Após mais de um ano de sossego, moradores e comerciantes dos arredores da Praça da Espanha, no bairro Bigorrilho, em Curitiba, voltaram a conviver com as brigas na saída dos bares, consumo excessivo de álcool e drogas, além de depredações e pichações. Os problemas reapareceram depois que o módulo móvel da Polícia Militar (PM) , que estava na praça desde maio de 2017 por determinação do ex-governador Beto Richa (PSDB), deixou de atuar 24 horas no local, passando por ali apenas algumas vezes durante o dia.
A determinação de Richa para a permanência do módulo móvel partiu depois que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) notificou a prefeitura de Curitiba para que reforçasse a segurança no logradouro, com sugestão, inclusive, de que a praça fosse cercada. A PM cumpriu a exigência de permanecer 24 horas na praça. No entanto, como não havia prazo estabelecido, o serviço foi encerrado neste ano.
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“Acho que foi durante a Copa do Mundo que eles pararam de ficar aqui dia e noite. Aí já começaram a aparecer diversas pichações e as brigas voltaram”, relata um guardador de carros, de 29 anos, que trabalha no local desde 2016 e preferiu não se identificar.
Já a comerciante Miriam Brandes, de 52 anos, acredita que a mudança na atuação do módulo ocorreu antes do Mundial. “No começo deste ano eles já não estavam ficando mais 24 horas – como era previsto”, disse a proprietária da banca localizada na praça. A mudança, segundo ela, trouxe de volta a preocupação. “Chego de manhã com medo de encontrar nossos vidros quebrados porque é de noite que acontece a maior bagunça aqui”, afirma.
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Um episódio recente que comprova a volta da violência na Praça da Espanha ocorreu na madrugada da sexta-feira (31) para sábado (1.º), quando a prefeitura fechou alguns bares da Rua Vicente Machado, ali perto. “Naquele dia muita gente veio para a Praça da Espanha e deu confusão”, relata o gerente de um bar na praça. “A polícia foi chamada e começou a atirar balas de borracha para dispersar a multidão. Aí o povo tentou invadir nosso bar e tivemos que fechar as portas às pressas”, afirmou.
Segundo ele, essa foi uma das ocorrências mais preocupantes dos últimos meses, mas não a única. “Sem um policiamento efetivo aqui, as brigas aumentaram e o número de usuários de drogas na praça também cresceu”, informou o gerente, que solicita o apoio da Guarda Municipal, já que as praças são responsabilidade da corporação. “Eu sei que alguns guardas ficam dentro do Farol do Saber ali da praça, mas quase não os vemos”, pontua.
Patrulhamento
Em nota, a Secretaria Municipal de Defesa Social de Curitiba – responsável pela Guarda Municipal - informa que há agentes que atuam 24 horas dentro desse Farol do Saber e que os guardas solicitam reforço em situações como a registrada na madrugada do dia 1º. Ainda de acordo com a secretaria, a confusão foi registrada por volta das 2h e um dos vidros do Farol do Saber foi quebrado no tumulto. Ninguém ficou ferido.
A pasta informa ainda que a operação “Balada Protegida”, realizada pela prefeitura de Curitiba, também coíbe a ação de baderneiros na região. “É uma forma de monitoramento constante, mas não por módulo fixo. E isso não quer dizer que a praça está desassistida”, informa a secretaria.
Enquanto isso, o módulo móvel da PM foi designado para atender diversas ruas dos Bigorrilho e Batel. A PM não informou a data em que a mudança ocorreu, mas explica que o patrulhamento continua na região da praça e que o módulo permanece no local durante algumas horas do dia. “O policiamento ostensivo não é fixo. Ele é dinâmico e muda de acordo com as estatísticas de criminalidade em cada região. Por isso, vimos a necessidade de também atender as ruas das proximidades”, informou a Polícia Militar.
Além do módulo móvel na região, a corporação informa que viaturas das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) e a Radio Patrulha também dão apoio às ocorrências no bairro e auxiliam a GM em algumas abordagens.
Câmeras de segurança
Um totem de segurança - equipamento eletrônico para monitoramento por câmeras e com comunicação direta com a PM - também segue instalado no local. A Gazeta do Povo procurou a Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) para saber se o totem está funcionando adequadamente, mas não recebeu retorno.
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