| Foto: Claudia Parellada/Arquivo Pessoal

Duas riquezas arqueológicas de épocas distintas foram encontradas em uma caverna em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), no início de outubro. Além da descoberta de objetos que devem datar do fim do século XIX ou início do XX, uma equipe de arqueologistas encontrou também pinturas rupestres nas paredes da rocha, que podem ter sido feitas de 3 mil a 10 mil anos atrás. O problema é que, segundo Claudia Parellada, arqueóloga do Museu Paranaense e uma das responsáveis pelo achado, o local já tem indícios de pichações e interferência humana.

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O sítio arqueológico fica dentro de uma unidade de conservação ambiental de Piraquara, e está nas imediações da Serra do Mar, a 1057 metros de altitude. A arqueóloga explica que a localização exata, porém, ainda não pode ser divulgada, já que podem ocorrer novos atos de vandalismo enquanto a caverna não é fichada pelo Museu Paranaense.

De acordo com Claudia, entre os itens encontrados na caverna há ponteiras de aço, pedaços de botas, vidros e cacos de louça. “Ao que tudo indica, esses materiais devem ter pertencido a trabalhadores que investigavam meios de construir o primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba, que fica em Piraquara e foi concluído em 1908”, explica a pesquisadora. Outra hipótese da arqueóloga é de que os trabalhadores estariam fazendo prospecções para fazer a construção de linhas ferroviárias na região.

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Outro achado desse período foram vários vidros próprios para carregar remédios, o que indicaria, de acordo com a especialista, as más condições de trabalho dessas pessoas: “provavelmente eles faziam atividades muito pesadas, os vidrinhos indicam que eles devem ter sofrido um bocado”, analisa.

As pinturas rupestres, enquanto isso, foram encontradas depois dos especialistas lançarem um olhar muito atento às paredes da gruta. Segundo ela, as pinturas não estão muito evidentes, e é preciso muita experiência para identificá-las . Por sorte, os vândalos que chegaram ao local acabaram pichando uma parte da caverna em que não havia nenhum registro. Segundo a arqueóloga, essas pinturas devem ter sido feitas para demarcação de território ou para demonstrar mitos de origem dos povos. “Outras pinturas similares que encontramos na região de Piraquara têm cerca de três mil anos de existência. Mas também podem ser mais antigas, de 10 mil anos atrás, como as encontradas em algumas regiões do interior do Paraná

Ela acrescenta, ainda, que não é comum que sejam encontradas grutas de granito com registros tão antigos, já que esse tipo de pedra não é suscetível à formação de cavernas.

 
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Descoberta

A descoberta começou com a ajuda de Claudemir Moreira, morador da região que encontrou o local dos achados. Logo depois de perceber que alguns objetos poderiam ter valor histórico, Moreira entrou em contato com autoridades, que encaminharam a situação para os jornalistas da É-Paraná, rede de comunicação do governo do Paraná . Em seguida, os jornalistas chamaram uma equipe de arqueólogos, que foi até o local para avaliar os achados.

Para encontrar o ponto exato da gruta, o grupo teve de subir uma trilha íngreme por cerca de uma hora, além de precisar de um GPS muito sensível, já que celular e GPS comuns não funcionam na área. O esforço foi compensado com os itens encontrados: “Todas essas descobertas nos ajudam a entender a história do estado, tanto de milhares de anos atrás como desse período colonial”, afirmou Claudia.

Colaborou: Cecília Tümler