O novo binário, nas ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha, instalado na última terça-feira (28), reduziu pela metade o tempo de viagem de quem se desloca entre o Centro e o bairro Abranches. Mas, apesar da maior facilidade no tráfego das duas vias, problemas aparecem com o novo uso das ruas. Sinalização, obras, confusão dos motoristas e problemas nas ruas transversais são as principais reclamações dos motoristas que usam as ruas. A reportagem da Gazeta do Povo acompanhou o horário de rush desta segunda-feira (4) no binário, e alguns problemas foram recorrentes.
Sinalização
Os agentes da Setran, que estão em praticamente todas as esquinas das duas vias, orientam motoristas e apontam as formas corretas de utilização do binário. Há blocos, cones e aparatos de sinalização provisória espalhados por toda a extensão das ruas. Ainda assim, não são poucos os veículos que entram na contramão, ou que só descobrem que as ruas têm sentido único quando estão para usá-las. Alguns agentes, que pediram para não serem identificados, apontaram esse como o problema de maior incidência nas duas vias.
A falta de sinalização definitiva contribuí para a confusão. A maior parte da sinalização horizontal, aquela que fica no chão como as faixas, está instalada. Em alguns pontos, como na esquina da Nilo Peçanha com a Carlos Pioli e em frente ao Cemitério Municipal, a pintura ainda aguarda o fim de algumas obras ou está sendo feita.
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Praticamente toda a sinalização vertical, no entanto, está por fazer. Salvo algumas faixas, penduradas no começo do sentido de circulação, não há indicação em placas que as ruas tenham mudado de sentido, o que contribui para a confusão dos motoristas. A professora de inglês Silvia Zolin acredita que ainda falta acabar as obras para que o binário se torne ainda melhor. “Ainda está faltando placa, sinal, faixa, tá faltando acabar mesmo. Eu entrei na contramão aqui semana passada, porque não sabia para onde ir”, relatou, em referência a esquina da Carlos Pioli com a Nilo Peçanha, local em que o cruzamento ‘torto’ faz com que as vias dos dois lados da esquina sejam coincidentes. No local, há sinalização horizontal, mas não há qualquer placa demonstrando o caminho a ser seguido pelos motoristas.
Confusão
A adaptação ao novo esquema de trânsito das vias que compõem o binário é a principal preocupação para os motoristas. Como ainda não se criou o hábito da utilização em sentido único, muitos acabam entrando na contramão, procurando fazer retornos em calçadas de casas e lojas ou mesmo dando voltas entre as ruas que circundam o binário, buscando se adequar ao caminho. Foi o caso do engenheiro José Sérgio Santoro, que adotou o caminho após saber que se transformaria em sentido único. Ele acabou perdido entre as ruas Lysimaco Ferreira da Costa e Henrique Itiberê da Cunha, e acabou dando voltas porque não achava uma forma de voltar à Mateus Leme.
Santoro acredita que é preciso mais instrução do poder público e mais sinalização, também no entorno, para facilitar os caminhos de quem utiliza as ruas. “Claro que vai existir confusão, até porque saindo do binário não tem placa nenhuma dizendo que mudou algo. Acho que falta um cuidado para as pessoas não se perderem mais em volta”.
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Obras
Alguns trechos ainda estão em obras de finalização. Em frente ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, por exemplo, quem trafega pela João Manoel antes tinha a opção de entrar na Nilo Peçanha sentido Abranches. Com a mudança de sentido, a via só dá acesso à Rua Benvindo Valente. Uma guia está sendo construída no local, para direcionar os veículos, mas como ainda não está pronta, muitos motoristas têm tentado acessar a rua após ter passado pelo ‘caminho’.
O comerciante Evandro Amadeo foi um dos que acabou confundido pelo novo arranjo da esquina. “Aqui é difícil, você já vem por uma rua em subida, então não vê muita coisa em frente. Só quando chega em cima é que se dá conta que estão construindo um caminho para a rua. Aí não tem mais o que fazer. Dar a volta leva muito tempo, então a turma está tentando cortar caminho pela contramão mesmo”, sentenciou.
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Outro trecho em obras é na Mateus Leme, no final do binário. Está previsto para o local um entroncamento em forma de triângulo, que deve direcionar os motoristas sobre a utilização do binário ou a sequência do tráfego pela Mateus Leme. No local, agentes da Setran orientam os motoristas, e cones de sinalização indicam a mudança de sentido. Mas não são raros os acúmulos de veículos tentando ir para a faixa de sequência do binário, ou sair dela. Amadeo acha que é preciso uma sinalização que antecipe a mudança, para que a confusão dos carros nos dois sentidos não acabe em acidentes. “Imagina quando estiver noite, sem sinalização, você não sabe ao certo para onde ir. Para dois se acharem nesse entroncamento não vai demorar muito”, prevê.
Transversais
Um problema recorrente em vias rápidas de Curitiba é a dificuldade de se cruzar, e até mesmo de se entrar nelas quando se vem das ruas transversais. Como o fluxo de veículos é intenso e praticamente ininterrupto, acessar as ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha tem se mostrado uma tarefa árdua. São comuns filas de carros nas esquinas e a disputa por espaços causa situações de risco. Durante a permanência da reportagem nas vias, ao menos três carros tentaram entrar nas ruas do binário, vindos das transversais, e acabaram ou bloqueando o caminho de carros que seguiam pelas ruas ou desistiram antes de entrar completamente na via, bloqueando parte do caminho.
Na tarde de segunda-feira, o vendedor Heitor Hamelak ficou por cerca de cinco minutos esperando para acessar o final da Nilo Peçanha, vindo da Rua Senador Xavier da Silva. Segundo ele, a maior velocidade na rua, aliada ao fluxo mais intenso de carros, deve dificultar ainda mais a tarefa de quem quer entrar no binário ou cruzar uma das ruas. “Você simplesmente não entra. Ou se mete no meio, e corre o risco de causar um acidente, ou tem que contar com a boa vontade de alguém que está vindo e te deixa entrar. Está muito difícil desde o dia que começou”, destacou.
Hamelak conta que circula pelo local todos os dias, e a dificuldade é a mesma vista pela reportagem na segunda. Para o vendedor, o problema é recorrente em todos os pontos do trajeto. “Não tem um lugar que você vá e que não seja assim. É só ver, tem filas em todas as esquinas. Vai ser complicado se não fizerem alguma coisa”, sentenciou.
O que diz a prefeitura
A superintendente de trânsito de Curitiba, Rosângela Batistella, afirma que algumas adaptações poderão ser feitas no binário a partir desta semana. De acordo com a Setran, estudos de comportamento dos usuários da via estão sendo conduzidos por engenheiros de tráfego do órgão, que devem resultar em adaptações, principalmente nas transversais. A expectativa é de que no fim desta semana, ou no começo da próxima, sejam anunciadas medidas e vias que sofrerão ajustes para melhorar o tráfego no binário Mateus Leme/Nilo Peçanha.
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