A funcionária da Companhia Paranaense de Energia (Copel) presa terça-feira (4) pela Polícia Civil alegou ter pouco tempo de vida para justificar o desvio de R$ 550 mil da estatal, gastos em apenas 20 dias. Nesse período, a servidora pública adquiriu um carro de luxo zero km, móveis, eletrodomésticos e produtos de beleza, além de ter quitado o pagamento de um terreno em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, e iniciar a construção de um sobrado no mesmo espaço.
Foi um necessário um caminhão de mudanças para apreender todas as mercadorias compradas com dinheiro desviado na casa da detida, de 33 anos de idade.
De acordo com o delegado Gustavo Mendes de Brito, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), a mulher, que não teve o nome divulgado pela polícia, relatou em depoimento ter recebido diagnóstico de câncer, mais especificamente leucemia, em março. No depoimento, a servidora disse que teria apenas mais um ano de vida e que, por isso, usou dinheiro da Copel para pagar boletos particulares. O objetivo era após a morte deixar a família, em especial a mãe, que vive acamada após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em condições melhores. “Tudo ainda está na base do relato. Ela dizia que se fosse descoberta pela polícia já estaria morta. Mas a defesa dela não apresentou ainda nenhum documento médico comprovando a doença”, aponta o delegado.
O suposto quadro de saúde da funcionária pública era desconhecido pela maioria das pessoas que conviviam com ela. No trabalho, segundo o delegado, ninguém sabia. O marido dela, ao ser ouvido pela polícia, alegou que só foi informado da doença no último domingo (2). Ele também teria dito que não sabia dos crimes da esposa. “Segundo o marido, a mulher dizia que comprava coisas em lote de leilão ou parceladas. O carro seria de um consórcio que ela estaria pagando, mas ele desconhecia o valor da parcela”, assinala o delegado.
Faturas batiam
Concursada há 14 anos da Copel, a servidora atuava na área de pagamentos da companhia e tinha um salário de cerca de R$ 3,8 mil. Era considerada pelos colegas como funcionária exemplar e requisitada para outras áreas internas.
Segundo o delegado do Nurce, ela teria aproveitado da confiança que tinha no trabalho para inserir códigos de barra e valores diferentes em faturas a serem pagas pela Copel. Os pagamentos passavam a ser feitos para compras particulares, como a quitação de um terreno, no valor de R$ 94 mil, a compra de um carro de R$ 128 mil e a antecipação da construção de um sobrado, de R$ 268 mil. A obra, que começou na semana passada, foi suspensa por determinação da Justiça a pedido da Polícia Civil.
Apesar disso, os valores gastos batiam com os das faturas que costumam ser pagas pela companhia. O caso foi descoberto pela Copel cerca de um mês depois dos desvios. “Essa funcionária entrou em contato com uma empresa de emissão de boletos para emitir um em que ela fosse a beneficiária e a Copel a pagadora, como se tivesse prestado uma consultoria. Mas essa empresa, por segurança, descobriu que a consultoria havia sido prestada por uma funcionária da própria companhia e avisou a Copel”, explica o delegado. Foi assim que a Copel foi notificada sobre a situação e levou o caso para a investigação da polícia.
A servidora vai responder pelos crimes de peculato e falsificação de documentos públicos e privados. Conforme o delegado do caso, após a prisão, ela não teria demonstrado arrependimento no depoimento. “Vemos casos dos mais variados nessa área e sempre há uma novidade. Nesse, a forma como ela agia e a motivação acabou sendo uma novidade para gente”, avalia.
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