Zunido de sirene| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O Grupo Leblon, que administra a operação de ônibus do terminal de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, retirou ainda na noite de quinta-feira (10) as cinco sirenes que espantavam os cachorros do local.O aparelho emitia ondas sonoras em alta frequência, imperceptíveis ao ouvido humano, mas que causam grande transtorno aos cães.

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A medida estava sendo testada diante da dificuldade de espantar os animais. Segundo a empresa, eles ameaçam a segurança dos usuários do terminal. Agora, a empresa quer receber ONGs e defensores de animais para apresentar à prefeitura de Fazenda Rio Grande uma solução para a questão.

Em nota, o Grupo Leblon afirma que já recebeu ideias, principalmente da ONG DNA Animal. “A Leblon Transporte, diante da repercussão do caso, busca outras alternativas, inclusive entrando em contato com ONGs de proteção animal. No entanto, é importante lembrar que a questão é social e de saúde pública e que o terminal é administrado pela prefeitura de Fazenda Rio Grande”.

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Segundo o Grupo Leblon, a presença de cachorros na área de embarque e desembarque dos passageiros tem prejudicado o dia a dia do terminal. A empresa afirma também que os cachorros correm atrás das pessoas e já morderam dois passageiros idosos. Outro usuário teria escorregado nas fezes de um dos animais e caído.

“O problema é antigo e tem causado riscos à integridade física de passageiros e funcionários do sistema de transportes. Foram registrados diversos ataques dos cães aos usuários dos ônibus, inclusive a idosos, e aos trabalhadores e viaturas que passam pelo local. Os cães não são vacinados porque estão em estado de abandono. Assim, os ataques também representam riscos à saúde pública”, diz a nota.

Sirene de alta frequência instalada no terminal para espantar cachorros. 

Na quinta-feira (10), a prefeitura de Fazenda Rio Grande afirmou que desconhecia a realização de testes de qualquer origem para o afastamento de cães do terminal. A administração municipal ainda ressaltou que vem sofrendo com relação ao abandono de animais na divisa com Curitiba, principalmente no bairro Umbará.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a prefeitura e aguarda um posicionamento sobre o controle de natalidade de cães na cidade e a orientação para a população sobre a importância da posse responsável.

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Danos

A empresa afirma que os sons produzidos pela sirene não produzem danos aos cachorros, mas especialistas discordam. A médica veterinária Adriane Molardi Bainy afirma que o zunido pode ser muito prejudicial. “Pode afetar o tímpano se for muito alto. Em casos mais extremos pode gerar lesão física. Além do dano psicológico. É um barulho mecânico, logo é novo, que eles nunca ouviram enquanto filhotes. É o que gera o susto, a fobia. Eles associam o barulho a uma sensação muito ruim. Por isso se escondem”, explica.

Biany destaca também que o incômodo perene pode agravar problemas cardíacos e endócrinos, principalmente em cães mais velhos. “Obviamente tem um impacto. A audição dos cães é duas vezes mais sensível que a nossa. Nós escutamos sons na faixa de 15 a 20 mil hertz. Cães escutam de 10 a 40 mil. Eles ouvem qualquer som numa distância quatro vezes maior do que nós”, afirma a veterinária do HiperZoo.

Alexander Welker Biondo, professor da UFPR e especialista em zoonoses, afirma que esse tipo de ação não ataca a origem - o abandono do animal. “Se houvesse risco para a saúde publica, os representantes deveriam realmente estudar uma ação. Mas existem estudos internacionais que provam que os cães comunitários não têm doença, não transmitem doenças para os seres humanos”, afirma. “E tem mais. Eles são bons sentinelas de saúde, ajudam a monitorar a saúde dos seres humanos”.

De acordo com Biondo, que desenvolve uma tese de pós-doutorado na USP sobre a relação entre moradores e cães de rua, os animais são atraídos por conta da comida. “E não vemos, por exemplo, preocupação com limpeza, com educação, com o ambiente. Os cães comunitários são os menores problemas da saúde pública”. O professor também lembra que, em 2016, uma pesquisa realizada no Paraná apontou que a aprovação do acolhimento de animais de rua em terminais é de 75%.

Nota do Grupo Leblon

O Grupo Leblon Transporte de Passageiros retirou na noite desta quinta-feira, 10 de agosto, os equipamentos sonoros que foram instalados no terminal Fazenda Rio Grande.

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A medida foi apenas um teste para tentar afastar somente das plataformas e áreas de circulação dos ônibus, os cães abandonados que circulam pelo local.

O problema é antigo e tem causado riscos à integridade física de passageiros e funcionários do sistema de transportes. Foram registrados diversos ataques dos cães aos usuários dos ônibus , inclusive a idosos, e aos trabalhadores e viaturas que passam pelo local.

Os cães não são vacinados porque estão em estado de abandono. Assim, os ataques também representam riscos à saúde pública.

A medida foi uma tentativa de buscar solução para este quadro.

A Leblon Transporte, diante da repercussão do caso, busca outras alternativas, inclusive entrando em contato com ONGs de proteção animal. No entanto, é importante lembrar que a questão é social e de saúde pública e que o terminal é administrado pela prefeitura de Fazenda Rio Grande.

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Sobre o projeto-piloto e a situação em geral, a Leblon esclarece que:

- Durante o período de testes, desde segunda-feira, não foi registrado nenhum incidente. Houve apenas um incômodo no momento da instalação pelo volume do aparelho até que fosse ajustado no mesmo dia.

- O terminal é administrado pela prefeitura e não pela Leblon, que pelo contrato, é apenas operadora dos ônibus. Entretanto, a empresa tentou buscar uma alternativa emergencial.

- Não houve em hipótese nenhuma maltrato aos animais no terminal.

- A Leblon está preocupada com a segurança de passageiros, funcionários e dos animais e não ficou de braços cruzados. Por isso que fez esta tentativa como medida preventiva.

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- A empresa de ônibus está disposta a buscar outras soluções e espera maior envolvimento do poder público.

- Os aparelhos comprados são usados mundialmente, devidamente testados e liberados por agências internacionais de saúde, e não causam nenhum dano aos animais e seres humanos.

A Leblon agradece a compreensão dos passageiros.