Moradores dos bairros Santa Felicidade e Uberaba, em Curitiba, decidiram utilizar o aplicativo WhatsApp para aproximar a comunidade da polícia e trazer mais segurança para suas vizinhanças. Os grupos começaram no primeiro semestre deste ano e têm o objetivo de alertar a comunidade a respeito de assaltos, informar se houver indivíduos em atitude suspeita pelas ruas e até auxiliar na identificação de criminosos. Segundo a polícia, a iniciativa é muito positiva, desde que o grupo seja utilizado com responsabilidade.
No caso do grupo “SOS Santa Felicidade”, por exemplo, o coordenador precisou estabelecer algumas regras para que correntes de redes sociais e mensagens de “bom dia” não prejudicassem a transmissão de pedidos de socorro ou de alertas. “Somente informações relacionadas à segurança do bairro podem ser divulgadas ali. Assim, quando chega uma mensagem no grupo, o pessoal já sabe que é algo importante e dá atenção ao que está escrito ali”, explica o estudante de Direito e responsável pelo grupo, Bruno Lucca, 26.
- Dicas - como montar no Whatsapp um grupo de segurança no bairro
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Segundo ele, a ideia conseguiu aproximar moradores, policiais militares que atuam na região e diversos guardas municipais. Com isso, todos têm acesso às publicações com rapidez e a iniciativa tem trazido resultados significativos. “Teve um caso em que a equipe policial em patrulhamento viu no grupo a informação de uma casa arrombada e chegou bem rápido à situação. Em outro, divulgamos a foto de um suspeito de pedofilia e conseguimos ajudar na prisão dele”.
A iniciativa foi tão apreciada que até incentivou a reativação do Conselho de Segurança (Conseg) do bairro. “Inclusive, já fizemos algumas reuniões para definir diretoria e iniciar o planejamento, e todos os encontros foram marcados ali no grupo”, comentou.
Utilizar o WhatsApp para melhorar a segurança do bairro também deu certo no Uberaba, onde 256 pessoas participam há três meses da iniciativa. Ali, o grupo foi criado pelo blogueiro Jeferson Salles, que tem uma página de notícias a respeito da região. “Eu percebi que a violência no bairro estava aumentando muito”, afirmou. Então, aproveitou sua rede de contatos para juntar moradores e policiais em um grupo do aplicativo. “Foi uma tentativa para diminuir a incidência de furtos e roubos aqui”.
De acordo com ele, a ideia deu certo e todos colaboram com informações a respeito de atitudes suspeitas, veículos roubados e também com filmagens de assaltos para auxiliar na identificação dos bandidos. “Há cerca de 15 dias, por exemplo, nós postamos imagens de um rapaz assaltando uma lanchonete do bairro e a polícia conseguiu encontrar o homem com a ajuda da comunidade”, comemorou.
Contato via 190
Para a Polícia Militar, a iniciativa é muito positiva e válida para auxiliar na segurança de todos, principalmente porque une os moradores no objetivo de proteger a região. “É uma orientação da PM que os vizinhos se conheçam para que possam agir em conjunto em qualquer situação de auxílio ao próximo”, pontuou, em nota.
Esse conhecimento entre os vizinhos que participam do grupo também é importante para a análise das informações transmitidas no grupo. De acordo com o delegado Demetrius Gonzaga, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes de Curitiba, muitas informações falsas e boatos são frequentemente espalhados pelas redes sociais e, por isso, é necessário confiança entre os participantes.
“Uma pessoa mal-intencionada pode se aproveitar da situação para publicar uma postagem mentirosa a respeito de alguém que ela não goste, fazendo esse indivíduo ser visto como um ladrão e passar por constrangimentos, por exemplo. Nós já acompanhamos muitos casos de pessoas inocentes que sofreram perseguição devido a mensagens equivocadas”, pontuou o delegado.
Por isso, ele solicita que os usuários utilizem o aplicativo WhatsApp e qualquer outra rede social de maneira responsável. “Você precisa saber que sua opinião será baseada no julgamento de terceiros, então deve ter muita cautela e aferir o grau de confiança, honestidade e ética de quem fez a postagem”.
Além disso, após checar os pedidos de ajuda e alertas no grupo, a Polícia Militar solicita que as informações sejam transmitidas às autoridades competentes por meio do telefone 190. Esse é o contato oficial de emergência da Polícia Militar que faz com que a instituição responda aos chamados com rapidez e ainda consiga mapear a criminalidade na cidade de acordo com a localização das chamadas.
- Proíba postagens de assuntos aleatórios no grupo. O membro deve saber que ali só são publicadas informações emergenciais.
- Verifique as informações postadas, solicitando imagens do fato e conversando com testemunhas.
- Transmita as informações à Polícia Militar pelo 190.
- Aceite novos membros somente por indicação para que haja confiança entre os participantes.
- Peça aos novos membros que preencham um cadastro com nome e endereço.
- Se possível, consulte os antecedentes criminais dos membros do grupo.
*Informações fornecidas pelos coordenadores dos grupos de segurança dos bairros Uberaba e Santa Felicidade
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