Sônia se apaixonou pela profissão da mãe e passou a vida se aprofundando na prática e filosofia da Yoga| Foto: Arquivo da família
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Apesar de ter que dividir os holofotes do nascimento com uma irmã gêmea que veio ao mundo quinze minutos antes, Sônia Regina Marques Cury Muller não teve problemas em se colocar num papel de protagonista e líder da família. Filhas de Aniss e Theodolinda Cury, já chegaram naquele 23 de dezembro de 1953 com um marco: as primeiras gêmeas nascidas no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.

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Sônia passou a infância nas cercanias da Mariano Torres, na época chamada de rua do rio, onde frequentava o Passeio Público, a Praça do Expedicionário e o Círculo Militar. Aos dois anos perdeu um dos irmãos mais velhos, mas aos dez ganhou um presente inesperado, a irmã caçula Nice.

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Apesar de uma das brincadeiras favoritas ser a de professora, com a irmã gêmea servindo de auxiliar, optou pelo ensino regular ao invés do magistério. Mas o futuro em salas de aula se impôs naturalmente. Sempre acompanhando a mãe, uma das pioneiras no ensino de Yoga no Paraná na década de 70, Sônia se apaixonou pela profissão. O pai, Aniss, era auditor da Receita Federal e participava de CPIs pelo Brasil afora, como relator-chefe dos inquéritos.

As duas irmãs acompanhavam a mãe em suas reuniões e palestras com os mestres da prática e filosofia, como De Rose, quando estavam na cidade. Sônia começou como auxiliar nas aulas e alguns anos depois, após fazer o curso de formação no Rio de Janeiro,em 1982, se tornou professora. Buscou a formação clássica ao fazer a faculdade de Pedagogia na PUC-Paraná.

A união com o marido, Luiz Carlos Muller, foi como em um livro de romance. Apresentados pela prima de Sônia, foi paixão à primeira vista. Com o primeiro namorado que a família conheceu, casou-se aos 22 anos e juntos tiveram três filhas: Karla, Carolina e Luiza. Após a morte do marido, em 2007, seguiu firme na formação das três.

Sônia, à esquerda, com a irmã gêmea Sandra| Foto: Arquivo da família

Sônia sempre foi muito estudiosa e se aprimorava pessoal e profissionalmente por meio dos muitos curtos que fazia. Mas seu passatempo preferido era estar com os amigos. “Sempre foi muito comunicativa e sociável e queria estar com as pessoas. Sua casa estava sempre recebendo amigos, ela e o marido gostavam muito. Sônia sempre estava feliz. Contava mil histórias, liderava as reuniões familiares com sua alegria”, relata a irmã gêmea, Sandra Maria Marques Cury.

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Realizou-se como professora de Yoga nos clubes Círculo Militar e Clube Curitibano e na sala de Yoga da mãe até 2019, quando precisou parar em razão do tratamento de um câncer. Nos últimos anos estava se aprofundando cada vez mais na vida do sábio hindu Ramana Maharshi, sobre quem pretendia escrever um livro.

“Um exemplo lindo de coragem, determinação e pulso firme amoroso. Pude acompanhar a evolução da Sônia, não só como professora de Yoga, mas na sua busca pela espiritualidade. Não guardava roupas para ocasiões especiais. Sua filosofia é que era preciso viver agora”, conta a irmã.

Deixa três filhas, um neto e muitas alunas que a consideravam, além de mestre, uma amiga e terapeuta.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]