O “sequestro-remoto”, uma nova modalidade de crime, tem preocupado muito a polícia em Curitiba e região metropolitana. Pelo menos cinco casos foram registrados desde o início do ano, sendo que o último deles foi solucionado na madrugada desta quarta-feira (6) pelo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (T.I.G.R.E), grupo de elite da Polícia Civil especializado em sequestros. O crime não deixou vítimas, mas causou prejuízos psicológicos e financeiros aos envolvidos.
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Neste tipo de situação, os criminosos utilizam informações dadas pela própria vítima para enganá-la e fazê-la acreditar que um familiar está mantido em cárcere privado. O que o caracteriza como “sequestro-remoto” é a condução e manutenção da vítima a uma prisão psicológica e também o fato de que os criminosos conseguirem isolá-la em hotéis ou até em espaços públicos. As táticas de oratória conseguem provocar tensão e sufocamento.
Enganadas para acreditar que estão sendo vigiadas, as vítimas fornecem informações pessoais e até contatos de outros familiares, dando mais subsídios para os criminosos costurarem a história do sequestro e tentar concretizar a extorsão.
“É um tipo de crime que está ficando comum. Por definição, o sequestro é quando a vítima fica mantida em cárcere privado. Neste caso, embora não estejam com os bandidos, as pessoas sofrem com a pressão e as ameaças via telefone e são forçadas a permanecer onde estão ou se hospedarem em hotéis, cortando contato com o resto do mundo, caracterizando o cárcere”, explicou Cristiano Quintas, delegado do TIGRE.
Foi exatamente o que aconteceu com uma estudante universitária de Curitiba nesta terça-feira (05). Após receber uma ligação de origem desconhecida durante a tarde, ela foi informada de que os criminosos estariam com sua mãe. De início ela duvidou, mas ao não encontrar a mãe em casa e não conseguir contato algum com ela, caiu no golpe da quadrilha.
A polícia acredita que ela mesma, pelo nervosismo, forneceu informações pessoais, como seu nome completo e até telefone do marido. Foi aí que o golpe se concretizou.
Os criminosos telefonaram para o marido e disseram que sua esposa era quem estava sequestrada, criando uma rede de mentiras bem fundamentadas e que tornaram a situação ainda mais perigosa. “Assim que recebeu a ligação dos bandidos, o marido ligou para a esposa, que falou do suposto sequestro da mãe. Ele tentou retornar outros contatos com ela, mas não conseguiu e também caiu na conversa dos bandidos”.
O marido procurou então a polícia, que passou a auxiliar nas negociações e a tentar solucionar o caso. “Pela nossa experiência, percebemos que poderia ser um caso de sequestro-remoto. Como já tínhamos um caso parecido no início do ano, passamos a procurar a vítima em alguns hotéis de Curitiba”, contou Quintas. As suspeitas da polícia tinham fundamento.
A estudante foi orientada pelos suspeitos – já sabe-se que a ligação veio de fora do Paraná, provavelmente de criminosos de presídios – a se hospedar em um hotel e não falar com ninguém.
Quando o TIGRE conseguiu localizá-la, a estudante custou a acreditar que os policiais eram mesmo policiais, tamanho seu abalo. “Ela estava muito abalada e não acreditou que tinha caído num golpe. Só quando ligamos para a mãe dela, ela se acalmou”, contou o delegado. Por azar, a vítima já tinha feito um grande depósito em dinheiro como “resgate” ao suposto sequestro da mãe na conta fornecida pelos bandidos. O caso foi solucionado por volta das 3h.
Fique atento
Agora os policiais vão tentar rastrear a conta bancária usada pelos criminosos para receber o depósito da vítima, mas normalmente as contas são abertas com documentos falsos. “Mesmo assim vamos investigar e tentar descobrir ao certo de onde vieram as ligações e qual é o destino do dinheiro”, afirmou Quintas.
Casos semelhantes foram registados em Curitiba, Pinhais e São José dos Pinhais desde o início do ano.
Como orientação principal o delegado do TIGRE pede que as vítimas destas tentativas de extorsão mantenham a calma, não paguem nenhum tipo de resgate e procurem imediatamente a polícia, mesmo que os criminosos proíbam este tipo de contato.
“Reforçamos, porém, que não sejam feitos transferências e depósitos para os criminosos. Esse dinheiro capitaliza as quadrilhas, possibilitando a compra de mais créditos de celular e até a contratação de criminosos soltos para dar mais veracidade e perigo às ações”, explicou Cristiano Quintas, que sugeriu à população a procurar imediatamente a sede do TIGRE ou mesmo entrar em contato com a polícia militar pelo telefone 190.
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