Vão entre a grade instalada e o ôniibus ainda permite a ação de fura-catracas.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Para impedir a entrada de fura-catracas nos ônibus biarticulados de Curitiba, a Urbs instalou grades de proteção em pelo menos três estações-tubo da cidade. Um exemplo é o tubo Holanda, da linha Santa Cândida/ Capão Raso, no Boa Vista, que tinha cerca de 60 invasões diárias por estudantes de um colégio da região - número que diminui em torno de 80% com a colocação da barreira, segundo a empresa. A medida, porém, não foi aprovada por todos os cobradores, que dizem que a grade pode estar até ajudando na hora da invasão.

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“Ainda fica um vão entre a grade e o ônibus, quando o carro para. Aí os fura-catracas usam a estrutura como apoio para subir e invadir a linha”, explica o cobrador Antonio*. Segundo ele, o número de invasões diminuiu muito, na realidade, porque os motoristas não estão mais abrindo as portas de desembarque nos horários de saída do colégio, obrigando os estudantes que furam a catraca a entrarem pela porta três.

Além do tubo Holanda, a estação Morretes, no Portão, e a Maria Aguiar Teixeira, no Capão da Imbuia, também ganharam as barreiras. Os três tubos ficam próximos de colégios estaduais e têm como principal público os alunos das instituições.

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Instalada no tubo HoIanda na metade do mês de novembro, a grade, além de dar uma ajudinha aos mal-intencionados, muitas vezes acaba enroscando na rampa de acesso ao biarticulado e nas portas dos veículos. “Os motoristas têm que parar no tubo com uma precisão muito grande, senão a plataforma não consegue abrir”, explica o cobrador Juliano*, que diariamente precisa sair de seu posto de trabalho para desenroscar a plataforma de acesso que ônibus que ficaram presos. “Às vezes é o próprio motorista que desce pra arrumar, o que causa atraso no trajeto”, conta Costa.

Julio estima que a cada 10 ônibus que param no tubo com a grade, três acabam ficando enroscados. Para o cobrador, isso indica que a medida não foi muito bem pensada. Além disso, inicialmente a barreira estava presa de uma forma improvisada, por arames de metal e cabos elétricos “Parecia uma gambiarra, não estava nada legal”, reclama Costa.

Na opinião do cobrador Pedro*, uma maneira de solucionar o problema dos fura-catracas seria instalando câmeras em todos os ônibus: “Assim a Guarda Municipal poderia monitorar e acompanhar onde estariam os fura-catracas, parar o ônibus e pegá-los no flagra”.

Apesar de o problema de invasões ser causado principalmente por estudantes, eles não são os únicos a praticar a infração “Às vezes tem gente engravatada e mulher com filhos furando também”, afirma.

A Urbs, enquanto isso, explica que as grades foram instaladas como medida de teste, e a continuidade das estruturas será analisada.

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Problema antigo

O problema de estudantes fura-catracas é antigo nos três tubos em que a grade foi instalada. O tubo Morretes, no Portão, chegou a ser alvo de uma operação da Guarda Municipal em agosto deste ano, quando 20 estudantes do Colégio Estadual Pedro Macedo foram detidos e levados para a Delegacia do Adolescente. Na ocasião, os pais dos alunos precisaram assinar um termo circunstanciado e a escola deu início a atividades de conscientização com os adolescentes. Ações de conscientização também foram desenvolvidas no Colégio Estadual Leôncio Correia, que chegou a distribuir panfletos para alertar para o problema - que ainda não foi resolvido.

Segundo o Sindicato Empresas Transporte Urbano Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). A cada mil passageiros que embarcam no transporte coletivo na capital, cinco não pagam a passagem. A estimativa do sindicato é que os fura-catracas geram um prejuízo anual de aproximadamente R$ 5 milhões ao sistema de transporte de passageiros da cidade — valor equivalente ao dos cinco veículos.

*Nomes fictícios. Os nomes verdadeiros foram substituídos para proteger os cobradores.

Colaborou: Cecília Tümler