiba abordam problemas comuns: estacionamento em local inadequado, o que prejudica a passagem de pedestres, e "descontrole" de usuários durante o uso do equipamento. E para muitas dessas reclamações, a prefeitura vem adotando como resposta padrão que a regulamentação do uso dos patinetes elétricos e bicicletas compartilhadas está em fase final de estudo. O que não é bem assim.
Depois de serem discutidas pela Superintendência de Trânsito de Curitiba (Setran), as regras que vão colocar os modais compartilhados em harmonia com o trânsito de carros e pedestres pararam à espera de uma decisão nacional sobre o tema. A pasta chegou a levantar, inclusive, a possibilidade de multas para as empresas e propor limitar a velocidade dos patinetes, mas nada ficou definido.
Nesse meio tempo, o processo passou para as mãos da Urbs, que gerencia o sistema de transporte de Curitiba. O órgão ficará responsável por regulamentar a atuação das empresas dos modais compartilhados, enquanto a Setran seguirá responsável por fiscalizar o uso dos equipamentos.
A Urbs não deu um prazo para finalizar a discussões no âmbito da atuação das empresas, mas adiantou que as regras levarão em conta "o entendimento da importância que os patinetes ganharam na facilitação do transporte para seus usuários".
Problemas
Enquanto a regulamentação não sai, as reclamações continuam a chegar. Somando os meses de março, abril e junho (maio não estava disponível no portal da prefeitura), foram 19 queixas feitas ao 156 - mais de uma por semana - que tratam de problemas com os modais. Em uma delas, o reclamante sugere que vai passar a andar com um martelo e danificar os patinetes mal estacionados se não houver rápida intervenção da prefeitura.
O eletricista Luiz César Prosdócimo, que possui visão baixa, afirmou já ter acionado 12 vezes o portal 156 para denunciar os problemas com patinetes na cidade, sob o argumento de que os veículos nas calçadas se tornaram um perigo para ele e outras pessoas com deficiência visual. “Toda vez que vou para o Centro encontro bicicletas e patinetes largados em cima da calçada. Eles são obstáculos para nós [deficientes visuais]. Além disto, transitam por cima da calçada”, ressalta.
Prosdócimo chegou a citar um acidente com uma mulher que possui deficiência visual total. Segundo ele, ela estava andando com a bengala, bateu no patinete e o modal caiu em cima dela.
Para evitar novos acidentes, o eletricista faz a sua parte na rua. “Toda vez que eu encontro um desses veículos no caminho, eu estaciono em um cantinho, para que não fira outras pessoas”, relata. A resposta de que a prefeitura estuda a regulamentação do sistema não agrada o deficiente visual. “Até eles regulamentarem eu vou continuar correndo riscos e estacionando as bicicletas e patinetes”, enfatiza.
Sem as normas específicas, Setran e Guarda Municipal atuam somente com a orientação aos usuários de acordo resolução de 2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabelece que patinetes nas calçadas não podem ultrapassar os 6 km/h.
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