Representantes da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito participaram da sessão da Câmara Municipal de Curitiba desta terça-feira (14) e apresentaram números sobre o trabalho de fiscalização de trânsito na cidade. Os técnicos da pasta responderam questionamentos sobre a presença de uma suposta “indústria da multa” na cidade, e mostraram que, apesar das mais de 2,6 mil autuações aplicadas, em média, por dia em 2022, ainda são poucos os motoristas que desrespeitam as leis.
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A superintendente de Trânsito da pasta, Rosangela Maria Battistella, fez uma longa apresentação na qual trouxe números sobre as multas aplicadas em Curitiba. Segundo ela, entre janeiro e maio de 2022 foram emitidos 396.164 autos de infração – destes, 159 mil pelos Guardas Municipais e os 237 mil restantes pelos equipamentos de fiscalização eletrônica.
Média de multas é alta, mas quantidade de veículos multados é pequena
A média é alta, mais de 2,6 mil multas por dia. A se manter nesse ritmo, Curitiba chegaria ao final do ano com mais de 960 mil autos de infração emitidos. O número é muito próximo ao registrado em 2016, o ano com mais multas desde 2014, segundo dados da Setran.
Porém, as mesmas estatísticas da secretaria mostram que, em maio, dos mais de 71 milhões de veículos que passaram por algum dos equipamentos de fiscalização eletrônica de Curitiba – nessa conta um carro pode aparecer mais de uma vez por passar por vários radares em seu trajeto – apenas 44,8 mil multas foram aplicadas. Na prática, isso representa um índice de infração de apenas 0,06%.
“Todos os nossos radares têm leitor automático de placas. Portanto, quaisquer veículos que passem pelos radares são detectados, estejam ou não em excesso de velocidade. Quer dizer, 99,94% dos curitibanos respeitam a sinalização de trânsito. Isso desbarata e cai por terra toda a questão dessa fake news de dizer que os radares estão fazendo uma ‘indústria da multa’ de Curitiba”, afirmou a superintendente.
Placas que sinalizam radares em Curitiba são "escandalosamente vistas"
Ela destacou também a disponibilidade, no site da superintendência, dos estudos que embasaram a instalação dos equipamentos controladores e redutores de velocidade em Curitiba. Além disso, Rosangela afirmou que a sinalização que identifica os radares nas ruas da cidade estão até maiores do que a lei determina.
“A Resolução 798/2020 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece uma sinalização mínima que deve ser feita em cada local de radar para que ele possa ser ligado. E sim, a Setran cumpre toda a sinalização que esta resolução indica. Na verdade, a Setran extrapola o que a resolução diz. Nós colocamos placas de dois metros por um metro, ou de três metros por um e meio, com a regulamentação da velocidade e a informação da fiscalização eletrônica. Em todas as vias onde há fiscalização eletrônica, há a existência dessas placas que eu, como engenheira de tráfego, diria que são escandalosamente vistas”, disse.
Vereador fala em indústria da multa e cita um único radar com 13 mil multas
O vereador Denian Couto (Podemos) foi um dos mais críticos à apresentação e afirmou “não serem naturais” os dados trazidos pela secretaria. Para ele, o Poder Público “nega a realidade que nós vemos nas ruas” e “trata o cidadão como se fosse tonto, bobo”. Ele reafirmou que há sim uma indústria da multa funcionando na cidade, e citou um único radar, nas imediações de um viaduto da Comendador Franco com a Linha Verde, que teria sido responsável por mais de 13 mil autuações.
“A indústria da multa é um fato. Não há de se comemorar que um único radar multe 13 mil pessoas. Isso é motivo de preocupação. Talvez, a ação efetiva naquele lugar seja outra, que não a instalação de um radar. Nós estamos falando de que números? Chegaremos ao final deste ano com a arrecadação de que tamanho? Não é possível que a gente esteja reunido aqui tratando tudo isso como algo natural, porque não é. Um milhão de multas em um único ano jamais será algo natural”, afirmou.
Superintendente de Trânsito chama motoristas multados de "irresponsáveis"
Mais cedo, Rosangela havia explicado que o radar em questão está instalado em uma marginal cuja velocidade máxima é limitada a 40 km/h desde sua implantação, em 2007. “Aqueles 13 mil que receberam infração, eu diria que são 13 mil irresponsáveis que passaram por uma via de 40 km/h, onde tem pedestres que circulam diuturnamente, porque nós temos ali um hospital, assim como residências. [Eles] poderiam a qualquer momento vir a matar pessoas. Sinceramente, não tenho pena. Mas se eles quiserem, podem entrar com recurso na Setran”, comentou.
Sobre a fala de Couto, a superintendente pediu desculpas ao vereador ao dizer que não há uma indústria da multa, e sim uma “indústria da infração” em Curitiba. “Eu acho que o senhor poderia divulgar isso para seus eleitores e para a população de Curitiba. Basta respeitar a sinalização e a pessoa não é autuada. Eu continuo dizendo, a indústria é do infrator e não da multa”, respondeu.
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