Para montar uma carreta de trio elétrico, o valor pode chegar a até cerca de R$ 5 milhões.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Para fazer um bom Carnaval de rua, uma das melhores alternativas é ter um trio elétrico de respeito. No Litoral do Paraná, por exemplo, em 2019 são cinco caminhões de grande porte cumprindo o papel de levar música aos ouvidos da multidão durante o feriado. E apesar de Curitiba não ser exatamente conhecida pelo tamanho de seu carnaval, é da capital que saem boa parte desses trios que animam não só as praias do estado, como também outras regiões do Brasil.

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“Curitiba é um dos polos de aluguel de trios elétricos. É um fenômeno que não tem muita explicação, mas temos mais ou menos a mesma quantidade de veículos que São Paulo, por exemplo, que é uma cidade bem maior”, explica Edson Borrin, de 51 anos, proprietário do trio chamado de Avassalador. O veículo de Edson é um dos que estarão agitando Matinhos nos próximos dias, mas antes estava em São Paulo, onde foi o responsável por guiar um dos blocos da cidade. 

Para que essa estrutura chegue à folia, porém, é preciso muito planejamento e investimento: para montar uma carreta, o proprietário pode chegar a gastar até cerca de R$ 5 milhões, dependendo dos equipamentos de som e outros recursos instalados. Além disso, no caso do Avassalador, quando está na estrada o veículo tem 24 metros e comprimento e 3,20 de largura - mas quando chega para a folia, toda a parte de caixas de som é expandida, e o caminhão chega a ficar com 6 metros de largura. Com toda esse tamanho, o veículo acaba ficando também muito pesado, chegando a marcar 45 toneladas. 

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Juntos, tamanho e peso são alguns dos fatores que tornam complicado fazer o trio percorrer grandes distâncias, o que faz com que a preferência dos proprietários seja por eventos próximos de onde o caminhão fica estacionado. “A lei determina que esse tipo de veículo pode andar numa velocidade máxima de 60 km/h em estradas de pista dupla, e de 50 km/h em pista simples”, conta Borrin. De acordo com ele, isso faz com que uma viagem de Curitiba a São Paulo, que costuma levar 6 horas, leve por volta de 12 com o caminhão. 

 Backstage 

Quem está do lado de fora do trio, curtindo a festa, muitas vezes nem imagina como é o caminhão por dentro. O Avassalador, por exemplo, tem um camarim com isolamento acústico, ar condicionado, geladeira e televisão, além de dois banheiros e chuveiro. Já na parte superior do veículo, está o palco com duas mesas de som,e um espaço que chega a acomodar até 100 pessoas. “Normalmente em shows de bandas fica mais vazio, mas quando tem bloco o pessoal coloca muita gente aqui em cima”, diz o proprietário do caminhão. 

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Mas essas características internas e de estrutura do veículo, acrescenta Borrin, variam muito de trio para trio. Há alguns caminhões, por exemplo, que se especializaram em atender protestos Brasil afora. “Com a onda de manifestações dos últimos anos, alguns dos meus colegas se especializaram neste nicho. Eu acabei ficando mais no entretenimento”, conta Borrin. No caso de trios para protestos, as estruturas não têm adornos de conotação musical, como é o caso do Avassalador. 

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Já no caso dos trios que circulam em blocos de Carnaval e recebem shows de artistas diversos, também é preciso ter uma equipe de músicos e bailarinos para oferecer ao contratante. Além disso, sempre há uma equipe de segurança e que cuide da parte técnica do veículo. São em média 20 seguranças que formam um cordão de proteção impedindo os foliões de entrarem no veículo ou o danificarem. Mas para poder contratar toda essa estrutura, é preciso investir: o aluguel do serviços do trio elétrico custa a partir de R$ 18 mil, e em datas como o Carnaval o custo pode chegar a R$ 50 mil.

Edson Borrin, de 51 anos, proprietário do trio chamado de Avassalador.