Já pensou em construir um barco sozinho porque queria uma embarcação maior para pescar? Foi exatamente o que fez o carpinteiro Sérgio Conrado Koller, de 64 anos. Contando com sua criatividade e força de vontade, o morador de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, demorou sete anos para montar um barco personalizado, pois queria mais conforto durante suas pescas. Próximo de ser finalizado, o barco deve ter o primeiro encontro com a água em 12 de outubro - data que marca exatos sete anos do início da construção.
Koller já trabalhou como caminhoneiro, marceneiro e carpinteiro ao longo da vida. Mesmo com tanta experiência, nunca havia construído um barco antes. A ideia surgiu quando notou que as pescarias estavam rendendo pouco devido ao tamanho de sua lancha. “Eu saía para pescar e até colocar o barco no mar já era tarde, muita perda de tempo. Eu queria um barco para ir sexta e voltar só domingo”, conta o carpinteiro.
Quando a ideia surgiu, Koller avisou a esposa, Leonor de Souza Koller, de 66 anos, que iria começar a construir um barco aos poucos, já que, se fosse esperar guardar dinheiro para isso, nunca o faria. No entanto, ela apontou uma prioridade: antes da embarcação, o marido teria de fazer um tratamento dentário. E assim ele fez. O carpinteiro postergou sua vontade e apenas em 2012, já com os dentes novos, começou a pesquisar instruções para construção de seu sonho.
Após muita pesquisa, em outubro de 2012, Koller começou a construção no barracão do terreno de casa, onde trabalha como carpinteiro. O endereço fica em frente ao tradicional Baile do Pato, que fechou as portas em julho deste ano.
O carpinteiro queria um barco para baía, não para alto mar, já que prefere pescar em águas mais calmas. A primeira parte a ser montada foi o casco. “Eu queria um casco reto por dentro, sem desníveis. Então, um amigo meu de Florianópolis me passou as medidas do casco dele e eu fui personalizando com o tamanho que eu queria”, conta.
No entanto, logo no início, ele já se deparou com a peça que mais lhe causou dificuldade. Como o casco possui a frente curvada, exigiu muita engenhosidade do carpinteiro. O maior esforço foi físico, já que tinha de puxar a superfície do material por baixo do casco e levantar rapidamente para parafusá-lo. “Como eu tenho deficiência na perna, essa foi a parte que mais me desgastou fisicamente”, conta.
O carpinteiro também colocou garrafas PET no interior da embarcação, nas partes laterais, para, segundo ele, aumentar a segurança da navegação. Dessa maneira, explica Koller, caso o barco bata em uma pedra, não irá afundar. “O meu barco une conforto e segurança”, garante o carpinteiro.
Todas as outras peças, foi Koller mesmo que construiu. “Tudo eu fiz aqui em casa, no meu barracão. As únicas coisas que comprei foram os acessórios como motor, torneira, timão, GPS”, destaca.
Durante o processo, errou ao elaborar algumas coisas, refez outras, e até se machucou. No sobe e desce, em uma escada atrás do barco, Koller caiu de uma altura de quase dois metros e, por sorte, não quebrou nenhuma parte do corpo.
Gastos
Em uma conta rápida, ele diz que gastou cerca de R$ 60 mil na produção de seu sonho. Rápida, segundo ele, porque desistiu de anotar os investimentos que fez em sua obra quando o valor começou a assustar. “No começo, anotava tudo em um caderninho. Mas o valor começou a assustar e decidi parar”, brinca o carpinteiro.
Segundo Koller, barcos como o dele, que cabem sete pessoas, custam em média R$ 20 mil a mais do que ele estima ter gastado, R$ 80 mil. O seu diferencial é o espaço interno. Além da pia, com fogareiro e espaço para suprimentos, o barco possui dois beliches para quatro pessoas. Mas, o orgulho do carpinteiro é o banheiro: a pessoa consegue entrar em pé. Normalmente, conta o carpinteiro, esse cômodo ser pequeno, quase sem espaço para se mexer - o que não ocorre no dele.
Finalização
Inicialmente, a ideia era terminar para o seu aniversário de 60 anos, em 2015. Como não foi possível por questões financeiras, Koller pretende finalizar o barco até dia 12 de outubro de 2019 - data que marcará os sete anos de trabalho na embarcação.
Para finalizar a construção, falta apenas uma pintura externa e alterar a bomba de gasolina do motor. A documentação para navegação está quase completa e aguarda apenas a confirmação do nome, uma homenagem a sua mãe. “Quero dar o nome de Dona Bega, mas como precisamos confirmar se esse nome já não existe, vai ser o toque final do barco”, explica Koller.
Além da autorização para navegação, Koller já garantiu uma vaga na Marina de Morretes, onde o barco irá ficar quando estiver pronto para navegar.
Boas ações
Além da pesca, que foi o que motivou a construção do barco, Koller tem planos maiores para a embarcação. Ele tem vontade de fazer trabalho social nas comunidades que vivem em áreas próximas a rios. “Eu gostaria de levar brinquedos e roupas para as crianças que moram em locais mais isolados. Mas, além disso, levar voluntários que façam trabalho teatral com jovens”, conta Koller.
Para o carpinteiro, ações como essas fazem com que ele seja lembrado por coisas boas quando se for. “Costumo dizer que morremos duas vezes. Uma quando, de fato, vamos embora desse plano e outra quando seu nome é esquecido”, afirma.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Deixe sua opinião