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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Aproximadamente 850 alunos da Escola Municipal Dona Pompília, no bairro Tatuquara, em Curitiba, estão sem biblioteca há cerca de um mês. Sem acervo próprio, os estudantes utilizavam o espaço de leitura e pesquisa do Farol do Saber ao lado da unidade. Mas esse farol teve as atividades suspensas no dia 27 de março – quando a única funcionária do espaço foi afastada por problemas de saúde. Com a decisão da prefeitura de não substituir a servidora, a comunidade também se queixa de ter perdido o único ponto de acesso à internet pública da região.

“Se você oferece um serviço como esse tem que ter uma estrutura. Quem sofre é a comunidade carente, que mal tem dinheiro para pegar ônibus e quem dirá pagar lan house para usar a internet com coisa que realmente precisa”, comentou Célio Borba, aposentado e morador do Tatuquara. Ele disse que costumava usar os computadores do farol para pesquisas e até mesmo para imprimir documentos. “São coisas que ajudam a gente no dia a dia. E quando funciona é muito bom”.

Formado por uma rede de 41 miniblibliotecas espalhadas pela cidade, o projeto Farol do Saber foi uma das marcas da primeira gestão de Rafael Greca à frente da prefeitura de Curitiba.

A direção do colégio que usa os serviços do farol no Tatuquara comentou que não cabe à equipe da instituição designar funcionários para atuar no espaço, mas reconheceu que, com o fechamento temporário do farol, os alunos estão sem biblioteca.

Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Laurita Rodrigues, 67 anos, dona de uma loja de locação de roupas em frente, disse que percebeu quando o espaço ficou sem atendimento. Segundo ela, mesmo assim a unidade ainda recebe um fluxo muito grande de pessoas que chega atrás dos livros ou mesmo na intenção de usar os computadores. “Eu não vejo ninguém aí faz tempo, das férias para cá. A única coisa que tem bastante é gente vindo perguntar se está fechado e o porquê de estar fechado. Nem sei o que responder porque não sei mesmo o que aconteceu”.

Na porta de entrada do posto, um primeiro cartaz, do dia 27 de março, fala em fechamento por 15 dias por causa de atestado médico da funcionária. Um segundo informa sobre a suspensão de atendimento entre 6 de abril e 5 de maio pelo mesmo motivo.

“O farol é bom porque a criança que não tem computador em casa pode usar o daqui. Mas agora não tem nem aluno aí usando”, observou a agente de saúde Angelita Clemente dos Reis, de 43 anos.

O superintendente executivo da Secretaria Municipal de Educação, Oséias Santos de Oliveira, confirmou que a servidora afastada é a única que atual na unidade. Recentemente, um estagiário foi deslocado para ajudar no atendimento, mas como ele precisa de supervisão para atuar, o espaço não pode abrir mesmo assim.

A pasta informou que está buscando uma alternativa para voltar a atender a escola e a comunidade. “Vamos ter que buscar na rede algum que possa dar esse suporte. Pode ser que antes de a funcionária voltar já esteja funcionando”, afirmou Oliveira.

Conservação

Especificamente no Tatuquara, o farol tem chamado a atenção não apenas por estar fechado, mas também pelas condições precárias em que se encontra. Moradores dizem que não é raro o prédio amanhecer pichado e com vidros quebrados. Eles também reclamam da pintura da unidade, que, se comparado a outras estruturas do projeto, está longe de parecer bonita. “Está até sem placa de identificação, mas está largado desse jeito desde a gestão passada”,apontou Carlos Gomes, de 52 anos, dono de uma farmácia em frente ao farol Dona Pompília.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, a própria estrutura dos Faróis do Saber – que se ergue como uma torre de farol – exige demandas específicas . Por isso, existe a intenção de por em prática um programa de recuperação desses espaços.

A ideia, contudo, não tem data para sair do papel. “Diante desse quadro econômico, nós estamos hoje priorizando casos de risco, as situações mais comprometedoras mesmo. Mas, mesmo assim, trabalhamos com a ideia de levar o projeto para frente quando der”, ressaltou Oliveira.

  • Farol fica ao lado da Escola Municipal Dona Pompília
  • Laurita Rodrigues, 67 anos, dona de uma loja de locação de roupas em frente ao farol
  • Estado atual do farol
  • “O farol é bom porque a criança que não tem computador em casa pode usar o daqui. Mas agora não tem nem aluno aí usando”, observou a agente de saúde Angelita Clemente dos Reis, de 43 anos
  • Sueli Alves da Silva, 57 anos ,aposentada, também lamenta o fechamento do espaço
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