| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Assim que a juíza da 1.ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, Luciani Regina Martins de Paula, encerrou o terceiro dia das audiências de instrução e julgamento do caso do jogador Daniel, assassinado em outubro de 2018, os réus e integrantes da família Brittes, Edison, a esposa Cristiana e a filha Allana, foram chamados pelo advogado deles, Cláudio Dalledone Jr., para registrar o momento. Sorrisos, três selfies disparadas e despedida. Esse foi o “episódio final” de três dias de audiência, que teve um pouco de tudo: 13 testemunhas de acusação ouvidas, bate-boca entre advogados, reencontro no camburão, família da vítima frente a frente com os réus, choro, risos contidos e ironias. Tudo no Fórum de São José dos Pinhais, cidade onde ocorreu o assassinato. O próximo encontro já está marcado para 1.º de abril, quando será a vez dos depoimentos de defesa começarem.

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É com base nessas oitivas que a juíza vai decidir se os sete réus vão a júri popular. Respondem ao processo, além da família Brittes, David William da Silva, Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e Evellyn Brisola Perusso. Ela é a única que está em liberdade.

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Balanço

O representante da família de Daniel e assistente de acusação, Nilton Ribeiro, saiu bastante satisfeito com o teor dos depoimentos e disse não ter dúvida de que o caso vai a júri popular e que os réus serão condenados. “Ficou demonstrado o que realmente ocorreu, um crime horrendo. Não há uma excludente disso tudo, ou seja, não há qualquer desculpa para que sejam isentados de pena. Por isso, não resta dúvida de que eles têm que ser submetidos ao plenário do Tribunal do Júri”, afirmou. “Na minha visão, não há a menor possibilidade de serem absolvidos”, afirmou.

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Segundo Ribeiro, a presença dos familiares da vítima foi determinante e será importante para a decisão da juíza de remeter o caso ao crivo popular. “Foi muito importante [a presença deles] para mostrar à sociedade quanta dor esses criminosos causaram. Não foi só a vida do Daniel que eles tiraram, mas de toda a família, que está enlutada e nunca mais vai se recuperar”, salientou Ribeiro.

Pelo lado da defesa da família Brittes, ficou também um sentimento de otimismo, especialmente em relação à suposta participação de Cristiana no homicídio e à razão que motivou o crime por parte de Brittes Jr, que a defesa sustenta que foi passional. “As circunstâncias e o agir do Daniel, que foi criminoso, porque importunação sexual é crime, ocasionou que o marido o flagrou e foram feitas agressões e acabou, infelizmente, desbordando para homicídio. É o típico crime construído pela vítima”, analisou o advogado Cláudio Dalledone Jr.

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Apesar disso, o defensor reconhece que os réus devem ser condenados em um possível júri popular. Ele ressalta, no entanto, que seus clientes deveriam“responder por aquilo que realmente aconteceu”. “O que se confirmou nesses dias é que houve importunação sexual sim e que Cristiana não participou, não coadjuvou ou prestou auxílio para o homicídio”, concluiu Dalledone Jr.

As audiências de instrução e julgamento do caso continuam nos dias 1.º, 2 e 3 de abril. As novas datas foram determinada pela juíza porque os depoimentos demoraram mais tempo do que o esperado. No retorno das sessões, começarão a ser ouvidas as testemunhas de defesa. Somente o advogado da família Brittes arrolou 48 testemunhas, sendo 17 de Edison Brittes, 16 da esposa Cristiana e 15 da filha Allana. Há ainda as 47 testemunhas dos outros quatro acusados, totalizando 95 pessoas a serem ouvidas. Somente ao fim dos depoimentos que os sete réus falarão frente à juíza.

O ambiente

O palco das audiências, o Fórum de São José dos Pinhais, teve a rotina completamente alterada nos três dias. Abarrotados de jornalistas e protegidos por policiais militares, os corredores do segundo andar viraram ponto de entra e sai de advogados, assistentes, testemunhas e réus. Tudo aos olhos dos familiares do jogador Daniel, que vestiram o tempo todo camisetas com a imagem dele.

Na sala de audiência, de pouco mais de 20 metros quadrados, a juíza Luciani Regina Martins de Paula, conduziu os depoimentos de maneira bastante calma, apesar dos momentos de exaltação e embate, com direito a dedos em riste, entre o advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone Jr., e o assistente de acusação e representante da família de Daniel, Nilton Ribeiro. O clima esquentou a ponto de a juíza ameaçar encerrar a sessão durante o depoimento da tia de Daniel, Iolanda Regina Corrêa de Assis.

Foi nessa mesma sala que, pela primeira vez, a mãe do jogador, Eliana Aparecida Corrêa Freitas, ficou frente a frente com o réu confesso do assassinato do filho. Emocionada, com voz embargada e interrompida em alguns momentos pelo choro, falou sobre Daniel e ficou sob o olhar fixo de Edison Brittes. Ela, entretanto, evitava o contato visual.

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As audiências também marcaram o reencontro da família Brittes, que ocorreu na segunda-feira (18), ainda no camburão a caminho do Fórum. O veículo deixou a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP) com Allana e Cristiana e passou na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, onde Edison Brittes está preso, antes de se dirigirem ao local da audiência. No Fórum, tiveram pouco tempo para conversar. Durante os depoimentos, trocaram olhares e alguns cochichos.