Um parque geológico será criado no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC), na capital, em uma área de 16 hectares situada às margens da BR-277, próxima do Contorno Sul. Na prática, a cidade ganha um sítio arqueológico para ser explorado em estudos e pesquisas sobre a origem histórica da capital paranaense. A criação do Parque Paleontológico Formação Guabirotuba – Geossítio de Curitiba é uma parceria entre a prefeitura e a Universidade Federal do Paraná. O decreto foi assinado nesta segunda-feira.
O prefeito Rafael Greca anunciou que a área receberá infraestutura, para que os professores e pesquisadores desenvolvam seu trabalho no local, que também abrigará um parque aberto ao público e atividades culturais por meio do programa educacional Linha do Conhecimento, garantindo que crianças sejam incentivadas à pesquisa. Segundo a prefeitura, a assinatura do decreto ocorreu em comemoração aos 325 anos de emancipação de Curitiba.
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As crianças não avaliam o que estão assistindo agora: é o momento em que Curitiba descobre que no fundo da nossa terra está guardada a História antes da História”, disse o prefeito Rafael Greca ao site da administração municipal.
A proposta da criação do parque, uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), classificada no Sistema Nacional de Conservação, foi apresentada à prefeitura há cerca de 1,5 ano, quando os professores e pesquisadores da UFPR Fernando Sedor e Luiz Alberto Fernandes perceberam o risco de que a especulação imobiliária e a urbanização destruíssem o local. “Ali é uma zona residencial. Quando percebemos a importância da área e o impacto grande que poderia sofrer, decidimos apresentar a proposta”, contou Sedor, paleontólogo e coordenador científico do Museu de Ciências Naturais da UFPR.
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Com a assinatura do decreto, que destina a área para as finalidades propostas, o local será tombado pela prefeitura e, a partir de então, não pode mais sofrer alterações, como ocupações ou novas construções.
No terreno está o último remanescente da chamada Formação Guabirotuba, onde recentemente foram encontrados fósseis de vertebrados e invertebrados que permitem o estudo da evolução da fauna da América do Sul. Entre eles, ancestrais de tatus e preguiças e uma nova espécie (Proecoleophorus Carlinii) , cuja idade data do período Eoceno, a segunda época da era Cenozoica, compreendido entre 55 milhões de anos e 36 milhões de anos.
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Na América do Sul, só existem 20 lugares que podem revelar a história evolutiva dos mamíferos, pois possuem rochas com fósseis que remontam ao período após a extinção dos dinossauros. No Brasil, são quatro áreas. O sítio de Curitiba é uma delas – a segunda mais antiga do país (o primeiro fica em Itaboraí, no Rio de Janeiro), com mais de 66 milhões de anos.
Os professores da UFPR explicam que a criação do sítio vai valorizar e divulgar o patrimônio geológico e palentológico da cidade, ampliando os registros sobre a bacia sedimentar de Curitiba e estabelecendo técnicas de conservação que mantenham as exposições íntegras e acessíveis para usos científico e educativo.
Durante a cerimônia de assinatura, o professor Fernando Sedor ministrou palestra sobre a importância da criação do parque para 240 crianças da rede municipal de ensino.
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