A instalação do semáforo na Linha Verde, na região do Bacacheri próxima ao Hospital Vita, piorou uma situação que já era complicada. O trecho é um velho problema dos motoristas, que encaram filas e lentidão por causa das obras que se arrastam por lá desde o fim de 2015. E o que era ruim parece ter ficado pior após a instalação do equipamento no início de setembro.
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O problema é que o sinal foi colocado em um ponto que, antes, era estratégico. Ele fica na altura da trincheira que liga o Bairro Alto e o Bacacheri, em uma esquina que era usada como via de retorno da pista sentido norte para a pista sentido sul. No entanto, com o semáforo, a solução virou problema e o cruzamento ficou ainda mais afogado, como reclamam vários motoristas.
Para o vendedor Lázaro Amâncio, que passa pela Linha Verde todos os dias para chegar ao trabalho, o tempo parado no congestionamento mais do que dobrou desde que o equipamento passou a funcionar. “A coisa piorou, e muito. Antes tinha trânsito, mas, devagar, ia. Agora o fluxo é interrompido o tempo inteiro”, reclama.
A fila formada por causa do sinal é tão grande que muitos motoristas que não estão habituados à situação acabam sendo pegos de surpresa. “Pensei que a pista tivesse sido interrompida por algum acidente, ou que tivesse dado alguma batida lá na frente”, diz o veterinário Marco Antônio.
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A justificativa da prefeitura para a instalação do sinaleiro neste ponto específico é a demanda dos pedestres que circulam na região. De acordo com a administração municipal, o semáforo foi colocado para dar mais segurança para quem precisa cruzar a rodovia. Para facilitar o tráfego, a prefeitura informou, por meio de nota, que agentes da Setran têm auxiliado nas questões de desvios e programação semafórica específica de obras no trecho.
Transtornos adicionais
No entanto, o semáforo não é a única causa dos transtornos do trânsito na Linha Verde. A própria obra na rodovia é um fator que já complica o tráfego por ali há quase dois anos. Na mesma quadra do sinal, por exemplo, estão sendo feitas escavações para a construção do novo viaduto entre o Bacacheri e o Bairro Alto.
Essa nova estrutura, em conjunto com o viaduto na Rua Gustavo Ratmann, fará parte de um binário que vai interligar as margens da rodovia. A promessa da prefeitura é que a entrega dessa obra deve solucionar o problema de trânsito na região — o que está programado para acontecer somente na segunda metade de 2018.
Só que, para especialista em trânsito e mobilidade urbana, e também professor dos cursos de Engenharia da Universidade Positivo (UP), Glavio Leal Paura, a construção de mais uma trincheira não representa a solução do problema. Segundo ele, a medida é apenas paliativa, minimizando o tráfego. “Quando a Linha Verde foi concebida, o projeto era realmente promissor, porém, quando implantada – quase dez anos depois – não mais”, diz. “Outro viaduto seria uma maneira de minimizar, e não resolver o problema de mobilidade na região”.