Curitiba deve continuar a ter transtornos com os impactos gerados pelos protestos dos caminhoneiros nesta quinta-feira (24). Desde que a manifestação contra o aumento no preço dos combustíveis começou, na segunda-feira (21), a capital já sofreu com filas nas bombas dos postos, correu risco de ter a frota de ônibus do transporte público reduzida pela metade, viu os produtos dobrarem de preço nos mercados, teve feiras canceladas por falta de verduras e viu o prefeito Rafael Grega (PMN) pedir intervenção policial na Linha Verde.
Apesar da Petrobras ter anunciado, na noite de quarta, uma redução de 10% no preço do diesel pelos próximos 15 dias, ainda não há informações se os caminhoneiros irão manter a greve. Isso porque a redução anunciada representa diminuição de R$ 0,23 no litro do diesel nas refinarias, enquanto a Associação dos Caminhoneiros (Abcam), pede uma queda entre R$ 0,40 e R$ 0,60. De qualquer forma, mesmo que a greve seja interrompida, ainda deve levar um bom tempo até que todos os serviços prejudicados sejam reestabelecidos. Por isso, é melhor se preparar para uma quinta-feira complicada em Curitiba.
Confira a lista de possíveis problemas:
Supermercados defasados
O morador de Curitiba começou a sentir já nesta quarta-feira o aumento de preços de produtos nos supermercados - muitos deles, inclusive, começaram a desaparecer das prateleiras. O preço da batata, por exemplo, praticamente dobrou desde o início da semana e a previsão é que mais alimentos acompanhem essa alta caso os protestos continuem.
Paralisação de ônibus
Já em relação à paralisação dos ônibus, a Urbs chegou a anunciar a redução da frota em até 50% por causa da falta de combustível, mas, poucas horas depois, o prefeito Rafael Greca (PMN) voltou atrás, dizendo que não haverá mudanças no transporte por enquanto. Mesmo assim, caso o abastecimento de diesel nas garagens das empresas de ônibus continue prejudicado, a frota pode sim ser reduzida,causando superlotação em todo o sistema.
Aplicativos de transporte
Para quem não conseguir pegar o transporte público, uma alternativa pode ser usar os aplicativos de transporte individual que rodam na cidade - como Cabify, Uber e 99 e outros. Mas também ainda não se sabe quantos motoristas estarão operando, devido à falta de combustíveis. Na noite desta quarta-feira, a Uber chegou a rodar com valor acima do normal, por causa da alta demanda, além do tempo de espera estar alto. Mesmo assim, uma das empresas - a 99 - anunciou que fará corridas grátis nesta quinta-feira.
Falta de combustíveis
Sobre a possível falta de combustível para abastecer os veículos na capital, desde quarta-feira alguns postos de Curitiba já estavam com as bombas vazias. Em alguns deles, havia filas de carros que seguiram sendo formadas até o início da noite. Situação semelhante ocorreu na Região Metropolitana. Como os caminhões-tanque não chegavam aos postos de combustível de cidades como Itaperuçu e Rio Branco do Sul, os motoristas encontraram uma enorme dificuldade de abastecer seus veículos, com filas de até meia hora em vários estabelecimentos da capital. Para Sidney Alves Cordeiro, coordenador de um posto no Cabral, “se a greve continuar não tem o que fazer, vai faltar combustível”.
Feiras canceladas
Um dos reflexos da falta de abastecimento da Ceasa de Curitiba, que depende de caminhões para receber frutas, verduras e hortaliças, foi o cancelamento do programa Nossa Feira. Duas feiras do programa, nos bairros Barreirinha e Campina do Siqueira, não funcionaram nesta quarta, e na quinta estarão fechados os pontos de feira no Pilarzinho e no Lindoia. Já os Sacolões da Família ainda funcionam normalmente. Mas a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAA), afirma que também poderá ocorrer desabastecimento das 15 unidades, que já tem faltas pontuais de aipim, beterraba e goiaba, por exemplo.
Ambulâncias
Pelo menos no setor de atendimento emergencial à saúde, os moradores de Curitiba podem ficar tranquilos. Ao menos é o que garante a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que afirmou que ainda não há previsão de problemas com o abastecimento da frota da cidade - isto é, todos os veículos continuarão operando normalmente nesta quinta.
Já sobre o planejamento para uma escala de ambulâncias para situações como falta de combustível, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma que o plano é de responsabilidade de cada município, mas que, caso haja necessidade, o estado pode tomar partido para organizar um esquema geral.
Universidade sem aula
Por causa dos reflexos da manifestação, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) suspendeu as aulas já a partir do período noturno desta quarta-feira. Em comunicado publicado no site da instituição, a UEPG informou que a decisão se estende para todas as atividades acadêmicas da instituição, até o fim dos protestos. A medida foi tomada para resguardar a segurança da comunidade universitária.
Em Curitiba, a Universidade Positivo informou que as aulas estão mantidas e ocorrem normalmente nesta quinta-feira.
A reportagem não conseguiu contato com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e com a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Caso haja redução dos veículos do transporte público, é provável que o dia letivo seja alterado. Os sites das duas instituições não apresentavam nenhum comunicado sobre suspensão de aulas, por isso devem ocorrer normalmente.
De olho nos aeroportos
Ainda na terça-feira (22), a Inframerica, administradora do aeroporto de Brasília, informou que os caminhões com combustíveis para os aviões “enfrentam dificuldades para chegar ao aeroporto e que passageiros devem buscar as companhias aéreas para ter mais informações”. Com a continuidade da paralisação, é provável que esse problema chegue em breve a outros aeroportos - inclusive o de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Procurada pela reportagem na quarta-feira, a Infraero não chegou a se posicionar sobre essa questão no Aeroporto Afonso Pena, mas é válido ficar de olho na lista de voos atrasados e cancelados do local antes de seguir para viajar.
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