A desativação do módulo da Guarda Municipal no cemitério do Água Verde tem inquietado a vizinhança local. Ao ponto de causar transtornos até mesmo nos velórios. “As pessoas quase não estão vindo mais nos velórios à noite. A gente percebe isso. Os que ficam nas capelas às vezes se trancam. Tem gente que chega a colocar o banco na frente da porta para que ninguém de estranho entre”, afirma comerciante Isabel Domingues, proprietária de uma floricultura vizinha ao cemitério.
Moradores e comerciantes da região reclamam que depois que a presença dos guardas deixou de ser constante, os roubos e os furtos dispararam e a aglutinação de criminosos que se passam por moradores de rua passou a exigir ainda mais prudência de quem vive por ali. Nem mesmo a pista de caminhada do entorno — inaugurada há pouco mais de um ano — tem resistido à sensação de insegurança.
“Muitas senhoras reclamam que andam nessa pista com medo. Do que adianta fazerem um pista de lazer, mas que não tem como usar porque falta segurança?”, critica Sandra Regina Schmidlin, de 55 anos, proprietária de uma banca de revistas aos fundos do cemitério. “Nosso problema aqui é falta de guardas”, analisa.
O autônomo Adenilson dos Santos, de 43 anos, conta que deixou de usar a pista de caminhada com mais frequência por medo de ser assaltado. Ele acredita que a falta de policiamento deixou moradores e comerciantes locais muito mais vulneráveis. “Eu caminhava bastante aqui no início, mas parei um pouco e percebi que muita gente fez o mesmo. Vira e mexe, aqui tem coisa. Moro ao lado de uma padaria que foi assaltada duas vezes semana passada”, diz Santos.
A pista que poderia reunir mais pessoas ao longo do dia tem 1,5 mil metros e foi inaugurada em maio do ano passado, na gestão de Gustavo Fruet (PDT). O investimento foi de aproximadamente R$ 412 mil. Mas, para os moradores, isso de nada adianta sem a presença da guarda. Para quem vive na região, o retorno das rondas nas proximidades do cemitério poderia dar mais segurança não apenas para quem usa a pista, mas também garantir mais noites de sono aos comerciantes da região.
Isabel Domingues, de 59 anos, é a prova disso. Na manhã do dia 13 de julho, ela abriu a loja de flores que mantém ao lado das capelas do cemitério e se deparou com janelas quebradas e portas e gavetas arrombadas. Dias antes, já tinha se queixado do prejuízo deixado por ladrões que roubaram o computador da loja. “Quebraram o vidro, levaram o troco que estava na gaveta e estragaram todas as nossas flores. Agora e vamos ter que colocar grades”, disse a proprietária, que há poucos meses já tinha decidido fechar as portas do estabelecimento mais cedo: as vendas, que antes iam até as 19 horas, agora se encerram às 18 horas.
A poucos metros dali, Maria Regina Bedin, de 50 anos, responsável por outras duas lojas de flores e velas, enfrentou situação semelhante. Na mesma noite da invasão no ponto comercial de Isabel, a loja dela também foi furtada. “Jogaram tudo no chão. Eles arrombaram as gavetas que estavam trancadas e levaram todo nosso estoque de vela e fósforo”, relatou.
Módulo insalubre
Em nota, a prefeitura de Curitiba informou que o módulo da Guarda Municipal no cemitério Água Verde foi desativado na metade do ano passado a pedido do Ministério Público do Trabalho, que alegou que as instalações eram insalubres para os guardas trabalharem. “O módulo ficava atrás de uma floricultura, era pequeno e sem ventilação suficiente”, afirmou a Secretaria Municipal de Defesa Social.
Segundo a pasta, mesmo com a desativação do módulo, guardas permanecem fazendo rondas a pé dentro e fora do cemitério Água Verde. “Além disso, são feitas patrulhas motorizadas, com viaturas e motos, ao redor do cemitério e na região próxima”, acrescentou a nota.
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