Os cerca de 500 moradores do condomínio residencial no bairro Água Verde, em Curitiba, onde na manhã desta terça-feira (27) um policial civil teve um surto psicótico, estão apreensivos com a possibilidade de enfrentar uma nova ocorrência. Essa foi a segunda vez em menos de um mês que investigador surtou, colocando em risco a segurança dos vizinhos.
A síndica Marisa Ferreira conta que o policial, que mora sozinho num apartamento no 13.º andar, atirou contra a própria perna há cerca de duas semanas. A ocorrência foi atendia pela polícia e ele respondia a procedimentos internos por causa desse incidente. A arma funcional do investigador, inclusive, já havia sido recolhida.
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O novo surto começou por volta das 7h. “Logo pela manhã as pessoas estavam me interfonando assustadas. Ele estava andando no corredor achando que estava sendo perseguido por alguém, pegou o extintor de incêndio e descarregou no elevador. Ele estava em pânico, surtado. Pedi que não saíssem dos seus apartamentos e chamei a polícia”, conta Marisa.
Ela diz que os moradores estão apreensivos, com medo que ocorra uma tragédia. “Quando ele está fora de surto é uma ótima pessoa, conversa comigo, me conta o drama dele. Disse que estava tentando o afastamento da polícia, mas que estava difícil. Agora quem não o conhece, fica assustado”, observa.
Após ter sido imobilizado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o investigador, que é lotado na delegacia de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, foi medicado e levado de ambulância até um hospital. A Polícia Civil informou apenas que o investigador segue internado, mas não se sabe qual a probabilidade de ele retornar para casa.
Olho mágico
Vizinha de porta do policial, a jornalista Solange Stecz conta que acordou por volta das 6h da manhã com gritos e barulhos e viu pelo olho mágico da porta o vizinho andando pelo hall do andar descarregando a carga do extintor de incêndio. Com medo, ela nem saiu do apartamento e acompanhou as negociações da polícia para que ele se entregasse.
“Aparentemente ele é uma pessoa cordial, educada. O medo da gente é que ele tem acesso a arma, o que representa um perigo. Esperamos que ele seja tratado, que a situação se estabilize e que isso não volte a acontecer”, diz Solange.
O prédio possui 10 apartamentos por andar. Solange mora com o filho no apartamento bem ao lado do que reside o investigador. “A sensação é muito ruim. Por um lado, a gente pensa no ser humano submetido a essa tensão. Acordei às 6 da manhã com os gritos dele. Foi assustador. Ficamos “ilhados” no apartamento o dia inteiro, pois não sabíamos se ele tinha arma”, conta.
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Após o Bope ter detido o policial e fazer uma revista no apartamento dele, nenhuma arma foi encontrada no local. Segundo um delegado que acompanhou as investigações, o policial tinha armas particulares, mas parece que elas tinham sido vendidas e não estavam mais em poder dele. “Se ele atirou contra si próprio, pode muito bem atirar contra um morador. A gente sabe que é um problema psicológico, mas é preciso tomar alguma medida”, afirma Marisa.
A família do investigador, que é de outro estado, deve chegar a Curitiba nos próximos dias. De acordo com a síndica, que conversou com a mãe do policial, ela deve estar na capital nesta quarta-feira (28).
Segundo a Polícia Civil, o investigador responde a uma investigação preliminar, um processo disciplinar e uma comissão de sindicância de estágio probatório. Sobre o episódio desta terça-feira, será analisada eventual prática de crime pela Corregedoria da Polícia Civil.
A Corregedoria também está formalizando o ato de suspensão das atividades policiais do investigador por 90 dias até a apuração do caso.
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