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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

Na Arena da Baixada, lar do Clube Atlético Paranaense, ecoa no ar um vozeirão inconfundível. A melodia diferente da original, puxando para o blues, em arranjo de Sérgio Justen, acompanha o hino cantado por um torcedor ilustre, Reynaldo Accioly Filho, o Reyzinho. A homenagem foi prestada pelo clube logo após seu falecimento, em outubro, aos 59 anos. A música foi tocada no intervalo de um dos jogos, acompanhada por fotos dele no telão, muitas tiradas na própria Arena, local cativo do rubro-negro.

Apesar do porte físico – em determinada época chegou a pesar 147 quilos, como ele próprio dizia, “praticamente um Fiat” – Reyzinho era ágil, o que fazia com pudesse se dedicar não apenas a assistir aos jogos, mas a arriscar jogadas nos campos de futebol também, por diversão. Driblava os adversários de bola e saía rindo. Além disso, sempre cantou e dançou, participando de escolas de jazz e balé.

Com o irmão Othon e alguns amigos, montou a banda Azeitona Dá Um Tempo, também conhecida como Os Azeitonas, que botava em pé a noite curitibana desde o final dos anos 80. Cada show era um espetáculo. Reyzinho se preparava com minúcia para subir ao palco, às vezes usando sarong, chapéu ou algum adereço diferente. Entre as participações especiais das apresentações da banda estavam figuras da música curitibana como o baterista Endrigo Bettega e o instrumentista já falecido Saul Trumpet. No repertório, funk, soul, rock e MPB, com atenção especial para Jorge Ben, Barão Vermelho e, claro, Tim Maia.

Reyzinho era chamado de Tim Maia pela semelhança física, pela voz e pelas frequentes imitações que fazia do cantor. No entanto, não eram só nessas características que ele se aproximava de Tim. O jeito desbocado, sem papas na língua, e a quantidade de histórias – especialmente as divertidas – que viveu também se igualavam às do ídolo.

Sempre movido a música, era assíduo frequentador da Ilha do Mel desde a juventude, na época em que ainda não havia tanto acesso a luz ou água encanada no local. Passava finais de semana com os amigos na praia se alimentando de sol, conversas e música. Um dos causos que guarda do local é o da vez em que decidiu dormir na areia, em frente à casa onde estava ficando, sobre uma esteira de praia. Durante a noite, para também tirar um sarro do grande tirador de sarro Reyzinho, os amigos que o acompanhavam retiraram sua bermuda enquanto ele dormia. De manhã, ao acordar como veio ao mundo em meio às famílias que chegavam à praia, saiu correndo para a casa se cobrindo com a esteirinha, enquanto os colegas rolavam de rir.

Aos sábados, era ele quem cozinhava a feijoada no bar do irmão em um evento que resumia a alma de Reyzinho: música, amigos, boa comida e bebida e diversão. Com extremo alto astral e alegria contagiante, servia de guru ocasional para outros músicos. “Quem teve o privilégio de conviver com ele teve a bênção de uma vida maravilhosa”, reflete o amigo Miau Carraro.

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