A crise de abastecimento de comida chegou aos restaurantes de Curitiba. Diversos estabelecimentos já estão preocupados com a situação. A rede de restaurante Madero, por exemplo, já entrou em estado de alerta após alguns produtos já começarem a faltar nos restaurantes. Por causa disso, a empresa não descarta a possibilidade de fechar algumas unidades caso a greve permaneça nos próximos dias. Em outros bares, pode faltar também chope e cerveja.
De acordo com a empresa, o problema está na impossibilidade de distribuir os produtos que estão em sua fábrica, localizada em Ponta Grossa. Por meio de sua assessoria de imprensa, ela explica que o estoque na fábrica é grande, mas os caminhões não conseguem entrar ou sair do local. Ilhados, eles não fazem a distribuição dos produtos — e quem já começa a sentir isso é o consumidor.
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Até o fim da manhã, a rede ainda não tinha um levantamento completo dos produtos que já estavam em falta, mas disse já estar preparada para soltar um comunicado aos clientes sobre o desabastecimento ainda na tarde desta quarta-feira (24) caso a paralisação nas estradas continue. Se os alimentos não saírem das fábricas, alguns restaurantes podem ser fechados já neste fim de semana.
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Outros casos
Mas o Madero não é o único a sofrer o impacto da greve. Rafael Justo Rebelato, 37, dono da Hamburgueria Água Verde, teve que tirar os peixes do cardápio. “Temos três fornecedores de peixe do Paraná e Santa Catarina e nenhum deu indicativo de entrega para os próximos dias. Tive que mudar o cardápio. Tirei os peixes e parte da carne de gado. Também tive que mudar o cardápio de frutas e verduras. Essa é a realidade de momento”, afirma.
Além disso, segundo ele, também pode faltar chope e cerveja na capital. Ele conta que pediu seis barris das bebidas para a Ambev, mas a empresa afirmou que não tem como entregar. “Tenho chope até segunda-feira, ou antes, se o movimento aumentar durante o final de semana”, afirmou. O restaurante serve buffet para almoço e lanches à noite e também pode ter alterações no preço. “Encontramos o quilo da cebola roxa, usada nos hambúrgueres, a R$ 18. O preço normal é R$ 5”.
A mesma preocupação tem Ana Lúcia Ribeiro, 35, gerente do Curitibana, na Praça Carlos Gomes. Ela tem reserva até o final de semana e não consegue repor as mercadorias. “Conseguimos fazer os pedidos, mas os fornecedores dizem que não têm previsão de entrega. Todos são do Paraná, mas as estradas bloqueadas interromperam esse fluxo”, afirma. Segundo ela, o preço do gás aumentou na última semana e os novos alimentos devem vir com aumento. “O preço será repassado ao consumidor final, não tem como”, aponta.
Sérgio Luiz Chueh, 42, proprietário do tradicional Restaurante Imperial, no Centro, se programou com antecedência. “Os fornecedores tinham antecipado essa situação e nós optamos por comprar grandes quantidades e deixar no estoque dos próprios fornecedores. Mas estou com problema no peixe. Se continuar, vou ter que tirar do cardápio”, avisa. Segundo ele, o movimento do comércio da região central caiu muito nos últimos dois meses. O restaurante vai reformular o cardápio para ter pratos mais modestos.
Também há preocupação em restaurantes menores. O Churrasco Iguaçu, que serve pratos feitos e marmitas com carne, diz que já teve problema com um fornecedor de carne e o estoque só dura mais alguns dias. “O Ceasa está com muitos problemas. Com as hortaliças e verduras não sabemos o que fazer nem até amanhã”, afirma o proprietário, que não quis se identificar.
Já o Spich, que conta com 42 restaurantes em Curitiba e Região Metropolitana e serve almoço a apenas R$ 4,99, afirma que tem estoque para duas semanas, mas que há grande preocupação em relação a uma eventual paralisação dos ônibus. “Sem transporte público não tem como os funcionários vir ao trabalho, aí não tem como fazer comida”, afirma o gerente de uma das franquias do Centro. A rede não tem intenção de aumentar o preço em virtude dos sucessivos aumentos no transporte.
As duas lojas do New York Cafe, em Curitiba, estão com o estoque em dia e não há previsão para o estabelecimento fechar, garante a gerente geral Juliana Rodrigues. No entanto, há preocupação com a falta de limão e tomate, dois produtos que interferem pouco no cardápio. “Nosso fornecedor de hortifruti disse que não tem mais para entregar, mas estamos tranquilos quando a isso e não pretendemos fechar. No máximo, o que pode acontecer é retirarmos algum item do cardápio”, diz.
João Luiz Zucoloto, sócio-proprietário do Paraguassu Grelhados, passa por problemas semelhantes. Segundo ele, compras foram feitas pensando no estoque, mas nem todos os fornecedores vão conseguir entregar. “Trabalhamos com um frigorífico do Rio Grande do Sul, que já me avisou que não consegue chegar. Os funcionários também estão tendo dificuldade com o transporte público, pois moram em cidades da Região Metropolitana e os ônibus demoram para passar nos bloqueios. Se continuar assim, só vamos funcionar até o fim de semana”, garante. Mesmo com os transtornos, ele se diz favorável à greve. “De alguma forma temos que apoiar as mudanças no país”, aponta.
Para Fabio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), a principal preocupação é com as entregas. “Se continuar faltando combustível, o serviço deve ficar comprometido em Curitiba”, explica.
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