Um dia após Curitiba sair da bandeira vermelha, que decretou o lockdown como medida para justamente reduzir a pressão no sistema de saúde, três prontos-socorros particulares da cidade restringiram o atendimento apenas para pacientes graves por estarem superlotados. Desde quinta-feira (10), as emergências dos hospitais Pilar, Nossa Senhora das Graças e Marcelino Champagnat atendem apenas casos graves, deixando de receber pacientes leves e moderados de quaisquer enfermidades, não só de Covid-19.
O quadro dos três hospitais da rede privada é o mesmo dos três maiores serviços públicos de emergência da capital, dos hospitais do Trabalhador, Cajuru e Evangélico Mackenzie, que desde o dia 31 de maio também só atendem casos graves por causa da superlotação, com os casos leves e médios sendo encaminhados às unidades de saúde da prefeitura.
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"Nosso pronto atendimento está em restrição por superlotação de nossas alas de internamento e UTIs. Espero que todos compreendam que é por pura falta de espaço e equipamentos para manter nossos pacientes em segurança", declarou em vídeo enviado ao jornal Bom Dia Paraná, da RPC, o diretor clínico do Hospital Pilar, Paulo Sérgio Matschinske.
O argumento é o mesmo nos outros dois hospitais. "Com o aumento expressivo de procura por atendimento, o pronto atendimento está atuando com limitações nesta sexta-feira (11) e com leitos de UTI 100% ocupados. Em alguns momentos, o serviço atinge a capacidade máxima instalada e, por esse motivo, o atendimento fica restrito", informa em nota a direção do Marcelino Champagnat.
"Informamos que nosso pronto atendimento está com restrição de atendimento, priorizando pacientes com quadros clínicos graves. Trata-se de uma medida emergencial, parte do plano de contingência, que visa otimizar todos os recursos existentes aos pacientes mais graves, por atingirmos nossa capacidade máxima de atendimento devido à pandemia de Covid-19", explica a direção do Hospital Nossa Senhora das Graças também em nota.
Na última terça-feira (9) Curitiba saiu da bandeira vermelha após 12 dias de implantação do lockdown não só para tentar reduzir a superlotação nos leitos de Covid-19, mas também de todos os outros atendimentos nos prontos-socorros. Um dia antes das medidas restritivas severas entrarem em vigor no dia 29 de maio, os diretores dos três maiores prontos-socorros da capital participaram do anúncio oficial de que a capital entraria pela segunda vez na bandeira vermelha.
Isso porque os leitos do serviço de atendimento dos hospitais do Trabalhador, Cajuru e Evangélico Mackenzie estavam lotados não só de casos de coronavírus, mas também de pacientes com traumas de casos como acidentes de trânsito, ocorrências de violência entre outros. Uma semana antes, a prefeitura havia decidido fazer um lockdown no fim de semana justamente para atender, nas palavras da secretária municipal de Saúde Márcia Huçulak, um "pedido desesperado" dos diretores desses prontos-socorros, que já não estavam dando conta da demanda.
UTIs SUS de Covid-19 colapsadas
Já o sistema público de saúde também segue colapsado em Curitiba. Quinta-feira, a ocupação dos leitos de UTI SUS exclusivos para Covid-19 estava em 102%. Os leitos de enfermaria, por sua vez, estão próximos da lotação máxima, com 94% das vagas ocupadas, com apenas 48 leitos vagos.
Para tentar reduzir a pressão no sistema de saúde, a prefeitura adquiriu mais 38 respiradores de UTI e recebeu 46 monitores do Ministério da Saúde para abrir mais 38 leitos intensivos nos próximos dias. Quatro desse leitos novos já estão funcionando no Hospital Evangélico Mackenzie. Os outros leitos serão no Hospital do Idoso e em três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs): Tatuquara, Fazendinha e Boqueirão. Desde o fim de maio, todas as 13 UPAs de Curitiba atendem somente casos graves de Covid-19.
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