A vigília de Lula em Curitiba completa cinco meses sábado (8) em um clima mais tranquilo de quando o ex-presidente foi preso em 7 de abril. Grande parte das confusões entre os apoiadores do petista com moradores do bairro Santa Cândida e mesmo com grupos contrários teve uma trégua a partir de julho, quando os militantes de esquerda alugaram um terreno em frente à Polícia Federal (PF). Mesmo no terreno privado, porém, ainda há quem reclame do barulho da militância - especialmente nos fins de semana.
O incômodo é relatado por quem mora muito próximo ao terreno alugado pelos apoiadores, na esquina das ruas Sandália Monzon e Engenheiro Paulo Brandão. “Eles respeitam os horários durante a semana, mas sexta, sábado e domingo vem muita gente visitar. Aí eles gritam muito, fica insuportável. Tem fim de semana que eles parecem passar o dia inteiro batucando”, conta Giovana Amaral, de 37 anos, que mora logo em frente ao espaço. De acordo com a vigília, porém, como o terreno é particular, há o direito de livre expressão dentro dele - o que estaria sendo feito conforme regras estipuladas em audiência de conciliação em julho.
Na opinião de Giovana, a situação se agrava por causa de sua posição política contrária ao ex-presidente. “Eles encaram a gente porque sabem que eu não apoio. Se eu coloco músicas do candidato em quem vou votar, para eles é ruim”, explica a moradora.
- Leia mais - Incêndio no Museu Nacional torna múmia egípcia de Curitiba ainda mais rara
Quem está a alguns metros a mais de distância, no entanto, viu todas as confusões chegarem ao fim nas últimas semanas. “Agora está um clima pacífico. Eles fazem o que tem que fazer e logo ficam em silêncio”, explica a empresária Claudia Santos, 45 anos, que mora na rua da vigília. A opinião é compartilhada pelo segurança Eduardo da Fonseca, 32 anos, que teve a rotina normalizada assim que os militantes alugaram o terreno. Ele mora a algumas quadras do local e se incomodava muito quando as ruas do entorno estavam ocupadas.
O aluguel do terreno que pacificou grande parte da situação saiu em 16 de julho - um dia após a Justiça autorizar o uso de força policial para retirar as barracas dos simpatizantes de Lula do entorno da PF. Com a determinação, houve também uma audiência de conciliação no Tribunal de Justiça do Paraná, em que foram estabelecidos termos de convivência entre os moradores do entorno da Polícia Federal e movimentos que participam da vigília.
Para os integrantes da vigília, os problemas estão solucionados desde a mudança da rua para o terreno e a liderança do grupo afirma que os confrontos com moradores não voltaram a acontecer. Os apoiadores de Lula também garantem que estão seguindo todas as exigências da conciliação - tanto que não receberam nenhuma notificação desde a retirada das barracas das ruas. Segundo a prefeitura de Curitiba, um oficial de Justiça chegou a ir ao local e não constatou irregularidades.
Centro Marielle Franco
Além do terreno na esquina da PF, o grupo também está em outros imóveis do bairro: segue no Acampamento Marisa Letícia e alugou uma casa, que agora abriga o Centro de Formação e Cultura Marielle Franco, inaugurado terça-feira (4), em homenagem à vereadora carioca, militante dos direitos humanos, assassinada em março .
O centro tem o objetivo de trazer exposições artísticas, cultivar uma horta e cozinha comunitária, além de contar com um espaço para formações e exibições de filmes para até 150 pessoas. A verba e esforços para a reforma do local vieram de doações e trabalho voluntário.