Motoristas têm reclamado que as obras de recape asfáltico realizadas durante o dia atrapalham o trânsito. Eles se referem às obras de curta duração, que começam por volta das 9h e terminam no mesma data. A principal pergunta é sobre o horário: por que essas obras rápidas não são feitas no período da noite? Obras mais longas, como realizada no mês de abril na Monsenhor Ivo Zanlorenzi, no Mossunguê, em uma região de pouca alternativa para desvios de tráfego, também geram dúvidas sobre o planejamento da prefeitura. A conclusão do recape asfáltico dessa via específica levou quase um mês, causando lentidão no trânsito pelos inúmeros bloqueios parciais de faixas. Os transtornos ainda devem se espalhar pela cidade ao longo do ano, já que administração municipal anunciou as primeiras 204 ruas de Curitiba que vão receber asfalto novo.
Questionada sobre a possibilidade de realizar obras de trânsito em horários alternativos, a Secretaria de Obras Públicas de Curitiba (SMOP) informou que a execução dos serviços de pavimentação durante a noite resultaria em aumento do custo da mão de obra em aproximadamente 25% e queda da produtividade, já que os trabalhos teriam que ser executados em menos horas por dia, para atender a legislação ambiental e não afetar o trânsito nos horários de pico.
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Em nota, a secretaria também explicou que se houvesse a troca de horário, a prefeitura teria que reduzir o número de ruas revitalizadas na cidade – a previsão para 2018 é de 265 vias. Além disso, a SMOP diz levar em conta questões de segurança para os trabalhadores e para os usuários das ruas e ainda os níveis de poluição sonora para os moradores das vias que estão sendo revitalizadas.
Transtornos
Moradora do Mossunguê, a médica veterinária Ana Paula de Oliveira Souza, 39 anos, disse que sofreu com o caos no tráfego durante as obras na Ivo Zanlorenzi, principalmente quando percebeu a falta de sinalização específica para a realização dos trabalhos. Segundo ela, os congestionamentos em horário de pico chegavam a 20 minutos. “Por causa disso, muitas vezes eu optava por sair pela BR-277 ou pela Paulo Gorski, conforme as obras iam avançando ao longo da via. O pior era não ter um padrão. A gente nunca sabia que lado da pista estaria fechada, quantas faixas, quantas quadras. Não havia sinalizações de possíveis desvios. Para quem mora no Mossuguê já é difícil, imagine as pessoas que chegavam na cidade pelo contorno e se deparavam com essa bagunça”, questiona.
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A Ana Paula chegou a pensar se não seria melhor as obras acontecerem à noite, mas ela acha que um horário expandido talvez já resolvesse. “Pelo distúrbio causado pelo barulho, o horário de trabalho poderia começar mais cedo e terminar mais tarde. Nessa obra, era comum não trabalharem nas sextas-feiras e nem nos finais de semana. Fico extremamente preocupada se esse mesmo padrão de tempo ocorrer em uma eventual reforma em outra rua do bairro”.
A professora da UFPR Márcia de Andrade Pereira Bernardinis, doutora em transportes e vice-coordenadora do programa de pós-graduação em planejamento urbano, ressalta que as obras noturnas são bem vistas pela engenharia de tráfego, quando se trata da fluidez do trânsito, mas há fatores que devem ser levados em conta no planejamento dos serviços em período noturno. “Não pode ser qualquer tipo de obra, é preciso uso de máquinas robotizadas com menor ruído, a sinalização precisa de mais visibilidade, os EPIs dos trabalhadores devem ser específicos para jornada noturna e a legislação de cada cidade deve ser respeitada, até para definir um tempo expandido de trabalho durante o dia”, aponta a Márcia de Andrade.
Segundo a professora, Curitiba ainda não tem infraestrutura para intervenções nesse sentido. “Na Comunidade Europeia as obras noturnas são realidade. Há certos recapes que não levam mais do que 15 minutos para serem concluídos. Mas, aqui, ainda não há equipamentos para isso, a negligência dos motoristas aumenta à noite, o que traz mais risco de acidentes, e até o tempo de secagem da pavimentação pode se alterar pelo clima do Sul”, explica. “Enquanto a realidade não muda, é preciso ter em mente todas essas variáveis”, orienta a Márcia Andrade.
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